Considerado uma das referências da cardiologia paulista, o médico Sérgio Paulo Almeida Bueno de Camargo, 73 anos, morreu neste sábado (2). O profissional de saúde santista é mais um que perdeu a luta contra a Covid-19. Ele estava internado há 15 dias no Hospital Sírio Libanês, na Capital.
Descrito por seus pares como um dos mais dedicados e estudiosos médicos da região, Camargo deixa um legado em defesa da rede pública de saúde e de alerta aos cuidados de prevenção ao infarto agudo no miocárdio. Também era conhecido pela dedicação plena aos pacientes, no qual valia-se de seu prestígio na comunidade médica para encaminhamentos de vagas nos hospitais de referência no Estado.
“Era até classificado como linha-dura por suas convicções claras e seu enorme conhecimento médico. Um grande cardiologista dedicado aos seus pacientes”, recorda o médico Marcos Caseiro. “Um amigo querido que conversávamos com frequência. É assustador ver mais um profissional de saúde perder a vida por essa doença”, continua.
O cardiologista era figura constante nas colunas e artigos do jornal A Tribuna, no qual abordava a importância em se intervir na fase pré-hospitalar do infarto, definindo prioridades e estratégias. Ele defendia também adoção de programas que permitissem identificar o perfil dos casos que não chegam aos hospitais e suas causas, a fim de bem estruturar unidades de atendimento.
“É um posto que ficará vago. Nenhum outro profissional tem, atualmente, a capacidade de ocupar o lugar que ele atuava na cardiologia paulista. Uma perda irreparável”, afirma o médico Evaldo Stanislau.
Desde o começo da pandemia, Camargo demonstrava preocupação com a velocidade de transmissão e escalada da curva de infectados. “Uma imensa fatalidade. E por ironia do destino, virou mais uma estatística negativa. É um dia extremamente triste”, continua Stanislau.
Caseiro reafirma que a morte do profissional demonstra a importância da quarentena, em especial à faixa etária acima dos 60 anos, a mais letal da pandemia. “É um tapa na cara às autoridades despreparadas que colocam esse discurso de que a Covid-19 é uma doença comum. Não é. É muito grave. Imploro a todos: fiquem em casa”.