Falta rumo a pesquisas do mar, dizem especialistas

É preciso direcionar objetivos para buscar financiamentos e levar resultados ao público. A falta de direcionamento para atacar os principais problemas ambientais pautou parte dos debates desta sexta-feira (6), último dia do seminário Cultura Oceânica

Por: Eduardo Brandão  -  08/09/19  -  00:30
Organizado pela Unifesp e parceiros, o encontro discutiu a cultura oceânica em dois dias de debates
Organizado pela Unifesp e parceiros, o encontro discutiu a cultura oceânica em dois dias de debates   Foto: Carlos Nogueira/AT

Responsável por tornar a Terra habitável, influenciaro clima e fonte de diversidade ambiental, o oceano ainda é pouco explorado. Pelo menos na costa brasileira, isso se deve a falhas na elaboração de projetos para pesquisas científicas. 


A falta de direcionamento para atacar os principais problemas ambientais pautou parte dos debates desta sexta-feira (6), último dia do seminário Cultura Oceânica, na Associação de Engenheiros e Arquitetos de Santos (AEAS), no Boqueirão, em Santos.  


O hiato entre a produção acadêmica e aplicação de conhecimento também foi abordado no painel Inovação Social e Cultura Oceânica. A plenária reuniu especialistas de universidades públicas, pesquisadores e educadores ambientais e entidades financiadoras de pesquisas acadêmicas.  


“A ciência é algo muito importante para ficar concentrada apenas nas mãos de cientistas”, resume Thiago Carlos Cagliari, coordenador do Programa de Pesquisa Oceanográfica e Impactos Ambientais, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A crítica foi no sentido de aproximara produção acadêmica da sociedade. 


Para a coordenadora adjunta de Ciências Humanas e Sociais da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Paula Montero, falhas na elaboração de projetos impedem destinar verba à produção científica. “O conhecimento tem que ser voltado para atender uma demanda específica”, diz. 


Segundo ela, a maior parte dos pedido de financiamento para pesquisas peca na delimitação da questão a ser enfrentada. “O problema e a possível área de aplicação devem ser bem claros. Enquanto isso não for alinhado, o projeto não avança (para ter financiamento pelo órgão).” 


O titular de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Fernando Martins, reconhece que a identificação do problema é o principal obstáculo na elaboração da produção científica. 


Políticas Públicas


O especialista ambiental e integrante do Circulando Educação Ambiental (CEA-SP), da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Rodrigo Machado, destaca a formulação de políticas públicas para transformar a produção científica em ações práticas e objetivas. Ele explica que esse trabalho deve partir da sociedade. 


Segundo ele, há agentes e grupos sociais atuando de forma isolada na preservação ambiental. O papel do CEA-SP é uni-los, para que o Poder Público) “deixe de ser o criador do debate para torná-lo parte da sociedade”. 


Unesco quer promover cultura oceânica


Promover a Cultura Oceânica é uma meta da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) de 2021 a 2030. 


O teor dos debates realizados desde quinta-feira (5) em Santos vai compor uma carta aberta à sociedade.O texto será somado à versão em português da publicação Cultura Oceânica para Todos.


Trata-se de um kit pedagógico da Comissão Oceanográfica Intergovernamental da Unesco para fazer a sociedade abordar a importância dos oceanos e como os temos tratado. 


Desafio
“É um desafio conciliar economia, desenvolvimento e conservação e a educação. Por isso, o conhecimento científico é fundamental para construir um futuro que inclua uma boa relação com os oceanos”, diz Ronaldo Adriano Christofoletti, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), uma das organizadoras do evento. 


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