Área Continental de Santos sofre com transporte deficiente, falta de esgoto e saúde deficitária

Apesar dos problemas, moradores não trocam a região por nada

Por: Rosana Rife & Da Redação &  -  05/10/20  -  22:08
Moradores do Caruara ressaltam o sossego, mas sofrem com o transporte que só passa duas vezes ao dia
Moradores do Caruara ressaltam o sossego, mas sofrem com o transporte que só passa duas vezes ao dia   Foto: Carlos Nogueira

Moradores da Área Continental de Santos sofrem para utilizar o transporte coletivo. O intervalo longo entre os ônibus são a principal queixa de quem vive no Caruara e Monte Cabrão.


Clique aqui e assine A Tribuna por apenas R$ 1,90. Ganhe, na hora, acesso completo ao nosso Portal, dois meses de Globoplay grátis e, também, dezenas de descontos em lojas, restaurantes e serviços!


O marinheiro aposentado, João Luiz Rosa, 71 anos, mora no Caruara há 30, e conta que a situação está bem complicada. Ele tem de madrugar quando precisa ir ao médico ou realizar o tratamento com nefrologista, que só conseguiu em São Vicente.


“Tenho de estar no Ambulatório de Especialidades (AME) às 10 horas. Então, saio com muita antecedência, às 5h30, porque o ônibus demora muito para passar e, se perco, vou me atrasar para o tratamento”.


Já a companheira dele, Antônia Alves, 50 anos, pede ampliação no horário. “À tarde e à noite, você tem ainda menos opção. Se estiver em Bertioga e perder o último circular que chega aqui por volta das 23h30, vai ficar na rua”.


Senta e espera


A costureira Sandra Monteiro, 69 anos, perdeu o coletivo das 9 horas que a levaria para Bertioga. Resultado: um chá de cadeira de duas horas no ponto. “Entre 10 e 15 minutos, estou lá. Mas espero duas horas para pegar um ônibus. É um absurdo”.


A cozinheira Rose Cristina Bastos de Araújo, 56 anos, costuma ir para a igreja, no bairro Vista Linda, em Bertioga, às terças, quintas e domingo. Mas assiste ao culto de olho no relógio. O medo é de perder o coletivo que passa às 21h20.


“Pego o ônibus na estrada. Se perco, o próximo passa somente 23h35. Isso já aconteceu um dia. Daí a gente tem que pôr Deus na frente e orar para não ser assaltado”.


Mais problema


Cães soltos na rua, falta de coleta de esgoto e dificuldades para retirar correspondências e encomendas no posto dos Correios após furto ocorrido em junho. Essas são algumas das queixas do aposentado Oswaldo Barros, 57 anos. “Não votarei em ninguém este ano. Eles só sabem vir aqui para pedir voto. Depois, somem. Estamos esquecidos”.


O presidente da Sociedade de Melhoramentos do bairro, Robson Alonso, 63 anos, diz ainda que falta para os moradores a continuidade da regularização fundiária. “Estamos há 23 anos esperando a solução desse problema”.


Prefeitura


Em nota, o Município informou que a Coordenadoria da Defesa da Vida Animal (Codevida), realiza campanhas para evitar o abandono de animais e realiza castração de cães de graça para tentar minimizar or problema. “Ressaltamos que a Codevida não resgata animais abandonados”. 


Quanto à regularização fundiária, a Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedurb) informou que o processo está em andamento, com Auto de Demarcação Urbanística do bairro já está registrado em cartório desde fevereiro.


A Secretaria, em parceria com a Defesa Civil e Secretaria de Meio Ambiente (Semam), também apresentou estudos técnicos de risco e ambiental no Conselho de Defesa do Meio Ambiente (Comdema), cumprindo legislação federal, uma vez que existem áreas de preservação permanente no local.


A aprovação do projeto corresponde à aprovação urbanística e ambiental. Por isso, os estudos estão sendo analisados pela Câmara Técnica de Legislação do Comdema.


Assim que a análise estiver concluída, o relatório será submetido ao Comdema, e, depois, a secretaria poderá concluir a regularização no bairro.


Correios


A empresa informa que encomendas e objetos qualificados devem ser retirados na agência de Bertioga (Avenida Anchieta 387 Área Tamoios 4 – Centro), das 9h às 14h. Quanto às correspondências, informa ainda que não são entregues em domicílio pois se trata “de uma zona rural, desta forma não é possível realizar a entrega domiciliária, conforme os parâmetros da legislação postal”. A empresa diz ainda que os moradores que tiverem problema podem entrar em contato pelos telefones 3003-0100 e 0800 725 0100 ou pelo endereço http://www.correios.com.br/fale-com-os-correios.


Transportes e esgoto


A BR Mobilidade informou, em nota, que atua para manter a “normalidade na operação” no Caruara e em Monte Cabrão. E diz que todas as linhas estão em operação. a empresa pede que os usuários utilizem o aplicativo Quanto Tempo Falta para verificar o horário dos circulares. Mas, em momento algum, cita aumento no número de ônibus, conforme pedido dos moradores.


Já a Secretaria dos Transportes Metropolitanos (STM) afirma que intensificará a fiscalização que faz nos ônibus na Baixada, incluindo mantém as linhas que atendem Monte Cabrão e Caruara. A fiscalização é feita por funcionários da EMTU. Diz ainda que quando é verificada a necessidade de novos veículos, “eles são incluídos no sistema”.


A Sabesp esclarece que o projeto para coletar e tratar o esgoto de imóveis em áreas regulares de Caruara está concluído, com previsão de investimentos de R$ 30 milhões para a construção de duas estações para bombeamento, uma estação para tratamento dos esgotos, além de mais 12 km de redes coletoras e 721 ligações domiciliares.


A estatal acrescenta, no entanto, que aguarda dois processos de desapropriação de áreas para dar início às obras.“Informamos que os projetos executivos do sistema de esgotamento sanitário de Monte Cabrão também se encontram concluídos e as obras integram a 2ª Etapa do Programa Onda Limpa”.


Transporte é insuficiente em Monte Cabrão


Quem vive no Monte Cabrão também pede melhorias no transporte público. O intervalo entre um ônibus e outro vira um drama para os moradores, conta o vice-presidente da Associação de Moradores, Solon Rodrigues Bonfim, 62 anos.


“Só temos até 8 horas. Depois, 15 horas. Antes, ainda havia um às 11h30, mas retiraram de circulação. Tem gente que precisa resolver algo em Vicente de Carvalho ou mesmo no Centro de Guarujá e não consegue”.


Ele destaca ainda a falta de remédio na policlínica do bairro como outra dificuldade. “Também demora para passar por consultas e exames”.


O bairro também aguarda pela instalação de rede coletora de esgoto. conta o presidente da Associação dos Moradores, Salomão Eusébio Duarte, 74 anos. “Está precário, o esgoto acaba indo para o mangue”.


Prefeitura


A Secretaria de Saúde de Santos (SMS) informou, em nota, que a policlínica conta com um médico, que substitui temporariamente o profissional do Mais Médicos que se desligou do programa. A secretaria busca repor a vaga por meio de remanejamento ou ingresso de aprovados em concurso para médico da Saúde da Família. Está prevista a nomeação de quatro profissionais e um deles será deslocado para a unidade.


Já o tempo médio de espera por consulta e exames de laboratório, de acordo com a secretaria, é de uma semana. Mas casos urgentes são atendidos antes. Para exames especializados, “são seguidas listagens eletrônicas de acordo com a urgência do caso e data da solicitação”. E, por conta da pandemia houve suspensão de consultas por três meses, “retornando gradativamente a partir da segunda quinzena de junho”. 


Já em relação aos medicamentos, a secretaria destacou que a cota da unidade é enviada mensalmente, “podendo haver faltas pontuais de itens que estão em desabastecimento devido à ausência de fornecedores no mercado”.


Logo A Tribuna
Newsletter