Maré baixa revela vestígios de embarcação misteriosa no Embaré

Estudos indicam se tratar de um navio alemão que encalhou no trecho da orla santista em 11 de maio de 1890

Por: Por ATribuna.com.br  -  22/07/20  -  15:01
Atualizado em 22/07/20 - 15:11
Maré baixa revela vestígios de uma embarcação encalhada na orla de Santos
Maré baixa revela vestígios de uma embarcação encalhada na orla de Santos   Foto: Carlos Nogueira/AT

O recuo da maré tem revelado uma cena que, embora familiar, surpreende os santistas: a aparição de destroços de um navio, encalhado na praia do Embaré. Imagens áreas feitas pelo repórter fotográfico de ATribuna.com.br, Carlos Nogueira, revelam detalhes da embarcação, isolada na faixa de areia próxima ao Canal 5.  


A embarcação encalhada, envolta em mistérios, fica visível sempre que há um recuo da maré. Tanto que a aparição se transforma em uma espécie de "ponto turístico" informal, atraindo olhares curiosos e visitação.


Composta de pedaços de madeira e metal com mais de 50 metros de comprimento, a estrutura restante atrai a atenção de caminhantes da faixa de areia. Segundo a prefeitura, são feitos monitoramentos no trecho da orla desde 2017, quando surgiram os primeiros registros dos destroços da embarcação. Com isso, sempre que fica a mostra, o local é isolado a fim de proteger pedestres e banhistas.


Embarcação fica visível com o recuo da maré e atrai olhares (Carlos Nogueira/AT) Mistérios 


O mistério que ronda os vestígios de uma centenária embarcação que reapareceu na orla santista ganha novos capítulos a cada aparição. Novos estudos dão pistas de que os destroços são de um navio alemão que encalhou naquela região em 11 de maio de 1890.  


A hipótese mais “plausível” é de que as estruturas soterradas sejam os restos do casco do veleiro “Nanny”, embarcação que fazia o transporte de carvão para o cais santista.  


A linha de investigação se sobrepõe à análise na qual as ruínas seriam o veleiro inglês Kestrel, encalhado naquela região em fevereiro de 1895. Essa era a principal hipótese em debate há anos, quando as estruturas centenárias reapareceram após forte ressaca, em agosto de 2017. 


Contudo, uma reportagem de A Tribuna, datada de 1º de setembro de 1978, foi o ponto de partida da atual investigação histórica. O assunto foi retomado pelo biólogo marinho Luiz Alonso Ferreira e o historiador Luiz Gonçalves Alonso Ferreira. 


A perspectiva de ser a embarcação alemã era uma das hipóteses do fundador do extinto Museu Histórico Naval de São Vicente, o engenheiro civil e renomado pesquisador do assunto, Carlos Alfredo Hablitzel.


No final dos anos 1970, ele indicou três possíveis embarcações como as prováveis de serem os vestígios soterrados – sendo a Nanny a versão mais aceita por ele. Além das dimensões da embarcação, os pesquisados indicam outra pista: pequenos fragmentos coletados próximos ao casco aparentam ser coque, uma variação de carvão. 


Nanny 


Nanny foi um veleiro de bandeira alemã, de três mastros e casco de ferro, construído em 1868 nos estaleiros da empresa Thomas Royden & Sons, de Liverpool, na Inglaterra.


A embarcação era classificada como “barca”, caracterizada pelas velas redondas nos mastros de traquete (proa) e grande (central) e velas latinas no mastro de mezena  (popa). Possuía 172 pés de comprimento (52,50 metros), 28,6 pés de boca (8,70 metros) e 17,5 pés de calado (5,30 metros), pesando 612 toneladas. Após o encalhe na orla santista, foi vendida em leilão e desmantelada, conforme sugerem estrutura do navio abaixo da linha de flutuação soterrada no Embaré. 


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