Prefeitura de Santos gasta R$ 4,8 milhões em testes rápidos para coronavírus

Já foram 60,5 mil testes comprados; qualidade, porém, é questionada por causa de falsos positivos

Por: Maurício Martins  -  06/08/20  -  23:07
Prefeitura interrompeu uso dos atuais testes rápidos para análise da eficácia
Prefeitura interrompeu uso dos atuais testes rápidos para análise da eficácia   Foto: Alexsander Ferraz/AT

Dos 15.484 casos de coronavírus registrados em Santos até esta quarta-feira (5), 4.323 foram confirmados por testes rápidos (por meio de coleta de sangue com um furo no dedo), sem necessidade de contraprova por exame molecular RT-PCR (coleta de secreção de nariz a garganta), considerado o mais confiável. Desde março, a Prefeitura já gastou R$ 4,8 milhões em 60,5 mil testes rápidos.  


Embora sejam validados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) os testes rápidos podem apresentar falsos resultados. O questionamento sobre a confiabilidade deles aumentou na terça-feira (4), após testagem feita pela Prefeitura em 329 funcionários e vereadores da Câmara de Santos, com 140 positivos, índice que chega a 42,5%.  


Entre eles, 71 (21,5% do total) estariam com o vírus ativo no corpo (apresentaram anticorpos IgM, fase aguda da doença) e poderiam transmiti-lo. Os outros 69 tiveram detectados anticorpos IgG, da fase de cura, ou o resultado fio inconclusivo (acusando os dois tipos). 


O secretário de Saúde de Santos, Fábio Ferraz, explica que, seguindo protocolo do Ministério da Saúde, apenas resultados de vírus ativos – IgM - são contabilizados oficialmente. Os demais são descartados.  


“O que vale é o vírus ativo, até porque poderia ter duplicidade. Se a pessoa fizer exame e der o IgG, significa que ele teve contato com o vírus em momento anterior. Mas isso não é considerado (confirmado) em nenhum lugar do mundo. Por isso nós mudamos o teste rápido para uma marca que diferencia os tipos de anticorpos”, diz Ferraz. 


O secretário diz que percebeu um número mais alto de positivos nos novos testes “algumas observações” quanto a falsos positivos. Segundo ele, caso a pessoa faça um outro exame, como o PCR e dê negativo, os números são revistos.


“A gente recomenda que a pessoa faça o RT-PCR, pode fazer na rede pública. Fizemos uma portaria da Secretaria induzindo a pessoa (cujo teste rápido deu vírus ativo), mesmo assintomática, a fazer o RT-PCR".  


Ferraz decidiu suspender, por enquanto, a utilização dos atuais testes e pretende fazer uma análise. “Se tivermos dificuldade da confirmação dos casos (positivos), a Prefeitura tomará as providências”.  


Menor preço 


As compras de testes rápidos feitas sem licitação pela Prefeitura levaram em conta o menor preço oferecido pelas fornecedoras, explica o secretário. Segundo ele, o setor de compras da Administração Municipal avalia as empresas, se elas cumprem as exigências, e a contratação é feita de forma impessoal.  


“Não conheço, particularmente, nenhuma dessas empresas. Eu não participo das compras, simplesmente acompanho o resultado, a oferta de menor preço, e autorizo a compra. Não há nenhuma indicação, em hipótese alguma”.  


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