Artista plástico da Baixada Santista 'conquista' a Europa com pinturas: 'Arte pode mudar vidas'

Wadson Silva do Carmo iniciou a carreira durante aulas em aldeias de Itanhaém. Após expor obras no Carrousel Du Louvre, em Paris, o artista está com exposição na cidade La Rochelle, também na França

Por: Ágata Luz  -  06/03/21  -  12:16
Para pintar tantas obras, Wadson se inspira a partir de momentos
Para pintar tantas obras, Wadson se inspira a partir de momentos   Foto: Fotos: Arquivo Pessoal

Quando iniciou a carreria fazendo quadros para ensinar arte para crianças indígenas de Itanhaém, Wadson Silva do Carmo, de 27 anos, não imaginou que o trabalho ganharia repercussão internacional. Hoje, após expor obras no Carrousel Du Louvre, em Paris, o artista está com exposição na cidade La Rochelle, também na França.


"Minhas mais antigas memórias com a arte, acredito que sejam aos quatro ou cinco anos de idade, são rabiscando o chão com carvão e desenhando na terra molhada com um graveto. Depois não me recordo da minha vida sem o desenho", relata. Wadson explica que chegou a iniciar um curso superior de Artes Virtuais, porém, decidiu que a vida de artista seria a própria faculdade: "Percebi que a arte engloba muitas coisas e outras áreas artísticas".


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Nascido em Santos, Wadson afirma que cresceu em Itanhaém. Lá, o artista plástico iniciou seu trabalho com quadros em um serviço voluntário em aldeias da cidade. "Comecei a usar cores e a pintar quando comecei a dar aulas de desenho voluntário. Depois de um tempo, o desenho não era o suficiente", explica. Ele relata que percebeu que as crianças das comunidades precisavam de algo a mais: "Elas precisavam literalmente de cores, de vida. Quando eu vi a fome e a sede de cores das crianças, resolvi utilizar cores em meus desenhos, se tornando pinturas".


Porém, sua história com a arte começou quando ele próprio era uma criança. "Sou artista autodidata. Sempre desenhei, desde que me entendo por gente, como diz minha mãe", ressalta. Quando jovem, Wadson Silva levou o título de "Desenhista da Escola" em diversos concursos escolares.


Mas além das competições, ele também vendia as artes. "Eu lembro que minhas primeiras vendas foram aos 12 anos, eu vendia meus desenhos na escola para colegas e professores", relata. Porém, com o aperfeiçoamento, Wadson começou a vender para estúdios de tatuagem: "Porque meus desenhos eram únicos".


Profissionalização


"Eu sempre tive o sonho de me 'profissionalizar' na arte. Aos 17 anos comecei a dar aulas voluntárias e não parei mais, hoje sou artista plástico e educador", diz. O jovem afirma que sua história com a arte foi simplesmente acontecendo: "Fui pintando e pintando. No começo eu não tinha em mente pintar para fazer exposição, era para me expressar".


Algumas das pinturas de Wadson Silva. À esquerda, obra que foi exposta no Carrousel Du Louvre.
Algumas das pinturas de Wadson Silva. À esquerda, obra que foi exposta no Carrousel Du Louvre.   Foto: Fotos: Arquivo Pessoal

Porém, após anos de pinturas, o artista foi convidado para expor em Diadema, no ABC Paulista, onde começou a trabalhar. "Eu dava aulas de dia e pela noite ou madrugada eu pintava. Deste jeito, formei um acervo de mais de 60 pinturas". A primeira exposição do artista nascido em Santos aconteceu em 2016 e a segunda ocorreu no ano seguinte.


Além disso, Wadson também vendeu algumas pinturas na calçada da Avenida Paulista. "Cheguei a vender para pessoas de outros países", relata. Em 2019, Wadson apresentou seus quadros na cidade em que cresceu: Itanhaém. Mais de 15 obras foram expostas na série "ITA".


No mesmo ano, o artista plástico realizou a primeira exposição internacional. Em terras francesas, ele estreou em grande estilo: no Salão Internacional de Arte Contemporânea no Carrousel Du Louvre. Para este evento, Wadson fez sua primeira viagem internacional. Antes de pousar em Paris, ele foi para Bélgica e Amsterdã. 


Inspiração


Para pintar tantas obras, Wadson se inspira a partir de momentos: "Lugares por onde passo, lembranças, sonhos, fotografias e pessoas". Mas segundo o artista, a natureza sempre se destaca entre as pinturas.


Sobre a expansão das obras mundo afora, o santista afirma que é difícil descrever como se sente. "Mas posso dizer que me sinto vivo e presente. Ouvi muito das pessoas que artista só é valorizado depois que morre", brinca Wadson. "Então me sinto vivo e presente", completa. 


A satisfação do artista plástico não remete apenas ao trabalho com a arte, mas também com a profissão de educador. "Depois de 10 anos, reencontrar alunos e ver que valeu a pena todo o trabalho voltado ao cuidado com o próximo por meio da arte e da filosofia de amor gera amor, de que as crianças podem mudar o mundo e de que a arte muda a vida é gratificante", conta.


Atualmente


Até abril, a exposição com o tema "verde" acontece em La Rochelle. "Estou muito feliz de poder estar participando. Espero muito vender as obras e, em breve, conseguir expandir meu trabalho para outros países e continentes", afirma Wadson. São mais de 20 obras que estão expostas desde fevereiro de 2021. 


Segundo o artista, mesmo sem dominar totalmente a língua francesa, ele oferece aulas de artes e cultura para crianças: "Não vou desistir de tentar ver o quanto a arte pode mudar vidas de forma positiva".


Wadson ainda explica que deixou uma série exclusiva de artes no Brasil. "Quando eu voltar irei fazer uma exposição, mas no momento não sei onde e quando", relata sobre a pandemia.  Em sua conta no Instagram, Wadson conta sobre sua história com a arte e promete avisar quando tiver novidades sobre a exposição nacional.


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