Petrobras transfere empregados de plataformas offshore de Santos para o Rio de Janeiro

Há o temor que medida provoque desemprego na Baixada Santista

Por: Sandro Thadeu  -  22/05/20  -  17:01
São 28 vagas em Santos
São 28 vagas em Santos   Foto: Luigi Bongiovanni/Arquivo/AT

Em meio à pandemia de coronavírus, a Petrobras dá mais uma sinalização que pretende centralizar suas atividades no Rio de Janeiro e abandonar as atividades em São Paulo, o que provocará mais desemprego na Baixada Santista, fim de investimentos importantes e queda nas receitas estaduais e municipais. 


O motivo dessa preocupação é o fato de a empresa ter informado que, a partir do próximo dia 1, os 937 trabalhadores empregados em regime especial que atuam em sete plataformas de exploração e produção de petróleo e gás natural ligadas à Unidade de Negócios da Bacia de Santos serão transferidos ao Rio de Janeiro.


Adotada sob a justificativa oficial de reduzir custos, a medida vai impactar cerca de 20% desses empregados que vivem na Baixada Santista. Desde abril de 2018, os voos deixaram de partir do Aeroporto de Itanhaém e foram transferidos para o de Jacarepaguá (RJ). 


Hoje, a empresa oferece o traslado de Santos até o aeródromo fluminense e vice-versa, mas isso acabará e o grupo será obrigado a custear do próprio bolso esses deslocamentos. Devido à contingência para mitigar os efeitos da pandemia de coronavírus, a estatal seguirá ofertando temporariamente esse transporte, assim como a hospedagem pré-embarque para os trabalhadores em regime offshore.


Perspectiva


A tendência é que, gradualmente, esses petroleiros venham a deixar a região, impactando diretamente na economia local.


Segundo o coordenador do Departamento de Imprensa do Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista (Sindipetro-LP), Fábio Mello, os efeitos dessa medida tomada pela Petrobras vão além, porque não haverá mais sentido dela manter no edifício administrativo do Valongo, em Santos, todas as atividades de apoio para esses operadores.


“Podemos estar falando do fechamento de outros 600 a mil postos de trabalho. Isso sem contar o colapso que vai causar na região por causa dos restaurantes e outros negócios criados em torno do Edisa (edifício administrativo da Petrobras, no Valongo), onde hoje trabalham cerca de 2.500 pessoas”, justificou.


O impacto local no mercado de trabalho com essa decisão da Petrobras tende ser ainda maior. De acordo com Mello, para cada petroleiro da companhia, de um e meio a dois terceirizados são contratados. Na visão dele, dificilmente a empresa fará a transferência desse pessoal para o Rio. 


“Vamos ter um desemprego em massa no momento pós-pandemia, quando haverá retomada plena das atividades econômicas. Será mais um duro golpe para a Baixada Santista, após o anúncio das demissões na Usiminas”, desabafou ele, que citou ainda o fato de Sindipetro-LP perder muitos associados com essa medida administrativa da Petrobras.


Concessionária espera que Anac permita voos nacionais de passageiros
Concessionária espera que Anac permita voos nacionais de passageiros   Foto: Alexsander Ferraz/AT

Posicionamento oficial


A Gerência de Imprensa da Comunicação Institucional da empresa confirmou, em nota, que a partir do próximo dia 1º fará um ajuste administrativo na lotação dos empregados que atuam nas plataformas da Unidade de Negócios da Bacia de Santos. 


“Desse grupo, cerca de 80% não moram na Baixada Santista. Com o ajuste, a Petrobras não arcará mais com os custos de deslocamento (até Jacarepaguá)”.


A companhia não se manifestou sobre os questionamentos feitos por A Tribuna sobre a transferência de outros funcionários que atuam no prédio administrativo de Santos e um possível esvaziamento das atividades na Baixada Santista.


Decisão abala o setor econômico de Itanhaém 


Com a decisão de transferir os petroleiros que trabalham nas sete plataformas offshore da Unidade de Negócios da Bacia de Santos para o Rio de Janeiro, a Petrobras dá um ponto final na intenção de retomar os voos a partir do Aeroporto de Itanhaém.
Curiosamente, a estatal fez um investimento de R$ 14 milhões para modernizar das instalações e para a implantação da plataforma de embarque. Desde abril de 2018, esses funcionários estão embarcando para as essas estruturas em alto mar a partir do aeródromo de Jacarepaguá (RJ). 


Uma consequência imediata foi o desligamento de 30 funcionários que trabalhavam na logística, segundo o Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista (Sindipetro-LP) e o prefeito de Itanhaém, Marco Aurélio Gomes (PSDB). 


Essas medidas trouxeram grande impacto a taxistas, ao comércio e à rede hoteleira do município do Litoral Sul, segundo o coordenador do Departamento de Imprensa da entidade sindical, Fábio Mello.


“Apesar dos poucos voos existentes, a medida tomada pela empresa abalou a economia de Itanhaém. Quando não tinha embarque, o trabalhador utilizava a rede hoteleira. Se o voo atrasava, o pessoal comiam nos restaurantes da Cidade”.


O chefe do Executivo citou que, com o fim dos voos da Petrobras, houve a redução de 2.400 passageiros/mês no aeroporto, assim como queda no movimento de taxistas, restaurantes, hotéis e pousadas. Ele citou ainda que houve a redução de postos de trabalho nos hangares e na oferta de cursos específicos do setor. 


“Reforço que a Cidade dispõe de um aeroporto pronto, em atividade e estruturado para operar voos offshore e aviação executiva, inclusive com terminal de passageiros que atende os protocolos internacionais de embarque/desembarque de trabalhadores das plataformas marítimas”. 


Gomes se coloca à disposição para somar esforços com entidades e setores envolvidos para a manutenção das operações da Petrobras no Estado.


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