Falta de professores preocupa pais de escola estadual em Santos

Segundo eles, falta de docentes é frequente na Escola Gracinda Maria Ferreira, no bairro São Jorge

Por: Tatiane Calixto  -  12/03/20  -  00:55
Pais também reclamam da infraestrutura da escola
Pais também reclamam da infraestrutura da escola   Foto: Matheus Tagé

A falta de professores pode colocar em risco um dos programas-vitrine do Governo do Estado. Pais de alunos da Escola Estadual Gracinda Maria Ferreira, no bairro São Jorge, em Santos, reclamam que, desde o início do ano, a ausência de docentes no colégio atrapalha o conteúdo pedagógico no Programa de Ensino Integral (PEI). Segundo eles, muitas vezes os filhos são obrigados a ficar no pátio durante as aulas vagas.


O problema, conforme o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado (Apeoesp), não é exclusividade da Gracinda. Isso porque a contratação de professores em São Paulo não acompanhou a ampliação do PEI e os novos programas. Por isso, postos vagos também são observados em outras unidades. 


“As aulas começaram em fevereiro e, desde o início, a minha filha comentou sobre a saída de vários professores. A partir daí, algumas aulas tinham professor substituto, mas dando aula sem se aprofundar no assunto. Acho que esperando pelo titular. Só que já estamos em março”, reclama Roberto Santana dos Santos, pai de uma aluna da escola.


Ele conta que, em alguns dias, os alunos ficam por horas no pátio, devido à ausência de docentes. “A escola diz que está aguardando a chegada de professores”. 


Márcia Maria da Silva tem um filho que também estuda no Gracinda. O garoto veio da rede privada motivado pelas boas referências da escola. “O colégio sempre foi muito bom”, diz a mãe.


“Mas o déficit de professores é grande e a estrutura do colégio está péssima. Falta água sempre”, afirma Márcia. Com isso, segundo ela, o filho está desmotivado e não quer ir à escola. “Estou procurando emprego. Mas, para trabalhar sossegada, preciso que ele estude em período integral”.


PEI 


Há anos o Gracinda atende no PEI. O programa tem matriz curricular diferenciada, com projeto de vida, orientação de estudos e práticas experimentais. Em 2019, o governador João Doria (PSDB) e o secretário da Educação Rossieli Soares anunciaram o que eles classificaram como a maior expansão do ensino integral da história de São Paulo.


Desde o início deste ano, o PEI está em ao menos 664 unidades da rede. O investimento anunciado foi de R$ 321 milhões. Segundo o estado, estudos apontam que o ensino integral melhora a aprendizagem dos alunos. 


No Ensino Médio, os impactos são vistos no Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (Idesp). Levantamento da Secretaria de Educação revela que escolas do PEI tiveram desempenho 1,2 ponto maior no último Idesp em relação a estudantes das escolas regulares.


 Apeoesp


Para a coordenação da Apeoesp, problemas como o envolvendo o PEI evidenciam a necessidade de realização de um concurso público para a contratação de professores na rede.


“O Governo de São Paulo começou a lançar novos projetos e está sendo um tiro no pé. Faltam profissionais e estrutura nas escolas”, afirma Sonia Maciel, diretora da executiva estadual e responsável pelas subsedes da Apeoesp no interior, o que inclui a Baixada Santista.


Ela cita programas como o Inova (que traz atividades alinhadas com a realidade e vocação dos alunos) e o próprio PEI que, além de exigirem espaços adequados das escolas, também demandam mais tempo e formação dos professores.


“Tanto que era uma exigência que, para dar aula no Inova, o professor já tinha que ter um curso específico. Diante do cenário, o estado decidiu que o professor pode pegar essas aulas e fazer o curso paralelamente”, explica Sonia. Outro problema apontado é o alto número de pedidos de aposentadorias e licenças médicas no setor.


Resposta


A Diretoria Regional de Ensino de Santos informa que, na ausência de professores, docentes eventuais são encaminhados para substituição. Ainda assim, caso ocorra a indisponibilidade de eventuais, é feito um cronograma de reposição para que não haja prejuízo aos alunos.


“Faltas não justificadas são descontadas”, diz a diretoria, por meio da assessoria de imprensa. A direção da EE Professora Gracinda Maria Ferreira ainda diz empenhar esforços para providenciar as reformas e manutenções necessárias na caixa d’água da escola, a fim de regularizar o problema. Inclusive, diz que um profissional foi avaliar as estruturas e fiações na manhã desta terça-feira. A unidade de ensino foi contemplada com R$ 84 mil do Programa Dinheiro Direto na Escola para a realização de intervenções que serão definidas pela comunidade escolar.


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