Pacientes esperam mais de 10 horas por atendimento na UPA da Zona Noroeste de Santos

As críticas estavam relacionadas ao baixo número de médicos e descaso no atendimento

Por: Matheus Müller  -  30/01/20  -  09:57
Pacientes aguardaram mais de 10 horas por atendimento na terça-feira
Pacientes aguardaram mais de 10 horas por atendimento na terça-feira   Foto: Matheus Tagé

Um dia de angústia na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Zona Noroeste, em Santos. Pacientes passaram a última quarta-feira (29) aguardando por atendimento médico. Em alguns casos a espera levou 10 horas – até a Reportagem chegar, como muitos disseram. O quadro de médicos afixado na parede informava a presença de seis profissionais, mas os relatos davam conta de apenas dois consultórios em funcionamento.


Passada uma hora da equipe no local, metade das cerca de 60 pessoas, em espera, havia sido chamada, medicada e liberada. Muitas, mesmo assim, reclamaram da grosseria do pessoal da UPA.


“Cheguei às 12h18 [já eram 22h] com as minhas duas filhas, uma de 4 e outra de 12 anos, com calafrios, febre, dores no corpo e olhos. A mais nova foi atendida em uma hora, a outra só agora. Mas a médica não queria deixar a menor entrar comigo na sala, enquanto a mais velha era medicada. Um absurdo. Não tenho como deixa-la sozinha na recepção”, disse a dona de casa Thalita Cristina dos Santos.


A situação acima, não menos importante, envolvia duas crianças com a pulseira azul. A fita em questão indica casos considerados de baixa complexidade e, portanto, segundo o Ministério da Saúde, deveriam esperar até 4 horas – passaram 6 horas do limite.


Ao mesmo tempo, idosos e pacientes com pulseiras amarelas [média complexidade – atendimento em 30 minutos] esperavam o mesmo tempo. Foi o caso de uma senhora, de 81 anos, levada à unidade com problemas no estômago.


"É revoltante, desumano. Teve gente com tuberculose e meningite aqui. Além de tudo corremos um alto risco [de contágio]”, criticou a diarista Marisa Organ Valeo, que sentia dores nos rins, febre e falta de ar.


A empregada doméstica Glaucia de Oliveira estava com a pulseira verde no braço [baixa complexidade, até 2 horas], chegou às 19h45 e só foi atendida após 22h30. “Estava uma confusão muito grande. Chamaram até a Guarda Municipal. A tensão foi tão grande que deixei de sentir a dor de cabeça e ouvido”.


Ao lado de Glaucia, a empregada doméstica Marilda Aparecida Costa Santos concordava com tudo e dizia: “Estou com pneumonia, febre e dor no corpo. Até agora não tinha um lugar para sentar. Eu quero ir para a minha casa deitar. Não queria estar aqui”. Ela também contou que só comeu um pastel entre 14h20 às 22 horas.


Resposta


Em nota, a Prefeitura informou que a UPA atendeu com a equipe médica completa ontem. De acordo com a chefia da unidade, durante o período da tarde, houve um número, acima da média, de atendimentos de urgências.


No período noturno, dois pacientes classificados como emergência (vermelhos- atendimento imediato) deram entrada na UPA e dois médicos foram destacados para o atendimento.


A Secretaria de Saúde informou que enviará um ofício para a Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina, organização social responsável pela gestão da UPA, com um pedido para que o caso seja analisado. “E, caso necessário, seja feito um reforço definitivo na equipe para que o tempo de espera não ultrapasse a média recomendada pelo Ministério da Saúde”.


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