Em busca de emprego, mulher usa faixa para resistir à pobreza em São Vicente

Mãe de 4 meninas, Roseane Costa Nunes está há um ano desempregada e pede uma chance para não morar na rua

Por: Paulo Santos  -  05/11/18  -  20:04
  Foto: Nirley Sena/ AT

Uma história de luta e coragem aguarda um final feliz em São Vicente. Em diversos pontos da cidade, a dona de casa Roseane Costa Nunes, de 30 anos, enfrenta, ao lado da família, uma batalha contra a pobreza, usando como armauma faixa pedindo ajuda para conseguir emprego.


Roseane está há um ano na estatística dos 13 milhões de desempregados do País. Ela veio de Belém (PA) para a Baixada Santista há quatro meses com suas quatro filhas e o marido, o vendedor de tapiocas Adriano González da Silva, de 48 anos.


Entre as experiências profissionais, a dona de casa já fez muita coisa: foi empregada doméstica, faxineira e garçonete. Ela parou de estudar no 6º ano do Ensino Fundamental, devido a agressões sofridas na infância pelo padastro, o que dificulta na hora de conseguir uma oportunidade de emprego com carteira assinada.


Enquanto a chance não vem, a família vive em um quarto alugado no bairro Jardim Rio Branco. O valor do imóvel é de R$ 500, mas o casal mal tem condições de bancar a moradia. "Se nós não pagarmos mês que vem, vamos ter que morar na rua", afirmou Roseane. O que ainda não aconteceu porque o marido conseguiu um empréstimo para quitar um aluguel.


E o auxílio de R$ 200 do Bolsa-Família pode estar perto do fim porque as filhas não estão estudando. De acordo com a mãe, a família ainda não conseguiu a transferência das meninas, que estudavam em uma escola paraense, para uma unidade de ensino de São Vicente.


Roseane está há um ano na fila dos desempregados do IBGE
Roseane está há um ano na fila dos desempregados do IBGE   Foto: Nirley Sena/ AT

A faixa


A ideia da faixa foi de Silva, o marido. Segundo ele, todo dinheiro que entra das tapiocas é para bancar o carro utilizado no seu trabalho e a pensão alimentícia de um outro casamento. Ao perceber que a situação em casa estava difícil, teve a ideia de mandar confeccionar o material.


"Em casa, não havia dinheiro para comprar comida, roupa ou chinelo para as meninas. Então resolvi pedir ajuda para que a Roseane conseguisse uma oportunidade de emprego".


Nesta terça-feira (6), ela esteve em frente ao hipermecado Carrefour, no bairro do Itararé. "No começo eu tive muita vergonha de ter que pedir emprego com uma faixa''. Mas, em pouco tempo, o sentimento mudou. "Algumas pessoas passam e me chamam de corajosa e guerreira por estar lutando pela minha família".


Fazer o Bem


A história de Roseane sensibilizou uma jovem de 16 anos, que decidiu criar um grupo no WhatsApp para angariar recursos enquanto a dona de casa não consegue emprego.


A estudante Joyce Aparecida Carvalho Galindo, moradora da Zona Noroeste, em Santos, conheceu o drama da família em uma rede social e decidiu ajudar a divulgar a história.


"Aquele post tocou no meu coração. Se eu tenho consciência de que se eu posso ajudar o próximo de alguma forma, eu o farei", disse Joyce.


O nome do grupo no WhatsApp é Fazer o Bem. Por meio dele, já foram adquiridos uma geladeira, um guarda-roupa, alimentos e até um tanquinho. Os itens serão encaminhados à família nos próximos dias.


De acordo com Joyce, a intenção é ajudar a família até de Roseane consiga um emprego. Entretanto, a intenção da estudante é criar um projeto que atenda pessoas carentes.


Quem quiser ajudar a família de Roseane de alguma maneira pode ligar para Joyce, no telefone (13) 99211-5295.


Tudo sobre:
Logo A Tribuna
Newsletter