INSS: Tábua de salvação para aposentados da Baixada Santista, ampliação do consignado merece atenção

Na região e Vale do ribeira, há 641.583 contratos em vigência. O prazo médio de pagamento é de 54 meses

Por: Rosana Rife & Da Redação &  -  19/04/21  -  09:52
Agência em Santos é uma das quatro na região com realização de perícias médicas
Agência em Santos é uma das quatro na região com realização de perícias médicas   Foto: Alexsander Ferraz/AT

O Governo Federal voltou a ampliar a margem do crédito consignado do INSS para 40% — 35% na versão tradicional e 5% no cartão de crédito. A medida, que chegou a ser adotada no ano passado, vai vigorar agora até dezembro e visa a dar um fôlego para aposentados e pensionistas ao longo da pandemia de coronavírus. Mas empréstimo maior deve ser visto com cuidado, alertam especialistas.


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Para se ter uma ideia, com a mudança, a margem consignável, ou seja, o valor máximo da prestação mensal para quem ganha R$ 2 mil passa de R$ 600,00 para R$ 700,00.


“As pessoas precisam ficar atentas porque, muitas vezes, avaliam apenas o valor da parcela, pensando apenas se ela cabe no bolso. Mas cabe no bolso até quando? Porque há outras despesas a serem analisadas no orçamento”, destaca o economista Hamilton de Oliveira Marques.


>> Confira orientações sobre empréstimo consignado


O empréstimo tem sido a tábua de salvação para muitos aposentados e pensionistas. Na área da Gerência Santos, que compreende Baixada Santista e Vale do ribeira, há 641.583 contratos em vigência. O prazo médio de pagamento é de 54 meses. O valor do empréstimo médio é de R$ 5.019,47, e o das parcelas, de R$ 142,75.


Juros baixos


A modalidade oferece os menores juros do mercado, o que acaba sendo um dos grandes atrativos. Atualmente, a taxa máxima é de 1,8% ao mês. No crédito pessoal, é possível pagar juros de 5% ao mês.


A explicação para isso é simples: segurança. As parcelas dos empréstimos são descontadas diretamente do holerite do segurado, que tem renda garantida. Ou seja, a chance de inadimplência é praticamente zero.


“Por isso as empresas bombardeiam os aposentados oferecendo consignado. Todos estão cada vez mais endividados e acabam contratando o consignado em 60 meses, por exemplo, e se enrolam”, diz o presidente do Sindicato dos Aposentados, João Inocentini.


Além da oferta fácil, os juros também são um atrativo, acrescenta o sindicalista. “Como a taxa é baixa, é melhor pegar o dinheiro emprestado no banco do que com agiotas, que cobram bem mais. Porque, quando você precisa de dinheiro, vai atrás de alguém, não tem jeito.”


De acordo com pesquisa da Associação Brasileira dos Bancos (ABBC), feita em 2020 divulgada no site do INSS, 65% dos segurados usam empréstimo para pagar dívidas altas, como a do cheque especial. Em seguida, 21% o utilizam para exames e medicamentos.


Trocar uma dívida de juros mais elevados pelo empréstimo com desconto em folha é apontado como uma das indicações do uso do consignado. Também serviria para eventuais emergências. Do contrário, os especialistas não recomendam contratar dívidas.


“Tenho dívida no cartão de crédito ou no cheque especial e estou pagando juros altos. Daí, compensa contratar o empréstimo, saldar a dívida e ficar com prestações menores”, explica o professor e administrador de finanças Márcio Colmenero.


Se essa foi sua saída, lembre que é preciso reorganizar as finanças pra que a parcela caiba no bolso e não faça um estrago nas contas da família, pois o benefício chegará menor à sua conta-corrente até que você quite o contrato.


“Portanto, o indicado é sentar, reunir a família e analisar as contas do mês. Verificar, ainda, onde é possível economizar ou cortar gastos para ajustar o orçamento a esse empréstimo. Cada um terá que fazer um pouco de sacrifício para dar sua colaboração.”


Há regras para evitar assédio dos bancos


Há regras para evitar que aposentados e pensionistas sejam assediados pelo sistema financeiro para que contratem crédito consignado. Uma delas prevê que só possam ser oferecidos empréstimos 180 dias após o início do pagamento do primeiro benefício.


Outra medida é bloquear o benefício para a concessão de crédito consignado. A suspensão pode ser feita pelo portal ou pelo aplicativo Meu INSS. “Se a pessoa quiser evitar empréstimos ou fraudes, ela se cadastra, cria senha e faz o bloqueio. Após isso, nenhum banco ou nenhuma instituição financeira poderá conceder o consignado. Quando ela resolve contratar, faz o mesmo procedimento para desbloquear”, explica a advogada Maria Faiock.


Há, ainda, como evitar aquelas indesejáveis e insistentes ligações para oferecer o empréstimo. Isso pode ser feito por meio da plataforma Não me Perturbe.


Sem autorização


Ocorrem casos em que instituições fazem empréstimos sem autorização do aposentado ou pensionista, diz Maria. Eles só descobrem quando verificam quantias estranhas depositadas na conta.


“E ela (a pessoa) nem sabe a origem. Nesse caso, tem que verificar no banco dela qual foi a instituição financeira que depositou. Verificar também no Meu INSS, em extrato de benefício, se há débito de parcelas.”


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