
Uma das creches afetadas informou que o horário de saída das crianças nesta quarta-feira (11) será antecipado ( Foto: Reprodução/Google Street View )
Na semana do Dia das Crianças, creches e escolas municipais de Peruíbe, no litoral de São Paulo, sofrem imprevistos devido a uma greve de funcionários. O atraso de salários e pagamento de benefícios levou várias servidoras da área da limpeza, contratadas por uma empresa terceirizada, a cruzarem os braços.
[Clique aqui para seguir agora o novo canal de A Tribuna no WhatsApp! rel:noreferrer](https://www.whatsapp.com/channel/0029Va9JSFuGehEFvhalgZ1n" aria-label="Clique aqui para seguir agora o novo canal de A Tribuna no WhatsApp!" target="_blank)
A Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) Nossa Senhora do Carmo, no bairro Estância Leão Novaes, é uma das unidades afetadas pela paralisação. O horário de saída das crianças passará de 17h30 para 13h30 nesta quarta-feira (11), o que deve atrapalhar a rotina de muitos pais.
Uma funcionária da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Leão Novaes, que fica perto da unidade em questão, decidiu entrar em greve junto com colegas de profissão no início desta semana. O grupo não pretende voltar ao serviço até receber o que é seu por direito.
“Fazemos a paralisação por causa do nosso salário, vale-refeição e vale-alimentação, que já estão atrasados. O VR já tem dois meses. O pagamento, que era para ser feito na sexta-feira passada, não foi”.
Imprevisto
A diarista Jhoara dos Santos Rosa, de 34 anos, ficou surpresa ao receber a notícia sobre a mudança de horários na Creche Nossa Senhora do Carmo. Com o imprevisto, ela não poderá buscar o filho Pedro, de 4 anos, como de costume.
“Avisaram hoje, a moça que fica na portaria disse que ele sairia às 13h30. Eu fiquei em choque pensando no que fazer. O pai dele trabalha próximo, então vai conseguir buscar na hora do almoço”, diz.
Apesar de ouvir burburinhos sobre a falta de pagamento há algum tempo, Jhoara denuncia a falta de planejamento da unidade, que não avisou os pais com antecedência. O pequeno Pedro frequenta a creche há três anos, mas desde o início do ano a preocupação referente a greves e à falta de servidores se intensificou.
Daiane Pacheco, de 37 anos, relata ter sido informada pessoalmente sobre a saída antecipada ao buscar Geovanna na tarde desta terça-feira (10). Ela ouviu falar que as professoras estão se revezando de forma voluntária para garantir a limpeza básica da creche que a pequena, de 2 anos, frequenta.
Por causa do imprevisto, a funcionária pública perderá algumas horas de serviço para buscar a filha. O marido sai de casa bem cedo para trabalhar em Praia Grande, então não há a quem recorrer.
“A sorte é que essa semana ainda tem o feriado, as crianças não vão ser prejudicadas. Se fosse uma semana normal, seria bem difícil, porque já é o terceiro dia que não tem ninguém para limpar nada na escola”.
A creche tem uma festinha de Dia das Crianças programada para esta quarta-feira. Com a mudança de horários, as mães estão em dúvida se a unidade conseguirá lidar com a sujeira.
‘Todo mês a mesma história’
A funcionária da EMEF Leão Novaes ouvida pela Reportagem diz que a Prefeitura alega que as notas fiscais já foram pagas à empresa Soluções, o que o empreendimento nega. “Eu ainda moro na minha casa própria. E quem mora de aluguel, quem tem filho pequeno?”, questiona.
A mesma angústia é compartilhada por outra profissional, da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Professora Rozangela Anunciada da Silva, no bairro Jardim Caraminguava. Ela afirma que o salário cai atrasado há 9 meses, isto é, desde o início do contrato.
Além de não receber os benefícios desde agosto, o material de limpeza disponível é escasso. “Faltou até papel higiênico na escola, tive que comprar uma vassoura para levar para o trabalho”, desabafa. Ela conta que ainda não conseguiu pagar algumas contas este mês.
“Hoje foi um dia que amanheci para baixo, só quero trabalhar para pagar minhas contas, andar de cabeça erguida para trabalhar. Chega o fim de semana, todo mundo indo viajar e nós a ver navios”.
Posicionamento
A Prefeitura de Peruíbe disse, em nota, que o pagamento à empresa responsável está em dia, e que a notificou para solucionar o problema o mais rápido possível.
A Tribuna entrou em contato com a Soluções, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.