Replantio por causa de palmeiras retiradas vai ultrapassar prazo em Santos

Prefeitura descumprirá lei que manda plantar dez árvores por exemplar retirado: não é “exequível”

Por: Da Redação  -  21/11/18  -  09:36
Estão sendo removidas 79 palmeiras na entrada da Cidade, e 790 árvores deverão ser plantadas
Estão sendo removidas 79 palmeiras na entrada da Cidade, e 790 árvores deverão ser plantadas   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

A Prefeitura de Santos precisaria plantar mais de uma árvore por hora para cumprir as regras de compensação ambiental pela retirada das 79 palmeiras na entrada da Cidade. Os exemplares estão sendo removidos desde o final de semana devido às obras de infraestrutura realizadas no local.


A legislação municipal, sancionada no ano passado, exige que, em até 30 dias, dez mudas sejam plantadas para cada árvore suprimida na Cidade. Conforme a Prefeitura informou na terça-feira (20), em reportagem de A Tribuna sobre as 40 palmeiras que já haviam sido retiradas, 790 unidades serão plantadas, preferencialmente, em calçadas da Zona Noroeste para compensar as remoções. Isso resulta em uma média de 26 mudas por dia.


O Município alegou que o serviço será realizado após duas licitações, a primeira para compra de 400 mudas e já em fase de conclusão. Para a aquisição das outras 390, o processo licitatório está no início.


“Não seria possível fazer um serviço de tal magnitude em 30 dias. Nem tudo que está na lei é exequível da forma que está”, informou a Secretaria de Comunicação e Resultados. O Município só terá definidos os pontos exatos que receberão as novas árvores após levantamento pela empresa responsável pelo plantio.


Outros plantios devem ser feitos em calçadas da Zona Noroeste, para compensar remoções
Outros plantios devem ser feitos em calçadas da Zona Noroeste, para compensar remoções   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

Procedimento


A Avenida Martins Fontes amanheceu a terça-feira com 14 unidades de palmeiras a menos, cortadas durante a madrugada. Outras 25 devem ser removidas. O prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) disse que a remoção dos exemplares na entrada da Cidade é realizado de forma transparente e conforme determina a legislação. “Está aprovada e licenciada ambientalmente pela Cetesb, o órgão estadual responsável, e respeita a legislação municipal vigente”, destacou.


“O processo de licenciamento é público. E essa retirada, por oferecer risco, já que temos 120 mil veículos passando todos os dias por aquela avenida, não poderia ser feita em outro período do dia. Escolhemos o horário noturno, um momento de menor fluxo, para que a gente pudesse realizar (a operação) sem riscos”, justificou.


Em redes sociais, munícipes questionam o fato de a Prefeitura não ter optado pelo replantio das palmeiras. Porém, conforme o prefeito reiterou, a realocação das plantas para outro local não foi recomendada pela Cetesb por causa da pouca probabilidade de sobrevida delas e “também pelos riscos da remoção e do deslocamento”.


“Essa é a obra viária mais importante da história recente da Cidade e algumas intervenções são importantes para que (esse projeto) seja feito, para dar mais qualidade de vida às pessoas e trazer benefícios para o próprio Meio Ambiente”, destacou Barbosa.


Novas áreas verdes estão previstas para esta área na fase final do projeto, após a instalação de toda a infraestrutura de macrodrenagem e da construção dos viadutos previstos.


Imperiais


Das 79 árvores que estão sendo cortadas na entrada de Santos, 76 são palmeiras reais, ou palmeiras imperiais. A espécie é nativa das Antilhas e foi trazida para o Brasil em 1809, quando o Rei Dom João VI plantou o primeiro exemplar do País no Jardim Botânico do Rio de Janeiro.


Outras unidades foram plantadas e algumas estão de pé até hoje, com quase 40 metros de altura. As sementes foram sendo comercializadas e plantadas em diversas cidades. As palmeiras da entrada de Santos têm pelo menos duas décadas. As da Avenida Ana Costa foram plantadas há um século.


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