Alunas de Santos criam dispositivo sonoro para auxiliar mobilidade de deficientes visuais

O sistema sonoro desenvolvido por alunas da Etec Dona Escolástica Rosa poderá ser viabilizado pela Prefeitura de Santos

Por: Beatriz Viana  -  15/02/21  -  14:20
Alunas transformaram seu TCC em projeto de lei com apoio da vereadora Audrey Kleys
Alunas transformaram seu TCC em projeto de lei com apoio da vereadora Audrey Kleys   Foto: Acervo Pessoal

Motivadas pelo ingresso de um colega portador de deficiência visual em sua turma na Escola Técnica Estadual (Etec) Dona Escolástica Rosa, três alunas do curso técnico de Logística começaram um projeto que pode revolucionar a mobilidade urbana santista.


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Por meio de um Trabalho de Conclusão de Curso, intitulado "Transporte público, deficientes visuais e a mobilidade urbana", as estudantes criaram um sistema sonoro capaz de auxiliar na acessibilidade de passageiros com deficiências visuais. Carla da Silva Ribeiro, Juliana Entenza Santos e Rúbia do Amaral Ferreira Conceição são as responsáveis pelo projeto.


Segundo Juliana, houve um cuidado em aproximar-se da realidade dos deficientes visuais em Santos. A pesquisa para o trabalho começou em 2018. "Acompanhávamos diariamente as dificuldades enfrentadas por ele [colega de classe] para se locomover sozinho pela escola e pensamos que essa dificuldade seria ainda maior no caminho de ida e vinda à instituição".


O projeto


A ideia começou a tomar forma seguindo as demandas relacionadas pelo grupo. "Queríamos algo que fosse útil para a população e que fizesse parte de seu dia a dia. Desde o início, um projeto de acessibilidade no transporte público era uma opção. Achamos que seria um ótimo tema".


Foram realizadas duas visitas ao Lar das Moças Cegas para entender o formato do projeto, observando as dificuldades enfrentadas por essa população em seu cotidiano com transporte público.


Rúbia esclarece que o transporte público atual na cidade não é tão acessível. "Atualmente a empresa Piracicabana, responsável pelo transporte público em Santos, fornece horários e localizações dos ônibus, mas não oferece um suporte específico para ajudar aqueles que não sabem a hora de descer no ponto correto".


Juliana reconhece o impacto que o projeto pode ter na mobilidade da região. "Fico muito feliz por todo esse reconhecimento. Não imaginava que pudesse alcançar essa proporção e virar um projeto de lei. Espero que brevemente ele faça diferença na vida dos deficientes visuais, proporcionando cada vez mais a inclusão das pessoas com necessidades especiais ou específicas", conclui.


Inicialmente, a ideia seria criar um aplicativo. Porém, como as alunas estavam no curso de Logística, tornou-se mais viável o desenvolvimento de um sistema de som, seguindo sua área de expertise.


Sistema sonoro


Segundo a proposta do grupo, os passageiros receberão do órgão público competente um aparelho transmissor, onde irão cadastrar a linha desejada de ônibus. No momento em que o veículo da linha escolhida se aproximar do ponto de ônibus, será emitido um sinal para o motorista, alertando que um deficiente visual deseja subir no próximo ponto. Será emitido um sinal sonoro com o nome da linha para alertar o passageiro e possibilitar sua entrada no ônibus.



Legenda: O grupo apresentou seu projeto no XI Cobric, na Universidade Santa Cecília (Unisanta). (Foto: Acervo Pessoal).

O dispositivo funcionará via GPS, com transmissão de informações em tempo real, como o nome da rua e o ponto de referência do ponto. Será necessário um suporte de uma segunda empresa especializada nesse serviço, para que tudo ocorra como o planejado.


O trabalho foi orientado pelo professor e coordenador do curso, José Angelo Justo Alvarez. Segundo o professor, o projeto era muito interessante para a região. "Em pesquisa, o grupo constatou que54% de deficientes em Santos são deficientes visuais. O projeto destaca a importância da adoção de um sistema que auxilie esse público", revelou.


A partir do TCC, o projeto foi abraçado pela vereadora Audrey Kleys e aguarda discussão no plenário da Câmara dos Vereadores de Santos para se tornar uma medida oficial na cidade. Ele também foi destaque noXI Congresso Brasileiro de Iniciação Científica (Cobric), promovido pela Universidade Santa Cecília (Unisanta).


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