Campanha visa liberar trecho da praia de Santos a cães

Objetivo é ter uma faixa de areia aos cachorros

Por: Da Redação  -  16/04/19  -  23:01
Mudança de status social dos cães é inspiração de quem defende a ideia
Mudança de status social dos cães é inspiração de quem defende a ideia   Foto: Carlos Nogueira/ AT

Permitir um trecho na faixa de areia para que tutores e seus cães aproveitem a praia. É com essa proposta que o movimento 'Vai Ter Cachorro na Praia' vem ganhando força em Santos. A ideia é delimitar uma área à beira-mar que possa ser frequentada pelos cães, já que, hoje, isso é proibido.


Segundo a Prefeitura de Santos, a Lei 3.531/1968 diz que qualquer cão só poderá andar nas vias públicas se levar focinheira e estiver em companhia de seu proprietário, respondendo este pelas perdas e danos que o animal porventura causar a terceiros.


Excetua-se, no entanto, “a faixa de areia da praia, na qual cães e gatos não poderão circular, mesmo que utilizando açaimo [fucinheira] e coleira, permitido apenas os que estiverem no colo de seus condutores”, diz a legislação. No ano passado, 78 multas foram aplicadas a pessoas que descumpriram a regra.


E foi exatamente em uma situação como essa que Patrícia Camargo resolveu incentivar na cidade a discussão sobre a delimitação de uma faixa na areia para os cães. Patrícia conta que ela e o marido defendem a bandeira pet friendly divulgando eventos, locais e viagens para as pessoas irem com seus cães. “Por conta disso, fui chamada para fazer parte de um grupo, o 'Vai ter Cachorro na Praia, Sim'”.


O grupo reúne pessoas de todo o país. E, até então, Patrícia apenas acompanhava o trabalho em outros estados. “Mas um dia, às 7h30, estava andando na praia com meu marido, quando vi um carro da Guarda Municipal entrando na faixa de areia para multar uma senhora que estava com um cachorro”. Patrícia resolveu, então, militar pela causa e decidiu levar o debate para a internet. A repercussão, segundo ela, foi grande.


Conscientização  


Ela explica que a ideia é ter uma área em que os tutores possam frequentar com seus cães. O espaço viria atrelado a um trabalho de conscientização e até do pleito do aumento do número de lixeiras no local. Conforme Patrícia, o assunto já foi levado a parlamentares para se debater um projeto de lei.


“Nós estamos discutindo isso na Câmara. Estamos pensando em cada detalhe desde a questão da saúde pública até os deveres dos tutores. Em Santos, temos muitos moradores que têm cachorros e não temos na cidade nenhum parque público, nenhum local adequado e seguro para curtir com os bichinhos. Em contrapartida, temos a praia que, na verdade, queríamos só uma faixa”, detalhe Patrícia, que tem um casal de cães: Nina e Armandinho.


A advogada Karina Miqueleto Vidal Requejo também faz parte do grupo. Para ela, apesar de proibido, as praias são frequentadas por cães. Por isso, regulamentar uma área delimitada resolveria duas questões: “a daqueles que querem levar seus cachorros e acabam infringindo a lei e daqueles que são contrários à livre circulação, já que tendo um espaço específico, quem não gosta, não vai”.


Karina chama atenção para a mudança social e salienta que se os cães antes eram guardas no quintal, hoje, muitos são membros da família. “Então, a maioria dos tutores é mais consciente em relação à saúde e prevenção de doenças dos cães”, diz Karina, argumentando que isso diminuiria as chances de possíveis contaminações. “Muitas das doenças hoje adquiridas por pessoas que frequentam as praias não estão relacionadas aos dejetos dos animais, mas com o lixo produzido pelos humanos”.


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