Moradores de Santos fazem 'marretaço' para protestar contra pedras sob viaduto

Munícipes afirmam que pedras fazem parte de política higienista para dispersar moradores em situação de rua

Por: Por ATribuna.com.br  -  07/02/21  -  23:31
Munícipes afirmam que pedras fazem parte de política higienista
Munícipes afirmam que pedras fazem parte de política higienista   Foto: Arquivo Pessoal

Moradores de Santos fizeram um marretaço, na manhã deste domingo (7), para protestar contra as pedras instaladas sob o viaduto Paulo Gomes Barbosa, localizado na entrada da Cidade. Manifestantes levaram instrumentos de jardinagem para quebrar as pedras, em um ato simbólico, pois consideram a instalação desumana, já que quem costuma se abrigar no local não tem escolha.


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Os munícipes se reuniram por volta das 9h no local com uma faixa escrito "higienismo não" e os equipamentos. Segundo o participante Heric Moura, o ato funcionou como uma espécie de performance para mostrar indignação à política higienista, que afasta pessoas em situação de rua, mas não resolve o problema das diferenças sociais e econômicas. "As famílias pobres estão se tornando mais pobres e a pandemia está agravando isso. É desumanizar a situação e nao pode ser aceito de nenhuma forma", diz.


>>Veja mais em:Moradores de Santos questionam pedras instaladas debaixo de viadutos da cidade; VÍDEO


A instalação chamou a atenção após a repercussão de uma mesma instalação em um viaduto paulista. O ato foi inspirado em uma ação semelhante do Padre Júlio Lancelotti- coordenador da Pastoral do Povo de Rua da Arquidiocese de São Paulo-que ocorreu na última terça-feira (2).


Ao contrário do que os munícipes afirmam, a prefeitura diz que a instalação das pedras tem como objetivo evitar infrações de trânsito, como parada proibida, e evitar a permanência e trânsito de pedestres, como trausentes, moradores em situação de rua ou turistas.


Moura também afirma que a manifestação foi pacífica, já que os manifestantes não interferiram no fluxo do trânsito e nem em nada ao redor, apenas nas pedras. Após o ato, os munícipes deixaram o local, mas foram abordados por viaturas da Polícia Militar e Guarda Municipal de Santos em uma das vias do entorno. Cinco manifestantes foram encaminhados para a Delegacia Sede do município.


Ainda segundo o morador, o ato foi registrado como depredação ao patrimônio público. Ele relata ainda que o ato foi apenas o primeiro e que os munícipes devem continuar lutando para que a situação não continue. " Essa luta não deve parar por aqui. Ela tem que continuar e ganhar mais força até que a prefeitura retire todas as pedras de lá.


Faixa foi usada durante a manifestação pacífica
Faixa foi usada durante a manifestação pacífica   Foto: Divulgação

Prefeitura


uestionada, a prefeitura de Santos informou que o sistema de monitoramento de câmeras observou a presença de um grupo de pessoas que fazia uso de ferramentas para quebrar as pedras instaladas sob uma parte do viaduto. A GCM atendeu a ocorrência em apoio à Polícia Militar. A Polícia Civil investigará o caso e já realizou perícia no local. Um carro, estacionado em local proibido, foi guinchado e as ferramentas utilizadas foram apreendidas.


De acordo com a administração municipal, o viaduto foi entregue em 14 de agosto de 2020, e a instalação das pedras em um trecho sob o elevado foi concluída em outubro do mesmo ano. Segundo a prefeitura, nunca houve registro da presença de população de rua e/ou de qualquer tipo de ocupação sob o elevado.


"As pedras foram instaladas sob o viaduto para evitar a permanência e trânsito de pedestres, sejam eles pessoas em situação de rua, transeuntes, turistas etc. A Administração ressalta que essa medida visa a segurança da população e da estrutura do elevado", disse em nota.


A prefeitura ainda destacou que a instalação das pedras também tem como objetivo evitar infrações de trânsito no local como parada proibida e estacionamento irregular de veículos, entre outros tipos de ocorrências que podem comprometer a integridade do viaduto, como eventuais incêndios e acidentes de trânsito.


População em situação de rua


Em outro trecho da nota, a administração municipal ressaltou que mantém serviços de abordagem social e acolhimento para as demandas da população de rua.


"A Secretaria de Desenvolvimento Social (Seds), responsável pela equipe de abordagem social à população de rua, mantém as imediações do local apontado em seu roteiro de monitoramento cotidiano. A pasta esclarece que as abordagens são realizadas nos logradouros públicos da Cidade, e desenvolvem um trabalho de aproximação, escuta qualificada e formação de vínculos de confiança, com o objetivo de fortalecer e encorajar na direção do acesso aos demais serviços".


A equipe de abordagem pode ser acionada a qualquer momento através do telefone 153, que tem atendimento diário. O atendimento será ofertado àqueles que de forma voluntária desejarem acesso aos serviços municipais. Informações como nome, idade, descrição física e local exato onde a pessoa se encontra são muito importantes na hora de ligar.


Por fim, a prefeitura finalzou ao informar que o Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua, o Centro POP, que antes funcionava de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, atende também aos sábados, domingos e feriados, das 9h às 13h, na Rua Amador Bueno, 446, Centro. Dois abrigos emergenciais foram abertos devido à ampliação do atendimento à população de rua na pandemia de covid-19. Somadas a de outros quatro abrigos, o total de vagas chega a 279.


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