Municípios da Baixada Santista incentivam o uso da energia solar

Santos, São Vicente e Cubatão adotam regras para tornar as construções mais ecológicas; custo, apesar de menor, ainda é um entrave

Por: Eduardo Brandão & Da Redação &  -  29/07/19  -  23:08
Escola municipal em construção em Santos contará com teto para captação de energia solar
Escola municipal em construção em Santos contará com teto para captação de energia solar   Foto: Carlos Nogueira/AT

Aperfeiçoamento tecnológico, maior capacidade de armazenamento e redução nos custos de produção e instalação fazem as soluções sustentáveis se tornarem alternativas viáveis para baratear as tarifas de energia. Beneficiada com leis que garantem descontos em impostos municipais, a energia solar ganha força na região. Santos, São Vicente e Cubatão já adotaram regras para tornar as construções mais ecológicas.


Com isso, imóveis passam a contar com esses tipos de equipamentos para captação de energia sustentável. A redução na conta pode chegar a 90%, afirmam fabricantes. Mas limitações de espaço e de recursos fazem a energia solar ser usada para iluminar áreas comuns e aquecer água em condomínios.


Dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) indicam crescimento de 70% no uso de painéis solares por residências e pequenos comércios e indústrias neste ano.


Tanto que essa fonte de eletricidade registra a maior taxa de expansão no país não apenas por ser limpa, mas por permitir ao consumidor produzir o que consome e até gerar crédito pelo excedente.


“A energia solar já é uma realidade na Baixada, por conta das características da região, onde o sol brilha o ano todo”, afirma o diretor do Sindicato da Habitação (Secovi-SP) de Santos, Carlos Meschini. 


Segundo ele, novos empreendimentos imobiliários já adotam mecanismos para captar a luz do sol e transformá-la em energia. Entretanto, o custeio de manutenção faz com que apenas uma fração da potencialidade seja utilizada.


Na região, os números ainda são tímidos, limitados a poucas unidades coletivas e residências unifamiliares. Uma escola municipal em construção no Jabaquara, em Santos, contará com teto para captação de energia solar. 


Força de lei


São Vicente, Santos e Cubatão possuem legislações que estimulam edifícios verdes e inteligentes. Percentuais no IPTU são descontados em unidades que adotam medidas do tipo.


Mas obter o desconto exige enfrentar a burocracia do Poder Público e comprovar a eficácia da medida. Entre as ações que se enquadram na legislação, há redução de resíduos, utilização de material sustentável, queda no consumo de água, redução no gasto com energia elétrica e ampliação da área permeável.


As demais prefeituras afirmam estudar mecanismos semelhantes, pois consideram que incentivos podem trazer impactos à melhora do meio ambiente.


Custos


O uso de placas de captação solar (fotovoltaicas) torna-se alternativa para conter o gasto com energia elétrica. O custeio do serviço tradicional disparou 85% nos últimos cinco anos, contando a taxa por bandeira tarifária.


Novos modelos de negócio ganham espaço


A indisponibilidade de áreas para instalar painéis solares e a posição do imóvel dificultam a migração da matriz energética. Isso não impede que qualquer consumidor tenha acesso a fontes sustentáveis e economia na tarifa.


Novas empresas apostam em modelos de negócios nos quais usuários podem se beneficiar das vantagens da energia solar sem arcar com os custos e a instalação de placas fotovoltaicas nos telhados.


O acesso a fontes sustentáveis de energia limpa é possível com usinas solares, instaladas no interior do estado. As vantagens são se livrar do custo extra da bandeira tarifária e acompanhar o consumo em tempo real. A Sun Mobi, startup do setor, atende a 27 municípios paulistas, incluindo a Baixada Santista. 


O usuário da região não compra energia da empresa, mas créditos referentes à produção nas usinas solares. A entrega é feita por meio da rede da CPFL Piratininga. 


“Na região, esse modelo se torna mais atrativo e de baixo custo de instalação”, afirma o presidente do Sindicato dos Condomínios Prediais do Litoral Paulista (Sicon), Rubens Moscatelli, ressaltando que a energia elétrica é a terceira maior despesa condominial, só atrás da folha de pagamento e da água.


No serviço, o consumidor baixa o aplicativo, calcula a energia contratada e técnicos da empresa fazem a instalação de pequenos sensores que informam o gasto em tempo real. O usuário compra créditos da distribuidora, que são abatidos na conta de luz.


O volume não utilizado pode ser usado como crédito em até cinco anos. Se consumir mais do que o contratado, a distribuidora fornece a diferença (com o custo normal do adicional pago pelo cliente). Não é necessário que nenhum painel seja instalado. “Alguns clientes chegaram a registrar economias superiores a 25% na conta de luz”, sustenta, em nota, a empresa.


Mercado apresenta ao público dois tipos de captação


O diretor de normalização do Secovi, Paulo Rewald, explica que o mercado apresenta dois tipos de captação solar para uso residencial.


O sistema fotovoltaico oferece maior capacidade de redução na conta de luz, pois a maior parcela de alimentação energética da residência passa a ser gerada a partir da luz do sol. 


Os custos de manutenção e instalação, contudo, ainda são entraves. Em uma residência familiar – com duas a quatro pessoas – o preço do painel solar custa de R$ 10 mil a R$ 20 mil. 


Especialistas ouvidos pela Reportagem aconselham a versão solar a quem paga uma conta de luz de pelo menos R$ 500. Com esse patamar de custo da tarifa, um consumidor da região conseguiria o retorno do investimento em um painel de energia solar em pouco mais de seis anos. Daí em diante, ele economizaria com tarifas mais baixas.


Outra opção


O sistema mais comum (e barato) é o que aquece a água utilizada no chuveiro. Esse mecanismo utiliza coletores solares (placas) e reservatório térmico (boiler). “É voltado a residências individuais”, diz Rewald.


As placas coletoras são responsáveis pela absorção da radiação solar transformada em calor, que é transferido à água que circula no interior de suas tubulações de cobre. O líquido abastece os chuveiros, descartando o uso elétrico desse equipamento – que é um dos principais vilões na conta de luz. Um kit completo custa de R$ 1,5 mil a R$ 3 mil. 


A desvantagem é que o mecanismo exige um sistema auxiliar, como gás e eletricidade, a fim de garantir que nunca falte água quente. Nos dois modelos, a instalação deve ser feita por empresa especializada, que fará a gestão conforme a necessidade familiar.


Na região, os 500 imóveis do Conjunto Habitacional Rubens Lara, no Jardim Casqueiro, em Cubatão, são pioneiros ao adotar a tecnologia de aquecimento de água. Essa modalidade foi desenvolvida por técnicos de Israel.


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