Sinal verde para o resgate histórico na Sociedade Humanitária do Comércio de Santos

Captação de recursos via lei de incentivo para digitalização do acervo foi autorizada pela Prefeitura

Por: Régis Querino  -  03/09/22  -  16:45
Atualizado em 03/09/22 - 21:01
As prateleiras e as obras estão passando por um processo especial de restauração
As prateleiras e as obras estão passando por um processo especial de restauração   Foto: Alexsander Ferraz/AT

O trabalho de resgate histórico e a digitalização do acervo da Sociedade Humanitária do Comércio de Santos ganhou um aliado. Por meio do Programa Municipal de Incentivo Fiscal de Apoio à Cultura (Promicult), pessoas físicas e jurídicas poderão contribuir com os projetos abatendo até 20% do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) ou do Imposto Sobre Serviços (ISS). A Prefeitura autorizou a captação de R$ 200 mil, divididos igualmente entre o projeto de recuperação do acervo e da biblioteca da Sociedade e a digitalização de documentos e publicações antigas.


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“Os dois projetos são quase irmãos. Sou presidente do Instituto Histórico e Geográfico e diretor da Humanitária, então uni as duas coisas. Estamos resgatando a biblioteca, que é o passado, e na sala do lado estamos com a célula de digitalização, conduzida pelo Instituto. As duas entidades estão unidas em torno dessa missão, junto com a Prefeitura, a Fundação Arquivo e Memória, a Associação Comercial – existe um grupo”, diz o jornalista Sergio Willians, responsável pelos projetos.


Iniciada em abril, a restauração física da biblioteca está quase concluída, segundo Willians. Foram retirados cerca de 30 mil livros e 450 prateleiras para a recuperação de mais de 40 estantes, que receberam tratamento com verniz naval e cera de carnaúba. O piso da biblioteca foi raspado e ganhou a aplicação de sinteco. As paredes e janelas também foram recuperadas e pintadas, assim como os móveis do espaço, consertados e envernizados. O trabalho custou R$ 50 mil e foi bancado pela Logitrade.


Eliminar pragas

O trabalho de descontaminação do acervo, para eliminar as larvas de broca, principal praga dos livros, também teve início. “Acho que esse trabalho vai levar mais de ano, porque a desconta-minação é feita por lotes de 50 livros. Eles são embalados em sacos de vácuo e depois de tirar o oxigênio, os livros vão para o freezer, com temperatura negativa, por quatro dias. Depois disso, eles são retirados e higienizados. É um processo longo, mas necessário, porque se deixar um livro contaminado, com o tempo, ele contamina os outros”, explica Willians.


Depois desse processo, muitas publicações precisam passar por restauração, para recuperar capas, páginas ou serem reencadernadas. Após a conclusão desta fase, as obras são catalogadas. O minucioso trabalho leva tempo e é por isso que, dos 30 mil livros, a equipe formada por Willians, uma bibliotecária e uma assistente catalogou menos de 200 exemplares para voltar às estantes.


A digitalização do acervo de obras e publicações antigas é outro trabalho em curso
A digitalização do acervo de obras e publicações antigas é outro trabalho em curso   Foto: Alexsander Ferraz/AT

Em busca de recursos

Para que o trabalho continue avançando, ele vê como potenciais parceiras as empresas portuárias e da construção civil, que arcam com grandes valores em IPTU e INSS e podem abater até 20% do valor dos impostos, redirecionando o valor para um dos projetos.


Para restaurar o acervo da biblioteca, os R$ 100 mil serão usados para a contratação de mais dois assistentes, a reencadernação de 3 mil livros e na compra de um freezer para a higienização das publicações.


No projeto do Instituto Histórico e Geográfico, Willians calcula que ainda precisam ser digitalizadas cerca de 2 milhões de páginas.


“É um projeto de alto custo. Por isso, estamos buscando recursos de emendas parlamentares, editais, renúncia fiscal, doações da iniciativa privada e até um Termo de Responsabilidade de Implantação de Medidas Mitigadoras e/ou Compensatórias (Trimmc) está sendo viabilizado para concluirmos o projeto, que deve se estender por, pelo menos, mais cinco anos. Estamos trabalhando pra que o tesouro patrimonial santista volte ao convívio da sociedade”.


O jornalista Sérgio Willians coordena os dois projetos na Humanitária
O jornalista Sérgio Willians coordena os dois projetos na Humanitária   Foto: Alexsander Ferraz/AT

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