Um museu dentro de casa chama a atenção de quem passa pela Ponta da Praia. Chamado carinhosamente de “Rancho do Laurival”, a residência de nº 35 guarda em seu interior um acervo de mais de 200 obras de artes entre pinturas, esculturas e itens curiosos.
A paixão pela arte é definida pelo artista Laurival de Arruda Camargo Júnior, de 61 anos, como uma “herança familiar”. Ele conta que o hábito de colecionar surgiu por influência do pai, que colecionava obras de artes e frequentava galerias. “Ele arrematava muitas obras de arte em exposições e eu me interessava por isso, o que me fez herdar sua coleção. Após sua morte, passei a me envolver ainda mais com a arte e descobri uma ‘veia artística’, começando a pintar e a esculpir”, disse Laurival.
Grande parte do acervo é composto por obras de artistas nacionais e da Região, como Edson Mônaco, Marjorie Sá, Armando Sandim e Lúcio Bittencourt. O colecionador explica que tem apego a todas as obras já que conhece todas as histórias dos artistas e quais foram as inspirações para a composição de cada obra.
A surpresa das visitas ao conhecer o interior da casa, que já chama atenção por possuir várias árvores em sua entrada, é algo comum para o dono do acervo. “Quem não admira a arte acredita que sou um acumulador daqueles que passam na televisão. Mas quando os artistas vêm até a minha casa ficam maravilhados e alguns até se emocionam”, contou o artista.
Laurival brinca que “se pudesse exporia como os colecionadores, colocando obras do rodapé ao teto”. Além das pinturas, a decoração possui espada, bengalas, obras de matriz africana, mastros de madeira genuínos do pau brasil e inúmeros cachimbos espalhados por quartos e salas. Entre os planos do artista está deixar como herança a coleção de arte para sua filha. Para isso, ele explica que está catalogando cada obra de arte de forma física e virtual.
O colecionador acredita que a nova geração tem um interesse maior por estilos artísticos mais atuais e que a relação com a arte mudou ao longo do tempo. “A moçada não valoriza a arte acadêmica, preferindo as pinturas abstratas, então começam a desapegar de grandes obras. Uma vez encontramos uma pintura dessas que um catador encontrou no lixo. Ficamos chocados”, concluiu.