Fim de EJA em escola de Santos recebe críticas

Grupo de estudantes e servidores da UME Gota de Leite vai à Câmara para protestar

Por: Maurício Martins & Da Redação &  -  12/11/19  -  16:29
Com cartazes, os manifestantes protestaram e depois conversaram com diversos vereadores santistas
Com cartazes, os manifestantes protestaram e depois conversaram com diversos vereadores santistas   Foto: Silvio Luiz/AT

Alunos e funcionários da Unidade Municipal de Educação (UME) Gota de Leite, em Santos, protestaram nesta segunda-feira (11) na Câmara contra o fechamento do curso de Educação de Jovens e Adultos (EJA). A Prefeitura confirmou que não ofertará mais a EJA na unidade a partir do ano que vem por falta de demanda.


Após ouvir os manifestantes, os vereadores da Comissão de Educação da Câmara solicitaram uma reunião com integrantes da Secretaria de Educação (Seduc) na escola. O objetivo é ouvir novamente alunos e educadores sobre a decisão. A EJA, voltada a alunos a partir de 15 anos, é procurada por pessoas com deficiência e idosos em busca de alfabetização.


A dona de casa dona de casa Francisca Pereira, de 58 anos, começou este ano a estudar na Gota, junto com o marido de 74 anos. Nunca havia pisado em uma escola na vida e se diz apaixonada pela experiência. “Que não fechem, pois gostaria muito de continuar lá, me apeguei. Fico com medo de ir para outra”.


Também dona de casa Izabel Santos Alves, de 65 anos, está desde o ano passado na UME e afirma que vai parar os estudos com o fechamento do curso. “Logo agora que estou conseguindo aprender, que gosto das professoras e funcionários. Parece que estou em família. Não tem condições fechar, é falta de respeito”. 


A vereadora Audrey Kleys (PP) disse que ficou preocupada com a situação, mas afirma que verificou os números com a Seduc. “Não há hoje nessa unidade o mínimo de alunos estabelecido em lei para o atendimento da EJA. Mas esses alunos não param de estudar, vão ser oferecidas vagas em unidades próximas. Está garantida a matrícula deles (para 2020)”.


Manifestantes pediram que EJA da Gota de Leite não fosse fechada, já que local vê matrículas caírem cada vez mais
Manifestantes pediram que EJA da Gota de Leite não fosse fechada, já que local vê matrículas caírem cada vez mais   Foto: Silvio Luiz/AT

Segundo a parlamentar, a legislação prevê 50 alunos para manter o curso aberto e há somente 39 matriculados. “Uma situação irregular, segundo a Seduc. Precisam fazer essa correção ou serão cobrados pelo Tribunal de Contas por ter um equipamento aberto sem número mínimo de alunos”.


Críticas


Diretor do Sindicato dos Servidores Públicos de Santos (Sindserv), Cássio Canhoto ressalta que o encerramento do EJA fechará 11 vagas para professores, além de transferir oito funcionários.
Para ele, a Prefeitura poderia aumentar o número de matrículas se fizesse campanhas, além de evitar evasão (desistências).


“No início deste ano registramos 71 matrículas na EJA da Gota de Leite. No segundo semestre, foram 65. Teria que se intensificar o trabalho de busca ativa para que esses matriculados voltem a frequentar. Quem avisou os alunos do encerramento da escola foi o sindicato”.


Reposta


Em nota, a Prefeitura diz que há dois anos a demanda da EJA vem diminuindo. “Foram realizados estudos por técnicos da Seduc, com participação da Supervisão de Ensino e equipes gestoras das unidades, para replanejar a oferta do atendimento”.


Afirma também que os alunos serão acolhidos em unidades próximas ou em escolas da preferência do estudante, sem mudança no número de vagas. “Em 2020 também terá a abertura da modalidade no período da tarde na unidade Carmelita Proost Villaça (Ponta da Praia), a pedido da comunidade escolar.
A Administração Municipal ressalta que 13 escolas da Cidade manterão o curso de EJA para o ano letivo de 2020.


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