O Palácio Saturnino de Brito, sede da Sabesp, é um tesouro a ser explorado no Centro Histórico de Santos. Ao entrar no prédio, construído no final do século 19, o que mais chama a atenção é o imenso vitral colorido no alto da escada.
O local, entretanto, guarda outras preciosidades, como móveis, plantas, fotos, mapas e projetos originais que contam a história da construção dos canais santistas e das primeiras estruturas de esgotamento sanitário. Muitos assinados pelo próprio engenheiro sanitarista Francisco Saturnino Rodrigues de Brito.
Alguns móveis usados por ele, como uma escrivaninha de 1912, foi restaurada e está preservada.
Aberto à visitação turística desde 2009, o palácio, na Avenida São Francisco, 128, recebeu mais de mil visitantes no ano passado.
História
Entre os anos de 1890 e 1900, 22.588 pessoas morreram em Santos (mais da metade da população da época) vítimas de doenças causadas pela falta de saneamento básico. O Porto esteve a ponto de fechar, porque os tripulantes tinham medo de descer aqui.
Em 1902, foi criada a Comissão de Saneamento de Santos com a responsabilidade de construir redes de drenagem, coleta de esgoto e abastecimento de água.
Saturnino de Brito, então, elaborou o projeto para solucionar os problemas da época.
Além de idealizar os canais, ele pensou em construir dutos que levassem o esgoto de Santos, passando por São Vicente e chegasse ao Forte de Itaipu, onde hoje fica Praia Grande. Depois, os dejetos seriam despejados no mar.
“Do Canal 3 pra frente era tudo chácara. Conforme foram sendo construídos os canais, começou a enxugar essas terras e o pessoal conseguiu construir alguma coisa da Conselheiro Nébias até a Ponta da Praia, que era periferia de Santos”, diz Nívio Gomes, funcionário da Sabesp há mais de 30 anos e trabalha como guia no Palácio Saturnino de Brito.
Foi nessa época, também, que foi construída a Ponte Pênsil, em São Vicente, um dos marcos do Município. “Quando foi idealizada era apenas para a passagem de tubos. Não havia passagem de carros”, completa Nívio.
O prédio
Em janeiro de 1902, como mostra uma foto publicada no Jornal do Brasil, parte do prédio já estava construída e servia como escritório da Comissão de Saneamento de Santos.
Ao longo dos anos, foi recebendo novas intervenções e aumentando de tamanho. Só em 1937, foram concluídas as obras e o prédio chegou ao aspecto que tem hoje em dia.
O hall de entrada é rico em detalhes nas pilastras e no teto. A escadaria e as paredes são revestidas por mármore brasileiro.
Criado pelo artista alemão Conrado Sorgenicht, o vitral que embeleza o Palácio Saturnino de Brito tem seis metros de altura e fica no alto da escadaria.
A obra mostra a escalada dos bandeirantes pela Serra do Mar, acompanhados dos indígenas, no transporte das riquezas.
O prédio ainda reúne algumas modernidades. Em uma das salas é possível acompanhar em um painel com luzes toda a rede de saneamento básico e canais da Baixada Santista - de Bertioga a Peruíbe.
Em outra, é possível ver o tamanho real de um duto dos inúmeros emissários submarinos existentes na região e entender que o esgoto tratado não é despejado em alto mar em um único local.
Serviço
As visitas monitoradas podem ser feitas de terça a sexta, das 11h às 17h, e aos sábados, das 11h às 16h. O agendamento deve ser feito pelo telefone 3201-2657.