Professores da Baixada Santista comemoram vacinação e dividem opiniões sobre retorno às aulas

Imunização traz alívio, mas volta às salas ainda causa preocupação, tensão e receio em alguns profissionais; veja o que profissionais disseram à ATribuna.com.br

Por: Brenda Bento  -  11/04/21  -  18:08
Professores da Baixada Santista comemoram 1ª dose da vacina contra Covid-19
Professores da Baixada Santista comemoram 1ª dose da vacina contra Covid-19   Foto: Arquivo pessoal

Com a antecipação do calendário de vacinação dos profissionais da Educação anunciado pelo governo estadual na última sexta-feira (9), os professores da Baixada Santista receberam a 1ª dose do imunizante no sábado (10).


Em entrevista à ATribuna.com.bralguns deles contaram como foi desde o cadastro no site VacinaJá Educação até finalmente receberem a dose. Confira abaixo a opinião deles sobre o retorno às aulas.


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Morador de Praia Grande, o professor Eduardo Sebastião Silva, de 53 anos, recebeu a 1ª dose da vacina contra Covid-19 no sábado (10). Ele contou que chegou às 7h15 no Ginásio do Rodrigão, no bairro Tupi, mesmo sabendo que a vacinação começaria às 9h, mas pensou que haveria grande fila no local.


"Esperei muito pouco, quando foi 8h58 já havia sido vacinado. Estava bem organizado, estruturado e não houve problemas. A sensação de tomar a vacina é dupla. Por um lado, dentro desse ano traumático que a gente está vivenciando tomar a vacina assina a possibilidade de uma volta à realidade, que eu não chamaria de normal, mas uma realidade próxima à dinâmica que vivíamos no passado. Claro, foi só a primeira, ainda falta a segunda dose, então a imunidade ainda não chegou, mas o alívio veio", destacou.


Silva afirmou que a outra visão dele em relação à vacina é enquanto cidadão, pois sabe que agora faz parte uma parcela muito pequena que está próxima à imunização total contra o vírus. "Nós brasileiros estamos longe dessa desejada imunidade e essa situação causa uma certa preocupação. É triste saber que temos tão poucas pessoas vacinadas, se olharmos dentro do próprio magistério, nós temos um número muito grande de professores abaixo de 47 anos. Então quando a gente vê a estatística, ela descaracteriza toda a realidade das escolas particulares e, principalmente, das municipais onde o número de professores abaixo de 47 anos é bem grande, bem significativo", afirmou.


Com a segunda dose marcada para 1º de maio, ele reforçou que manter a ansiedade após o processo de cadastro até a chegada da declaração com o QR Code foi uma grande expectativa.


"Acho que a partir da segunda dose a gente vai ter uma situação mais clara do que e de como será o nosso trabalho daqui para frente porque essa tensão de retorno às aulas, número reduzido de alunos é uma coisa complicada, por mais que a gente tenha algumas informações sobre formas de contágio ainda é tudo muito incerto, entã há uma certa tensão nesse retorno", explicou Silva.


Esperança de dias melhores


A professora Elaine Abud, de 56 anos, dá aula em Santos e recebeu a primeira dose da vacina contra Covid-19 na Unidade Básica de Saúde (UBS) da Vila Mathias no sábado (10) e disse que foi bem atendida.


"Tomar a vacina dá um pouco de esperança de que dias melhores virão, de que a ciência irá colaborar para que criemos anticorpos mais rápido para vencermos essa doença", afirmou.


Elaine disse que está receosa com o retorno das aulas presencialmente, pois, segundo ela, significa um aumento de pessoas nas ruas o que pode causar maior contágio dentro das escolas.


"Principalmente pelos alunos que não conseguem manter o distanciamento necessário e fazê-los usar a máscara é um pesadelo, passamos um bom tempo da aula explicando o motivo que devemos usar a máscara corretamente, citando casos de pessoas que pegaram Covid-19 e pedindo para eles relatarem como estão nas casas deles, se tiveram ou tem contato com pessoas infectadas e isso afeta na vida de todos. Tentamos sensibiliza-los para que tomem o cuidado necessário", finalizou.


'Ansioso pelo retorno'


Outro professor que recebeu a imunização no sábado (10), foi Cesar Labandeira, de 53 anos. Professor há 25 anos, ele trabalha atualmente em escolas da rede privada em Praia Grande, São Vicente, Santos e Guarujá.


Segundo Labandeira, o processo de vacinação foi muito rápido. "Fui até o Ginásio, aparentemente tinha uma fila grande, mas foi tudo bem rápido. Os agentes da Saúde estavam dividos em funções."


"Não tive de ontem para hoje nenhuma reação [da vacina]. Enfim chegou a nossa vez, nós professores, porque a pressão é grande para o retorno das aulas presenciais nas escolas só que tem dois pontos importantes para nós", afirmou.


De acordo com Labandeira, o professor que dá aula de forma remota precisa preparar previamente as apresentações e conteúdos que serão ministrados e isso acaba dobrando o trabalho deles. "Se eu vou dar seis aulas amanhã de manhã das 7h às 13h, hoje a tarde tenho que preparar essas apresentações e perco umas 5h, então o trabalho do professor aumentou muito, no mínimo dobrou."


"O professor que dá aula de manhã, no período da tarde e da noite em que momento ele vai preparar essa aula? Presencialmente temos o quadro, a lousa é muito mais prático. Tudo isso fez com que a gente aprendesse a mexer em muitas ferramentas que isso só vai somar na nossa aula daqui para frente. Apesar da lousa podemos usar os recursos então isso foi uma coisa boa", justificou.


Labandeira também lembrou a questão dos alunos que, em grande parte, infelizmente não têm os recursos tecnológicos em casa. "Não tem muitas vezes um computador, pode não ter um celular, se tem o celular pode não ter internet. como esse aluno ia acompanhar essa aula?".


"Estou bem ansioso com o retorno, uma vez que estamos sendo imunizados a gente pode voltar. Sou a favor do retorno desde que estejamos imunizados. Estou contente com isso tudo e pronto para retornar presencialmente", comemorou.


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