Número de casos de dengue aumenta mais de 1.000% em um ano na Baixada Santista

Registros da doença na região chegam a 1.147 no 1º semestre deste ano, contra 90 no mesmo período de 2018; calor é uma das causas

Por: Eduardo Brandão & Da Redação &  -  20/08/19  -  22:14
Ter o cuidado adequado com baldes em casa ajuda a evitar o mosquito
Ter o cuidado adequado com baldes em casa ajuda a evitar o mosquito   Foto: Walter Melo

O calor atípico dos últimos meses fez reaparecer um antigo fantasma na região: os casos de dengue. O número de pessoas contaminadas pela doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti disparou quase 13 vezes no primeiro semestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2018.


A maior incidência ocorreu nos meses em que, normalmente, as temperaturas começam a cair e a doença apresenta declínio. De acordo com o Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) da Secretaria Estadual da Saúde, as nove cidades da região registraram 1.147 casos de dengue de janeiro a junho desse ano.  


No mesmo período de 2018, foram 90 pessoas contaminadas. A diferença entre de amostragem se deve ao perfil cíclico da doença (com oscilação no aumento nos casos a cada quatro anos, em média) e o comportamento atípico dos contágios a partir de março.  


Naquele mês, 167 pessoas foram diagnosticadas com dengue na região, frente a 15 casos confirmados em março de 2018. A situação tornou-se mais grave em abril, com notificação de 499 infecções. Um ano antes, eram apenas dez. Os meses de maio (250 casos) e junho (165) também mantiveram números acima da média para o período.  


“As questões climáticas interferem no ciclo reprodutivo do vetor da dengue e, neste ano, tivemos dias quentes no inverno. Além do calor, contribuem para o aumento de casos fatores como infestação dos imóveis com focos do mosquito e o subtipo circulante da doença”, explica o chefe da Seção de Controle de Vetores da Secretaria de Saúde de Santos, Marcelo Brenna. 


Líder 


Com 575 registros, Itanhaém foi a cidade da região com maior número de pacientes confirmados. Guarujá (212), Praia Grande (139) e Santos (118) aparecem na sequência. Já a quantidade de suspeitos aumentou 544% entre os dois períodos, partindo de 903, em 2018, para 5.818 nesse ano. 


“As temperaturas mais altas deste ano criam condições favoráveis ao inseto, associado ao inverno curto e tardio devido ao fenômeno El Niño, que fez com que o frio demorasse a entrar no Sudeste”, diz o enfermeiro da Vigilância Epidemiológi-ca de Itanhaém, Carlos Alberto Ferreira Rodrigues. 


Relaxamento 


Para o diretor de Vigilância em Saúde de Guarujá, Marco Antonio Chagas da Conceição, o número de casos da doença tende a crescer na mesma proporção em que a população relaxa nos cuidados com a prevenção.  


“Importante enfatizar que os atuais números são menores que em passado recente”, afirma o médico infectologista Evaldo Stanislau. Em 2015, quando o estado registrou recorde de infecções, a Baixada teve 9.561 casos de dengue. 


Apesar de o especialista afirmar que as causas da atual escalada precisam ser avaliadas, ele indica que o calor atípico pode ser um fator de peso, pois o Aedes aegypti se prolifera em períodos quentes e com muita chuva. “A única forma de evitar o contágio é eliminar os criadouros desses vetores”.  


Outra hipótese é o contágio de parcela da população que não tem anticorpos para algum dos quatro tipos de vírus da dengue. “Também há uma faixa etária que não foi exposta à doença e novos moradores na região”. 


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