Home office na pandemia atrai novo público para a Baixada Santista

Serviço remoto trouxe para a região um aumento sensível de população, que trocou a residência na capital ou Grande SP pelo que chamavam antes de 'segunda casa', a casa de praia

Por: Arminda Augusto  -  17/01/21  -  20:27
O munícipio já registrou desde o início da pandemia 60 óbitos, entre 3.458 casos da doença
O munícipio já registrou desde o início da pandemia 60 óbitos, entre 3.458 casos da doença   Foto: Rogério Soares/AT

A pandemia da Covid-19 impactou diretamente os hábitos de consumo da população e, com eles, a geração de lixo domiciliar, um dos indicadores mais sensíveis à variação do poder aquisitivo das pessoas. Na Baixada Santista, o crescimento na geração de lixo foi pequeno em 2020 no comparativo com 2019: apenas 1,6%, mas a análise dos números chama atenção quando é feita cidade por cidade.


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Enquanto em Santos houve redução de 1,4% na produção de lixo no comparativo 2020/2019, Bertioga viu crescer significativamente o descarte de resíduos nos dez meses de pandemia (março a dezembro). O aumento foi de 13,62%.


Também houve crescimento em Praia Grande (3%) e Mongaguá (2,46%). Guarujá também registrou crescimento (13,36%), mas impulsionado pelo recolhimento de entulho e detritos após os deslizamentos ocorridos no início do ano.


Segunda casa


A explicação para essa diferença expressiva entre os municípios está em uma provável tendência das cidades do Litoral a partir da pandemia: o home office trouxe para a região um aumento sensível de população, que trocou a residência na capital ou Grande São Paulo pelo que chamavam antes de 'segunda casa', a casa da praia, onde agora é possível aliar qualidade de vida e trabalho remoto.


Os dados consolidados são da Terracom Engenharia, empresa responsável pela coleta em oito dos nove municípios da região (menos Itanhaém). Em São Vicente, onde a presença de casa de veraneio é menor, houve redução de 11,86%, fruto das restrições a atividades comerciais e contenção de gastos por parte da população.


Antônio de Mello Neto, diretor de Operações da Terracom, avalia que a diferença entre os municípios está ligada ao aumento da população que decidiu fazer o trabalho remoto a partir de suas casas no Litoral. “E isso pode gerar, sim, uma tendência a partir de agora. Muitas empresas já definiram que não voltarão com o trabalho presencial mesmo após a pandemia do coronavírus. Então, essas famílias podem optar pela região na maior parte do tempo”, prevê.


>>> Confira a quantidade de lixo gerada por cidades na região


A geração de lixo é um indicativo dessa tendência e um motivo de preocupação, já que nem todas as cidades dispõem de coleta seletiva, mas segundo Neto, a escolha da região para essa nova forma de morar e trabalhar também pode representar oportunidades. “Em geral, são pessoas de bom poder aquisitivo, que podem começar a demandar novos serviços e produtos. Ainda é cedo para saber se esse cenário ficará depois da pandemia, mas os municípios devem ficar atentos”, diz.


Praia Grande também registrou crescimento (3%), mas menor que Bertioga. Segundo Neto, a explicação pode estar ligada a uma mudança paulatina no perfil do município, que já vem sendo procurado como opção de moradia há anos, inclusive de pessoas que viviam em Santos e São Vicente. “É diferente de Bertioga, por exemplo, onde predominam residências de veraneio, especialmente na Riviera de São Lourenço”.


Outro dado evidenciado pela pandemia: a virada do ano sem fogos e os dez primeiros dias deste ano não trouxeram para a região a mesma quantidade de turistas de anos anteriores. Em Bertioga, Cubatão, Santos, Praia Grande, Mongaguá e Guarujá, houve queda de até 25% na geração de lixo. “Quem já estava por aqui ficou, e quem não estava não se sentiu à vontade para vir”, avalia o diretor da Terracom.


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