Mãe se desespera ao não conseguir atendimento para o filho em hospital de Santos

Garoto de 5 anos com fratura na perna esperou mais de 3 horas por atendimento

Por: Matheus Müller & Paulo Santos &  -  23/12/18  -  19:09

Mesmo com uma criança ferida no colo, a autorização do Estado e o apoio da Polícia Militar, a Santa Casa de Santos relutou a abrir as portas e atender a mãe de um garoto de 5 anos, com fratura exposta na perna esquerda. O caso teve início às 19h20 deste sábado (22) e a entrada só foi autorizada às 22h40. O hospital alegou que não tinha vagas disponíveis pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para receber o paciente.


A merendeira Gizele Carvalho Lopes conta ter sido humilhada, após ser barrada diversas vezes pela equipe de segurança. De Itanhaém, ela e o menino receberam os primeiros socorros na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) daquela cidade, mas devido à necessidade de cirurgia tiveram que ser transferidos para Santos.


Foram os médicos da UPA de Itanhaém que solicitaram a remoção do menino à Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde (Cross), do Governo do Estado – responsável por esse remanejamento. O órgão atendeu ao pedido e indicou a Santa Casa de Santos como destino.


Criança barrada


A transferência foi realizada por uma unidade móvel da UPA junto a uma equipe médica. Apesar de toda mobilização e autorização do Estado, seguranças não permitiram o acesso do jovem pela entrada de emergência. Segundo a Santa Casa, a vaga foi regulada pelo Cross “de forma indevida”, pois, no momento da solicitação, a unidade sinalizou que não teria como receber o paciente.


A equipe médica chegou a buscar acesso por outras entradas, mas foi impedida por um canteiro de obras e contida por profissionais da casa.


Mãe e filho esperam mais três horas por atendimento na Santa Casa
Mãe e filho esperam mais três horas por atendimento na Santa Casa   Foto: Divulgação

Caso de polícia


A Polícia Militar foi chamada para garantir o direito do jovem e o atendimento médico. A equipe da UPA de Itanhaém, inclusive, registrou um Boletim de Ocorrências sobre o caso. Aos policiais, a administração da Santa Casa reforçou que não tinha condições de atender o paciente, mesmo com a autorização do Cross.


Humilhação


Em determinado momento e em meio a toda confusão, o menino sentiu vontade de usar o banheiro, mas nem isso foi permitido. Com vergonha de urinar em um saco plástico e chorando, a mãe pegou a criança no colo e mais uma vez tentou entrar na unidade de saúde. Implorando aos gritos não adiantou. O jeito foi usar o saquinho descartável.


Estado de saúde


A criança de cinco anos se machucou após um tanque de lavar roupas cair sobre a perna. Ele foi operado às 2 horas deste domingo (23) e passa bem.


Resposta


Em nota, a Santa Casa de Santos afirmou que “a vaga foi regulada indevidamente (pelo Cross), pois no momento da solicitação, o hospital sinalizou que não disponibilizava de acomodação para receber a criança”.


O hospital destaca que: "lamentavelmente o paciente foi encaminhado mesmo assim, impactando na assistência do pronto atendimento do hospital, que teve que se readequar e remanejar outros pacientes, de modo que pudesse prestar o atendimento adequado e sem prejuízo da qualidade do atendimento assistencial e estrutural".


Por fim, a Santa Casa questionou a remoção do menino. “A criança veio de Itanhaém, onde existe o Hospital Regional do município, além do Hospital Irmã Dulce, em Praia Grande, também mais próximo do local de origem. Estes poderiam ter prestado o atendimento necessário".


A Tribuna On-lineentrou em contato com a Secretaria Estadual de Saúde, mas não obteve resposta.


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