Morador de Santos, quadrinhista infantil ‘Vanderfel’ é referência

Criador de personagens como Taturana Tulipa e o passarinho Ariovaldo, o artista completa 43 anos de carreira

Por: Marcela Ferreira & De A Tribuna On-line &  -  30/01/19  -  13:15
  Foto: Acervo Pessoal/Wanderley Felipe

Desde os 10 anos de idade, Wanderley Felipe já havia descoberto seu amor pelos ‘rabiscos’. Aos 14 anos, passou a copiar desenhos de todos os tipos, em especial páginas de heróis estrangeiros que eram publicadas no Brasil, além de algumas tiras de jornais. Assim começou a criar suas primeiras histórias em quadrinho autorais, com grande inspiração nos super-heróis da época.


O quadrinhista paulistano escolheu a cidade de Santos para morar ‘há séculos’, como ele mesmo diz. O autor conta que já chegou a fazer uma revista para o Grupo Mendes. “Era uma edição por ano, com atividades e quadrinhos, que era distribuída para os hóspedes do Parque Balneário Hotel”, relembra. Ele explica que o gênero infantil de quadrinhos é o que mais o atrai, pois permite maior liberdade para criação de histórias e personagens.


Foi por volta de 1975 que Wanderley resolveu ir atrás de editoras que publicassem seu trabalho. “Muitas visitas e nada de concreto. Só em 1976, quando conheci Paulo Hamasaki, que entrei no mundo das HQs. Eu fazia histórias curtas dos meus personagens, na linha infantil, pra completar o espaço vago nas revistas de linha da Editora em que o Paulo trabalhava como diretor de arte”, diz. A publicação mensal, ao longo dos anos, fez com que o traço e modo de escrever de Wanderley evoluíssem ainda mais.


Vanderfel


O desenhista de quadrinhos passou a assinar suas obras sob o pseudônimo de Vanderfel nos anos 80, após reinventar sua primeira obra, a Taturana Tulipa. “Na linha infantil, criei um gibi com uma turma de insetos, tendo como protagonista uma taturana, de nome Tulipa”, conta.


'A Granja Kids' é um dos trabalhos infantis mais recentes do artista
'A Granja Kids' é um dos trabalhos infantis mais recentes do artista   Foto: Acervo Pessoal/Wanderley Felipe

Atualmente, Vanderfel faz um gibi chamado "A Granja Kids", para a Editora Centaurus. “Apesar dos personagens pertencerem à editora, eu escrevo e desenho as histórias desde o primeiro número, há quase seis anos”, revela. Todo mês o gibi sai como encarte da revista "A Granja", revista sobre o Agronegócio.


Politicamente incorreto


Uma das obras de Vanderfel que mais traz orgulho e boas lembranças é um passarinho chamado Ariovaldo. “Ele é casado e gosta de tomar umas e outras. Ariovaldo foi feito pra internet, onde eu postei uma enorme quantia de tiras e também uma história mais longa, tipo aventura. Consegui alguns fãs e duas páginas em uma revista impressa, onde vários autores participaram”, celebra. “Gosto do Ariovaldo por ele não ser politicamente correto. Fica fácil criar situações escrachadas e divertidas”, afirma o quadrinhista.


Digital


A respeito das mudanças tecnológicas que afetaram a produção de quadrinhos, Vanderfel conta que a adaptação foi muito difícil no começo. Trocar o nanquim por mesas e canetas digitalizadoras trouxe muitos benefícios para a área. “Coordenar a caneta na mesinha e o espaço do monitor foi desastroso por um tempo. Mas só de saber que não preciso mais de guache branco pra retocar os erros do nanquim é fantástico!”, comemora.


Cenário brasileiro


Vanderfel conta que, no Brasil, o mercado é receptivo para novos quadrinhistas. “Além de algumas editoras darem espaço para novos projetos”, ele ressalta que, ainda que os artistas não consigam se posicionar no mercado, sites de financiamento coletivo dão incentivo aos quadrinhistas independentes.


“O governo todo ano incentiva e premia vários autores, dando a chance de eles editarem seus quadrinhos. E tem ainda a internet, onde a visualização e aceitação podem ser enormes, dependendo apenas da qualidade do trabalho de cada autor”, finaliza.


Dia do Quadrinho Nacional


Comemorado em 30 de janeiro, o Dia do Quadrinho Nacional é uma homenagem à primeira história em quadrinhos publicada no país. O dia foi instituído pela Associação dos Quadrinhistas e Caricaturistas do Estado de São Paulo (AQC-ESP).


Criada por Angelo Agostini há 150 anos, “As Aventuras de Nhô-Quim ou Impressões de uma Viagem à Corte” foi a primeira história em quadrinhos verdadeiramente brasileira. A obra de 1869 conta a história de um caipira que se muda para o Rio de Janeiro e se espanta com a civilização. Na obra de Agostini, os costumes da época são satirizados.


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