Filha fala sobre idosa há cinco dias sem alimentação na UPA de Santos: ‘Vai morrer na emergência’
Mulher de 84 anos segue recebendo soro enquanto aguarda vaga em UTI
A espera e a falta de material durante o período de internação viraram um pesadelo para uma família de Santos. Uma idosa, de 84 anos, está aguardando uma vaga na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) após passar cinco dias tomando apenas soro devido à ausência de alimentação na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Central. "Vai morrer na emergência", desabafa sua filha, Selma Regina Vicente Rodrigues.
De acordo com Selma, Marly Marques Vicente sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) anos atrás e teve a mobilidade reduzida, chegando a ficar acamada há dois anos. Após sua última internação, o apetite da idosa diminuiu e escaras - ferimentos - começaram a surgir em seu corpo.
Sob orientação dos médicos que realizam o atendimento domiciliar, a idosa foi levada para Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Central de Santos em 29 de junho. Ela foi transferida posteriormente para o Hospital Beneficência Portuguesa, onde recebeu duas bolsas de sangue e ficou internada por cerca de 15 dias.
A filha conta que a idosa voltou a apresentar sintomas após a alta e durante o atendimento domiciliar, profissionais notaram que o pé da paciente "estava caído". Ao ser encaminhada a UPA, ela teve a sonda trocada. "O cara da ambulância que insistiu e tirou o curativo para que o médico desse uma olhada. Ele viu que os ligamentos realmente estavam todos rompidos", comenta.
A aposentada segue internada na ala de emergência desde a última terça-feira (16), tomando soro. Entretanto, sua filha ressalta que o atendimento ainda não é suficiente. “Ela precisa se alimentar. Está com infecção e precisa de antibióticos mais fortes e sangue. Não sabemos mais o que fazer”, afirma Selma.
Em nota, a Fundação ABC, responsável pelas UPA, afirma que a paciente já havia dado entrada com o diagnóstico de úlcera no pé esquerdo com quadro de necrose, além de escaras pelo corpo. Eles também informam que devido ao quadro de broncopneumonia, a unidade já solicitou à Central de Regulação Municipal a transferência para a vaga de UTI.
A organização esclarece que não é de competência das UPAs disponibilizar terapia de nutrição enteral, sendo fornecida apenas em serviços de saúde especializados. A fundação finaliza esclarecendo que aguarda a liberação de vaga para transferência da paciente, que permanece monitorada.
