Grupo chama atenção para árvore centenária que será cortada em Santos

Conhecida como 'árvore-da-borracha', ela está marcada para morrer em razão das obras na entrada da cidade

Por: De A Tribuna On-Line, com informações de Eduardo Brandão  -  09/12/18  -  18:55
Conhecida como 'árvore-da-borracha', planta está marcada para ser cortada
Conhecida como 'árvore-da-borracha', planta está marcada para ser cortada   Foto: Rogério Soares/AT

Um grupo de fotógrafos manifestou-se em frente a uma árvore que está marcada para ser cortada, devido às obras na entrada de Santos, na manhã deste domingo (9). A planta, que tem mais de 110 anos, é uma de várias outras que estão marcadas para morrer.


O grupo ficou em frente à árvore, chamada de 'árvore-da-borracha', na altura do bairro Chico de Paula, à margem da Via Anchieta, com o objetivo de sensibilizar as autoridades a não arrancá-la do local. Com máquinas fotográficas e aparelhos celulares, eles tiraram diversas fotos da árvore.


“Para que eu chegue em casa mais rápido será preciso o corte da árvore. Uma pena. Por isso, marcamos esse encontro para fazer o registro fotográfico, que a manterá eterna”, diz Vera Hikari Kinjo, representante comercial e organizadora do encontro.


O trânsito na Via Anchieta, na entrada de Santos, sofreu alterações devido ao início das obras, segundo a Ecovias. Com isso, árvores que estão no local começaram a ser 'marcadas' para morrer.


"Projetos como esses deveriam levar em consideração o apelo ambiental. Ela existe há mais de 110 anos. Fala-se tanto de preocupação com o meio ambiente, em redução da temperatura do planeta, mas corta-se árvores”, opina a nutricionista Alice Okumura.


No fim do mês de novembro, a prefeitura de Santos retirou 79 palmeiras imperiais da Avenida Martins Fontes. A administração se manifestou dizendo que a retirada foi necessária por conta das obras que estão sendo realizadas no local.


Grupo de pessoas realizaram um protesto na manhã deste domingo
Grupo de pessoas realizaram um protesto na manhã deste domingo   Foto: Rogério Soares/AT

Espécie


De acordo com o paisagista Oswaldo Casasco, a árvore em questão é comum na região: trata-se de uma Ficus-elástica, conhecida com 'árvore-da-borracha'.


"Ela veio da região da Índia e Malásia, na década de 60. Era muito usada para decoração interna, não é daqui. Mas, depois, por crescer demais, as pessoas começaram a plantar por aí”, explica.


A árvore tem grande porte, copa avantajada e, no caso da localizada no Jardim São Manoel, é ‘vistosa’ e tem boa ‘saúde’. Casasco aponta que, mesmo assim, a remoção não deve impactar o ecossistema local.


"Ecologicamente, ela só tem efeito cênico. Não dá frutos, apenas sombra e acaba sendo invasora devido ao porte. Há várias delas espalhadas pela Cidade. E por ser de fora, não temos bactérias específicas para decompor as folhas, que quando caem, causam muita sujeira”, justifica.


Compensação


A Ecovias, concessionária do Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI) e responsável pela obra, diz que as remoções estão licenciadas. Serão 7.350 mudas de espécies nativas doadas, além de enriquecimento ambiental em uma área de 2,3 hectares, com a previsão de plantio de 1.230 mudas nativas ao município.


“Não adianta remover estas árvores, como as palmeiras imperiais, e colocar ‘mudinha’ pequena. Que seja para retirar uma árvore grande como essa e replantar dez mudas grandes”, justifica Casasco.


Apesar de reconhecer a necessidade da remodelação viária da entrada de Santos, Vera diz não concordar com a maneira como as plantas têm sido tratadas. “Me questiono. Sei que é preciso [a obra], mas não ao certo se houve tentativas de poupá-la, de se criar desvios. Sempre que optamos por um caminho, há perdas e ganhos”.


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