Fazer teste para coronavírus fica mais difícil em Santos

Exame RT-PCR voltará a ser realizado pelo laboratório estadual Adolfo Lutz, em São Paulo, que tem regras mais rígidas

Por: Maurício Martins  -  02/07/20  -  18:09
O exame RT/PCR é considerado o padrão-ouro para detecção de coronavírus
O exame RT/PCR é considerado o padrão-ouro para detecção de coronavírus   Foto: Matheus Tagé/AT

Os moradores de Santos terão mais dificuldade para conseguir fazer o teste RT-PCR, considerado o mais eficaz para a detecção do coronavírus em pacientes com sintomas. Isso porque o exame, feito a partir da coleta de secreções da nasofaringe (nariz a garganta) com um cotonete, voltará a ser de responsabilidade do Governo do Estado, por meio do Instituto Adolfo Lutz, na Capital. E os critérios exigidos são mais rigorosos do que os da Prefeitura.  


Nos últimos três meses, qualquer santista com algum sintoma poderia ir em uma policlínica e fazer o RT-PCR, que era analisado em laboratório particular, contratado pela Prefeitura. Segundo a Administração Municipal, o contrato com o Laboratório Centro de Genomas, de São Paulo, previa até 20 mil exames, ao valor unitário de R$ 150,00 (total de R$ 3 milhões), e está próximo do final. Já foram mais de 19 mil.  


Agora, com o protocolo do governo estadual, o RT-PCR só deve ser feito em pacientes com quadro respiratório agudo, febre e mais um sintoma, além de pessoas com síndrome respiratória aguda grave (falta de ar) ou em quem tem fatores de risco, como doenças crônicas associadas. A coleta das amostras deve ocorrer, obrigatoriamente, entre o 3º e o 7º dia após o início dos sintomas. 


O secretário de Saúde de Santos, Fábio Ferraz, explica que, embora a avaliação do caso e a coleta do exame sejam feitas por um profissional do Município, é preciso preencher um questionário com o relato do paciente, que será encaminhado ao Adolfo Lutz. Se os critérios não forem atendidos, o laboratório devolve a amostra sem processá-la.  


“A gente fez lá atrás o contrato com o laboratório privado porque o Adolfo Lutz não estava dando conta. Ele mesmo habilitou outros laboratórios e incentivou as prefeituras a fazer contratos. Fizemos uma tomada de preços e contratamos o Genomas. Foi o menor preço ofertado, R$ 150,0 por exame, valor bem competitivo. Nem em Santos encontramos mais barato”. 


O secretário explica que já foram pagos R$ 986,7 mil ao laboratório, do total de R$ 3 milhões. A intenção agora, diz ele, é evitar novos gastos e confiar que os resultados não vão demorar como no início da pandemia: o Estado demorava até 15 dias para enviar um laudo.  


 “Será uma transição. O Adolfo Lutz diz que tem capacidade de resposta em um tempo pequeno. Se não cumprir, podemos ver outra forma, como aditar o atual contrato em 25% ou fazer nova contratação. Do ponto de vista técnico, não temos nenhuma restrição ao Lutz, é extremamente competente. A nossa preocupação é o tempo de resposta”.  


Estado afirma que dará conta 


Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde afirma que a Plataforma de Diagnósticos de Coronavírus, coordenada pelo Instituto Butantan, foi criada para otimizar capacidade diagnóstica da covid-19 no SUS em São Paulo.  


“A rede é composta por 50 laboratórios habilitados e tem capacidade de processamento de até 8 mil amostras por dia gratuitamente. Por meio dela, há oferta de exames e laboratórios à disposição das 645 cidades com plena capacidade de atendimento e emissão de resultados em até 48 horas”.  


Protocolo estadual para teste: 


Síndrome gripal: quadro respiratório agudo com febre, acompanhada de tosse ou dor de garganta ou coriza ou dificuldade respiratória. 


Síndrome respiratória aguda grave (SRAG): síndrome gripal que apresente desconforto respiratório ou pressão persistente no tórax ou saturação de oxigênio (O2) menor que 95% em ar ambiente ou coloração azulada dos lábios ou rosto. 


Crianças: além dos sintomas anteriores, também são observados nelas os batimentos de asa de nariz, cianose (coloração azul-arroxeada da pele), esforço para respirar, desidratação e falta de apetite. 


Para os demais casos de síndrome gripal, é realizado o diagnóstico laboratorial nas pessoas com condição de risco, como doenças crônicas. 


Logo A Tribuna
Newsletter