Água escorrendo pelas paredes e luminárias após uma fraca, porém, constante chuva ressaltaram, na manhã de ontem, os problemas estruturais da escola municipal Andradas II, na Aparecida, em Santos. O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Santos (Sindserv) afirma que o problema ocorre há mais de 10 anos e coloca em risco funcionários e alunos. A entidade reforça, ainda, que outras unidades também inspiram preocupação.
O autônomo Marcio Ferrão, de 42 anos, é pai de um aluno de 8, da Andadas II, ele critica a falta de energia da Prefeitura de Santos para resolver a questão. “O que precisa para esse negócio (obra) andar? Uma catástrofe? A morte de criança e dos funcionários?”. Em julho, o Município abriu licitação para a reforma das escolas Andradas I e II até o final do semestre.
O diretor do Sindiserv, Emanoel Julio, revela que durante o período sem aulas na pandemia, os danos estruturais em unidades escolares se mostraram mais evidentes. As denúncias e relatos feitos por profissionais têm chegado ao sindicato, que busca diálogo com a Secretaria de Educação da Cidade.
“Sem dúvidas, por conta do longo período sem atividade, a manutenção (nas escolas), que já era negligente e insuficiente (pioraram). Nesse período, de pandemia e eleições (no ano passado), existiram outras prioridades. Em detrimento da manutenção das escolas, o governo preferiu priorizar obras com maior visibilidade”, criticou Emanoel Julio.
Além da Andradas II, com problema recorrente na laje, outras unidades citadas pelo sindicalista foram: Oswaldo Justo e Cely de Moura Negrini, ambas na Zona Noroeste.
Na Oswaldo Justo, de acordo com o diretor, apresenta rachaduras na caixa d’água, o que acarreta desperdício e aumento da conta aos cofres públicos. Em relação a escola Cely de Moura Negrini, há 10 dias o forro do teto caiu e quase atingiu estudantes – o problema também é decorrente de infiltrações.
Ainda sobre a unidade Andradas II, o sindicalista ressalta que a Prefeitura sempre realiza intervenções paliativas (momentâneas). Ele revela que para drenar a água acumulada na laje, foram feitos furos nesta. “A água drenou, mas estávamos em estiagem (sem chuva) e na primeira chuva alagou”. Ele conta que os furos foram feitos dentro de uma sala de aula no segundo andar, que ontem foi interditado.
“O sindicato tem participado desde o ano passado de conversas (sobre o assunto). Em uma destas, há uns 15 dias, a Secretaria da Educação e Defesa Civil disseram que a escola estaria em condições de receber os alunos”, citou Emanoel Julio.
O pai do estudante de 8 anos, Márcio Ferrão, diz que no começo do ano o filho voltou às aulas presenciais e pouco depois deixou de ir à escola devido aos problemas estruturais. “Houve problema de choque elétrico, por isso (o filho) não foi (para a escola). Professores e funcionários chegaram a tomar choque com fios descascados. Agora, mais uma vez, tem água correndo por luminária em um ambiente cheio de criança”.
Ele finaliza: “teve autorização da Defesa Civil. Confiamos na palavra da Defesa Civil, mas, depois de hoje, que não foi nem tempestade, ficamos preocupados”.
Em nota, a Secretaria de Educação (Seduc) afirmou que as aulas devem permanecer remotas para os alunos que usam as classes do segundo andar. A pasta informa ainda que técnicos da subprefeitura e também da Seduc já estão no local para solucionar o problema.
Segundo a Seduc, o alagamento foi causado por conta de um problema na caixa d'água, que havia passado por manutenção um dia antes e apresentou defeito durante a madrugada. Os alunos foram avisados que as aulas seriam remotas, de acordo com a Secretaria.
A Prefeitura de Santos assumiu o prédio em 2009, depois de compartilhar a gestão com o Estado por dois anos. O prédio foi construído em 1964 e a reforma, que foi solicitada diversas vezes pela comunidade, está prevista para este ano, mas a data não foi informada pela Administração Municipal.