Diferença de preço do litro da gasolina chega a 13% em Santos: 'Cada hora aumenta mais'

Entre postos visitados por A Tribuna nesta segunda (22), dois estavam com preços acima da média semanal medida pela Agência Nacional de Petróleo (ANP)

Por: Júnior Batista  -  23/02/21  -  17:50
Empresa afirma que baseia os preços na taxa de câmbio e em variações do mercado internacional
Empresa afirma que baseia os preços na taxa de câmbio e em variações do mercado internacional   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

Com as últimas altas da gasolina nas refinarias na semana passada, postos de Santos chegam a vender o litro do combustível com diferença de pelo menos 13% no preço, o que compensa uma pesquisa antes de abastecer o veículo.


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Entre postos visitados por A Tribuna ontem, dois estavam com preços acima da média semanal medida pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) - a última pesquisa é referente à semana do dia 7 ao dia 13 de fevereiro, antes do último aumento do dia 18 feito pela Petrobrás.


O ANP aponta que a gasolina está sendo vendida a R$ 4,83 aos consumidores. Em Santos, dois postos cobravam acima desta média: R$ 5,19 na Vila Mathias e R$ 5,34 no Valongo.


Outros dois postos tinham preços abaixo da média: no Centro e no Paquetá, eram R$ 4,69 e R$ 4,64, respectivamente.


“Estou usando etanol. É o jeito por enquanto já que eu rodo muito. Não tem como comprar gasolina, cada hora aumentando mais. Está muito difícil”, lamenta o motorista de aplicativo Osiel Gomes Nogueira, de 50 anos.


O preço médio nas refinarias saltou de R$ 1,84 em 29 de dezembro para R$ 2,48 na sexta-feira. Com esse reajuste, chega a 34,78% a alta nas refinarias. O reajuste da semana passada foi o quarto aumento do ano feito pela estatal.


A inflação da gasolina, medida pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), mais do que dobrou na segunda prévia do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M). A aceleração foi tanto para os consumidores quanto para produtores.


No primeiro caso, a taxa passou de 1,67% em janeiro para 3,65% este mês. Já no segundo, a alta foi ainda maior: após uma alta de 5,46% no mês passado, a gasolina automotiva subiu 13,47% em fevereiro.


Gasolina tem carga tributária de 42%


Para o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo (Sindicombustíveis Resan), José Camargo Hernandes, a raiz dos problemas são os impostos. Ele menciona os dados da própria Petrobras sobre a composição dos preços ao consumidor.


“São 42% em impostos, entre tributos federais e estaduais. A saída mais possível é mexer nessa questão, não trocar comando na canetada. O que o Bolsonaro fez é ainda pior do que a Dilma. Os prejuízos serão catastróficos”, afirma Hernandes, relembrando as políticas para congelar os preços dos combustíveis na estatal, em 2015.


Na época, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da empresa apontou que as movimentações para conter os preços dos combustíveis custou R$ 100 bilhões em perdas.


Na sexta-feira, Bolsonaro anunciou a demissão do presidente da empresa, Roberto Castello Branco, e o sucessor, o general Joaquim Silva e Luna. No mesmo dia, Bolsonaro ainda criticou os aumentos e falou que os preços do diesel são “excessivos”.


Procurado, o Ministério da Economia não respondeu. A Secretaria da Fazenda e Planejamento do Estado afirmou que o aumento do preço dos combustíveis é atribuição da Petrobras e que São Paulo não interfere no assunto.


A pasta disse ainda que o Estado pratica uma das mais baixas alíquotas de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre combustíveis no país – 25% na gasolina.


Sonegação


“Postos que sonegam impostos ou trabalham com combustíveis de origem duvidosa são lacrados, mas depois voltam a funcionar. Acredito que isso também precisa ser aperfeiçoado, seja endurecendo as leis contra sonegação, seja aumentando a fiscalização. Há estudos que apontam uma perda de até 50% por conta do não pagamento de impostos. Isso também faz o preço nas bombas ficar mais caro”, afirma José Camargo Hernandes, Presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo (Sindicombustíveis Resan).


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