Dos 15.484 casos de coronavírus registrados em Santos até esta quarta-feira (5), 4.323 foram confirmados por testes rápidos (por meio de coleta de sangue com um furo no dedo), sem necessidade de contraprova por exame molecular RT-PCR (coleta de secreção de nariz a garganta), considerado o mais confiável. Desde março, a Prefeitura já gastou R$ 4,8 milhões em 60,5 mil testes rápidos.
Embora sejam validados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) os testes rápidos podem apresentar falsos resultados. O questionamento sobre a confiabilidade deles aumentou na terça-feira (4), após testagem feita pela Prefeitura em 329 funcionários e vereadores da Câmara de Santos, com 140 positivos, índice que chega a 42,5%.
Entre eles, 71 (21,5% do total) estariam com o vírus ativo no corpo (apresentaram anticorpos IgM, fase aguda da doença) e poderiam transmiti-lo. Os outros 69 tiveram detectados anticorpos IgG, da fase de cura, ou o resultado fio inconclusivo (acusando os dois tipos).
O secretário de Saúde de Santos, Fábio Ferraz, explica que, seguindo protocolo do Ministério da Saúde, apenas resultados de vírus ativos – IgM - são contabilizados oficialmente. Os demais são descartados.
“O que vale é o vírus ativo, até porque poderia ter duplicidade. Se a pessoa fizer exame e der o IgG, significa que ele teve contato com o vírus em momento anterior. Mas isso não é considerado (confirmado) em nenhum lugar do mundo. Por isso nós mudamos o teste rápido para uma marca que diferencia os tipos de anticorpos”, diz Ferraz.
O secretário diz que percebeu um número mais alto de positivos nos novos testes “algumas observações” quanto a falsos positivos. Segundo ele, caso a pessoa faça um outro exame, como o PCR e dê negativo, os números são revistos.
“A gente recomenda que a pessoa faça o RT-PCR, pode fazer na rede pública. Fizemos uma portaria da Secretaria induzindo a pessoa (cujo teste rápido deu vírus ativo), mesmo assintomática, a fazer o RT-PCR".
Ferraz decidiu suspender, por enquanto, a utilização dos atuais testes e pretende fazer uma análise. “Se tivermos dificuldade da confirmação dos casos (positivos), a Prefeitura tomará as providências”.
Menor preço
As compras de testes rápidos feitas sem licitação pela Prefeitura levaram em conta o menor preço oferecido pelas fornecedoras, explica o secretário. Segundo ele, o setor de compras da Administração Municipal avalia as empresas, se elas cumprem as exigências, e a contratação é feita de forma impessoal.
“Não conheço, particularmente, nenhuma dessas empresas. Eu não participo das compras, simplesmente acompanho o resultado, a oferta de menor preço, e autorizo a compra. Não há nenhuma indicação, em hipótese alguma”.