Um grupo de fotógrafos manifestou-se em frente a uma árvore que está marcada para ser cortada, devido às obras na entrada de Santos, na manhã deste domingo (9). A planta, que tem mais de 110 anos, é uma de várias outras que estão marcadas para morrer.
O grupo ficou em frente à árvore, chamada de 'árvore-da-borracha', na altura do bairro Chico de Paula, à margem da Via Anchieta, com o objetivo de sensibilizar as autoridades a não arrancá-la do local. Com máquinas fotográficas e aparelhos celulares, eles tiraram diversas fotos da árvore.
“Para que eu chegue em casa mais rápido será preciso o corte da árvore. Uma pena. Por isso, marcamos esse encontro para fazer o registro fotográfico, que a manterá eterna”, diz Vera Hikari Kinjo, representante comercial e organizadora do encontro.
O trânsito na Via Anchieta, na entrada de Santos, sofreu alterações devido ao início das obras, segundo a Ecovias. Com isso, árvores que estão no local começaram a ser 'marcadas' para morrer.
"Projetos como esses deveriam levar em consideração o apelo ambiental. Ela existe há mais de 110 anos. Fala-se tanto de preocupação com o meio ambiente, em redução da temperatura do planeta, mas corta-se árvores”, opina a nutricionista Alice Okumura.
No fim do mês de novembro, a prefeitura de Santos retirou 79 palmeiras imperiais da Avenida Martins Fontes. A administração se manifestou dizendo que a retirada foi necessária por conta das obras que estão sendo realizadas no local.
Espécie
De acordo com o paisagista Oswaldo Casasco, a árvore em questão é comum na região: trata-se de uma Ficus-elástica, conhecida com 'árvore-da-borracha'.
"Ela veio da região da Índia e Malásia, na década de 60. Era muito usada para decoração interna, não é daqui. Mas, depois, por crescer demais, as pessoas começaram a plantar por aí”, explica.
A árvore tem grande porte, copa avantajada e, no caso da localizada no Jardim São Manoel, é ‘vistosa’ e tem boa ‘saúde’. Casasco aponta que, mesmo assim, a remoção não deve impactar o ecossistema local.
"Ecologicamente, ela só tem efeito cênico. Não dá frutos, apenas sombra e acaba sendo invasora devido ao porte. Há várias delas espalhadas pela Cidade. E por ser de fora, não temos bactérias específicas para decompor as folhas, que quando caem, causam muita sujeira”, justifica.
Compensação
A Ecovias, concessionária do Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI) e responsável pela obra, diz que as remoções estão licenciadas. Serão 7.350 mudas de espécies nativas doadas, além de enriquecimento ambiental em uma área de 2,3 hectares, com a previsão de plantio de 1.230 mudas nativas ao município.
“Não adianta remover estas árvores, como as palmeiras imperiais, e colocar ‘mudinha’ pequena. Que seja para retirar uma árvore grande como essa e replantar dez mudas grandes”, justifica Casasco.
Apesar de reconhecer a necessidade da remodelação viária da entrada de Santos, Vera diz não concordar com a maneira como as plantas têm sido tratadas. “Me questiono. Sei que é preciso [a obra], mas não ao certo se houve tentativas de poupá-la, de se criar desvios. Sempre que optamos por um caminho, há perdas e ganhos”.