Médico fala sobre o prazer de colecionar selos: 'Um vírus do qual não queremos nos livrar'

Comemorado no dia 5 de março, o Dia do Filatelista Brasileiro é celebrado por colecionadores de selos postais e também pelos Correios

Por: Marcela Ferreira & De A Tribuna On-line &  -  05/03/19  -  14:49
  Foto: Arquivo Pessoal/Rogério Dedivitis

História, amizade e intercâmbio cultural são alguns dos elementos que compõem o universo da filatelia. Para muitos, o hobby tornou-se uma verdadeira paixão. A atividade de colecionar selos é um costume antigo, que desperta o interesse de quem busca compreender um pouco mais sobre os países e a própria história da humanidade.


Comemorado no dia 5 de março, o Dia do Filatelista Brasileiro é celebrado por colecionadores de selos postais e também pelos Correios. A atividade tem como objetivo juntar o maior número possível de selos, que podem ser separados em categorias, como países de origem, data de emissão e temas, por exemplo.


Para o cirurgião Rogério Dedivitis, a filatelia tornou-se um refúgio. O médico conta que seu interesse pelo colecionismo de selos começou aos 11 anos de idade. Hoje, ele é vice-presidente do Clube Filatélico e Numismático de Santos, foi um dos responsáveis pela retomada do clube após um período de inatividade, e já chegou a representar o Brasil como comissário em exposições filatélicas ao redor do mundo.


Dedivitis conta que a filatelia pode ser dividida em vertentes. Há quem a considere um hobby, isto é, pessoas que se dedicam a pesquisar e estudar selos. “É um prazer muito grande quando encontramos algum material que estamos procurando há muito tempo, então, esse aspecto de hobby e passatempo é muito real”, conta.


O Olho de Boi de 60 réis (1843) e o valioso e raro inclinado de 300 réis (1844). Foram os primeiros selos do Brasil e das Américas
O Olho de Boi de 60 réis (1843) e o valioso e raro inclinado de 300 réis (1844). Foram os primeiros selos do Brasil e das Américas   Foto: 1843

A filatelia também pode ser um investimento. A quantidade de colecionadores, hoje em dia, é muito menor do que há 20 ou 30 anos, porém, a atividade passou a ter um status similar ao de colecionar obras de arte, segundo Dedivitis. “Selos de maior valor encontram, sobretudo nos Estados Unidos, Europa e Ásia, uma valorização bastante efetiva”.


O terceiro aspecto que o médico ressalta é a amizade entre filatelistas. “Aqui em Santos, temos amizades de décadas. Viajamos para exposições nacionais e internacionais juntos”, lembra o cirurgião, que também ressalta que o Clube Filatélico e Numismático de Santos reúne pessoas das mais diferentes profissões e faixas etárias.


Ao redor do mundo


A possibilidade de viajar por meio da filatelia é uma das conquistas mais marcantes na vida de Rogério Dedivitis, que diz ter conhecido diversos países por conta do colecionismo. “Já fui comissário da Federação Brasileira de Filatelia em algumas exposições. Ano passado, por exemplo, fui comissário na exposição Israel 2018, que aconteceu em Jerusalém”, relembra.


O médico explica o trabalho de um comissário: “Ele leva consigo as coleções de seu país que foram aceitas para exposição, monta e desmonta, e é uma oportunidade de contato com comissários do mundo inteiro. São cerca de 60 a 70 países, uma verdadeira Torre de Babel”, diz.


Carta enviada a partir do campo de concentração de Auschwitz, em 17 de outubro de 1942, com destino a Varsóvia
Carta enviada a partir do campo de concentração de Auschwitz, em 17 de outubro de 1942, com destino a Varsóvia   Foto: Arquivo Pessoal/Rogério Dedivitis

Sobre sua coleção particular, Dedivitis afirma possuir peças únicas. “Uma das mais emblemáticas é uma das cartas que foram recuperadas do zepelim LZ 129 Hindenburg, que em 1937 explodiu quando pousava em Nova Jérsei, nos Estados Unidos”.


O médico revela que possui mais de um tipo de coleção temática. A coleção do Brasil é uma das que acredita serem mais clássicas. Ele conta que, no momento, dedica seu tempo a uma coleção sobre o nazismo e a Segunda Guerra Mundial. Outra que chama atenção é sobre o coração - apesar de ele não ser cardiologista, e sim, cirurgião de cabeça e pescoço -, que será exposta em Estocolmo neste ano. Outra com o tema de cintas do Brasil já foi exposta algumas vezes.


“A gente fala que é um vírus do qual a gente não quer se ver livre, porque é um prazer muito grande. Um dos aspectos importantes é a cultura que a filatelia proporciona”. O cirurgião exemplifica que selos de um país são capazes de mostrar a cultura, gastronomia, turismo, história de uma forma geral, fazendo com que o colecionador se envolva em uma narrativa. “O fascínio e a questão da amizade que a filatelia traz são decisivos para que esse universo seja tão encantador”, finaliza.


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