Prefeitos da Baixada Santista defendem adiar eleições municipais

A primeira votação deste ano está agendada para 4 de outubro, enquanto a segunda será dia 25 do mesmo mês; Congresso pode mudar datas

Por: Matheus Müller  -  24/05/20  -  12:00
TSE garante a manutenção do calendário eleitoral, apesar de pedidos de adiamento
TSE garante a manutenção do calendário eleitoral, apesar de pedidos de adiamento   Foto: Divulgação

As eleições municipais estão marcadas para 4 de outubro, mas, em meio à pandemia do novo coronavírus, os prefeitos da região se mostram favoráveis a um adiamento para novembro ou dezembro, caso a curva de infectados e mortes pela Covid-19 não caia.


O assunto desperta preocupação. Tanto que uma comissão mista no Congresso Nacional deve começar a debater o tema nos próximos dias e o presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reconhece que a postergação do pleito por algumas semanas “é quase unanimidade na Casa”.


Em terras litorâneas, o prefeito de Santos e presidente do Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Baixada Santista (Condesb), Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), entende que a votação deva ser realizada ainda este ano, fazendo com que os eleitos em 2016 sigam nos cargos até 31 de dezembro, “respeitando a democracia” e sem prorrogação de mandato.


O prefeito de Mongaguá, Márcio Cabeça (Republicanos), acredita que, com o isolamento social, a maioria dos eleitores não terá informações suficientes sobre possíveis candidatos, o que o faz crer num adiamento para dezembro.


“Isso não prejudicaria o pleito e permitiria à população participar ativamente deste momento democrático. Confiamos nas decisões do Poder Judiciário e voltamos nossas atenções ao enfrentamento da pandemia e resgate da Economia”.


Outro que segue a mesma linha é o chefe do Executivo de Bertioga, Caio Matheus (PSDB). Ele defende o pleito em 4 de outubro somente se o coronavírus estiver sob controle. “Estamos preparados para a eleição em qualquer data. O mais importante agora é preservar a vida das pessoas”.


Sob o argumento de que “é a medida mais prudente a ser tomada neste momento, pois não altera o planejamento eleitoral e resguarda a saúde dos brasileiros”, o prefeito de São Vicente, Pedro Gouvêa (MDB), é mais um a favor do adiamento.


Preocupação


O chefe do Executivo de Praia Grande, Alberto Mourão (PSDB), acredita que o adiamento deva ocorrer pelo menos até novembro e lista as dificuldades que podem surgir no processo eleitoral. “Mesmo que as convenções partidárias sejam virtuais, em junho, o eleitor precisa conhecer as propostas dos candidatos, ter o contato com eles. Há o risco de o debate se tornar uma polarização e não efetivamente a busca de um projeto de sociedade”.


O prefeito de Peruíbe, Luiz Mauricio (PSDB), concorda que haverá prejuízo. “Caso não estivéssemos sob efeitos da pandemia, estaríamos tratando das alianças e fazendo reuniões prévias nos partidos, inclusive para construção de planos de governo. Isso tudo mudou. A cabeça das pessoas não está na eleição”.


Cenário atual é prejudicial a candidatos de oposição


O cientista político Marcelo Di Giuseppe entende que o cenário modificado por causa da pandemia do novo coronavírus prejudica, em especial, os candidatos de oposição. “O candidato da situação ou o prefeito que vai para a reeleição já leva uma vantagem, porque ele é conhecido e tem um reconhecimento pelo que faz”.


Dessa forma, ele defende o adiamento do pleito para dezembro. “Se quisermos ter um pleito com equidade, deveríamos tem um tempo para todo mundo fazer o trabalho”.


Avaliação


Segundo Di Giuseppe, em geral, autoridades que têm adotado medidas mais duras contra a pandemia estão com a imagem fortalecida em diversos países. Na Baixada Santista, como os prefeitos seguem as orientações do Governo do Estado para o isolamento social, a aprovação começou a crescer. Porém, haverá uma dificuldade.


“Surgirá uma crise. Se entrarmos em um período eleitoral e os resquícios econômicos da pandemia começarem a aparecer, aí sim os prefeitos terão problemas. As pessoas vão pensar: hoje estou desempregado porque o prefeito não deixou a gente trabalhar”.


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