
Os entulhos foram jogados para conter o avanço do mar (Reprodução / Redes Sociais)
A Barra do Una, em Peruíbe, no litoral de São Paulo, tem sido constantemente afetada pela erosão costeira e pelo avanço do mar, um problema que persiste há anos. Em novembro de 2024, foi instalada uma estrutura no local com o objetivo de 'minimizar' o fenômeno, mas, na mesma semana, foi destruída. Já em março deste ano, a Fundação Florestal depositou entulho na faixa de areia para conter o avanço do mar, conforme afirma o dirigente da ONG Mongue Proteção ao Sistema Costeiro, Plínio Melo.
Ferro, ferragens de construção e outros materiais estão espalhados por toda a parte. Todo esse entulho descartado é levado pela maré durante o avanço do mar. Após uma reunião realizada no dia 13 de março, a Fundação Florestal apresentou os resultados de um estudo no qual o pesquisador afirmou que despejar entulho ou sacos de areia na costa apenas altera a posição da erosão. Também é mencionado que o entulho de concreto serve apenas para fortalecer as ondas, como relata Plínio Melo.

Ferro, ferragens de construção e outros materiais estão espalhados por toda parte (Reprodução / Redes Sociais)
O que a gente cobra é que o Órgão Gestor, a Fundação Florestal do Estado de São Paulo, além de fazer um estudo, crie algum plano ou projeto que seja implementado na Barra do Una, e não apenas aja em ações emergenciais, jogando no mar o que eles têm pela frente: entulho, areia, terra, tronco de árvore, bambu. Eles estão colocando tudo lá de maneira desesperada, e os moradores têm casos de casas em risco, com o mar avançando”.
Plínio complementa que se trata de uma “ação totalmente ilegal e irregular”, destacando que a Fundação Florestal argumenta ser um material inerte, quando na realidade não é. Vale lembrar que a Barra do Una é uma unidade de conservação ambiental.
“Não é um problema novo, é um problema de muitos anos que vem se arrastando. O registro que eu fiz foi logo após a reunião, eu fui até o local ver como estava. E a quantidade de entulho, a quantidade de ferro, eu vi que estava muito perigosa e mal feita”, acrescentou.

Plínio Melo destaca que se trata de uma “ação totalmente ilegal e irregular” (Reprodução / Redes Sociais)
Riscos do avanço do mar na Barra do Una
De acordo com o dirigente da ONG, os moradores estão em uma situação desesperadora, com algumas casas correndo o risco de serem atingidas pelo avanço do mar. Um dos residentes da área teve sua casa construída recentemente, há cerca de cinco anos, e, apesar de toda a situação, a Fundação Florestal aprovou a edificação.
A Fundação Florestal já sabia do avanço do mar e da erosão, mesmo assim autorizou o morador a construir a casa naquele local, e agora toda a comunidade está tentando salvar. Mas eu considero como único e grande responsável a Fundação Florestal do Estado de São Paulo e a gestão da unidade de conservação”, pontuou.
Avanço do nível do mar é combatido por comunidade em cidade do litoral de São Paulo
A Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) da Barra do Una, em Peruíbe, litoral de São Paulo, recebeu no dia 28 de novembro de 2024 um mutirão para proteger a vegetação de restinga, que tem sido afetada pela erosão costeira e pelo avanço do mar. A ação contou com a colaboração da comunidade, da Fundação Florestal, da Defesa Civil e da Secretaria de Obras da Prefeitura Municipal de Peruíbe.
Em menos de uma semana após a construção do ‘cercadinho de bambu’, a maré destruiu a estrutura, sem resolver o problema, conforme esclarece Plínio.
Avanço do mar em outra região de Peruíbe
Devido ao avanço do mar e ao aumento do seu nível, as ressacas, que antes ocorriam em intervalos longos, passaram a ser mais frequentes. Com isso, a cidade de Peruíbe, no litoral de São Paulo, tem enfrentado diversos episódios de destruição das estruturas de proteção costeira. Em trechos desprotegidos, a Prefeitura implantou estruturas de pedras para solucionar o problema.
Em relação à Barra do Una, a Prefeitura de Peruíbe informou que a situação é de responsabilidade da Fundação Florestal. Procurado por A Tribuna, o órgão informou que devido ao avanço do mar, que chegou até a via de acesso de algumas moradias no trecho da erosão, foi necessário, em caráter emergencial, a utilização de material rígido para a recomposição da via e proteção das estruturas como postes de energia e das moradias próximas.
"Por conta das marés altas dos últimos dias, esse material foi carreado para a praia. A Fundação Florestal conta com o apoio da prefeitura para realocar o material para recompor as vias de acesso e proteger estruturas e moradias. Está em elaboração junto ao Conselho Deliberativo da RDS Barra do Una, com a participação da comunidade, poder público e pesquisadores, um Plano Comunitário de Adaptação à Erosão Costeira na RDS Barra do Una, que indicará diretrizes e ações para o enfrentamento da erosão costeira na unidade", concluiu.
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