Uma reviravolta judicial deu nova incerteza sobre a presidência do Centro dos Estudantes de Santos (CES). O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) anulou a sentença que declarava o estudante de Economia Caio Yuji de Souza Tanaka, de 20 anos, administrador provisório da entidade. No entanto, não há decisão que aponte nem um novo nome, nem a volta do ex-presidente Tarcísio de Andrade Santana, aluno de Direito de 29 anos, que também persegue a cadeira.
O impasse faz com que o próprio Tarcísio não se sinta à frente da entidade. “Nem me considero, nem não me considero. Mas uma coisa é certa: o Caio não é (o presidente). Ele invadiu o CES se valendo de uma decisão suspensa. De acordo com o que aconteça, se eu for reconduzido, vou chamar uma nova eleição. Senão, estarei junto com os estudantes”.
Segundo o advogado Rafael Santos de Paula, que procurou a Reportagem para anunciar a decisão do TJ-SP e até agora atua como advogado do CES, o próximo passo do processo é a reintegração de posse do terreno, já solicitada, pois o então administrador trocou a chave. Enquanto isso não ocorre, a situação segue indefinida, prejudicando a entidade.
Tarcísio Santana diz que se os estudantes quiserem, uma nova eleição pode ser convocada, mas pessoalmente ele nega uma conciliação. “Não posso apoiar alguém que arrombou um cadeado. A gente não pode normatizar essas coisas e agora se conciliar”.
Chapa escolhida
Do outro lado, Tanaka que se sente à frente da entidade, aceitaria conversar. E defende que a sua chapa foi eleita por um congresso de estudantes. “Não me sinto (presidente), mas a nossa chapa e eu represento o projeto que foi escolhido pelos estudantes”, diz ele.
Já sobre conciliação, para que a briga não se alongue na Justiça, ele tem posição diferente de Tarcísio Santana. “Nossa entidade está disposta a conversar. Estamos sempre abertos a construir com qualquer problema ou pessoa que queira contribuir com o futuro dos estudantes. Principalmente agora, quando teremos tantos desafios, como as faculdades públicas, as bolsas sociais”.
Sobre a suposta invasão do CES, Tanaka diz que após decisão judicial precisou organizar um congresso para a nova eleição. “Conversei com ele (Santana) e ele se negou a entregar a chave. Diante da necessidade, trocamos a chave, porque ele já não era presidente desde o ano anterior”.
Vaivém
O imbróglio do Centro dos Estudantes de Santos (CES) começou 2017. A segunda entidade estudantil mais antiga do País, e terceira da América Latina, só tem eleições a cada dois anos.
No fim do último mandato, a assembleia para a escolha da nova diretoria ocorreu depois do prazo e sem a quantidade mínima de votos. Um grupo que não aceitou o resultado entrou na Justiça e conseguiu se tornar administrador provisório para organizar nova eleição – vencida por esse grupo. Mas o pleito foi considerado nulo pela antiga equipe.
Com a nova decisão judicial é incerto o futuro do CES, criado para recrutar jovens à Revolução de 1932 e que foi uma organização de resistência à ditadura militar, nos anos 60 e 70.