
A vítima caiu no vão da balsa entre Santos e Guarujá ( Foto: Arquivo Pessoal )
A atendente Vivian Burato Silva, de 48 anos, caiu da balsa que faz a travessia entre Santos e Guarujá na última quinta-feira (31). Segundo ela, o acidente ocorreu por um vão da balsa, após o transporte recuar durante o desembarque dos passageiros. Vivian conta que, por não saber nadar, pensou que iria morrer, mas foi salva por um desconhecido. (Veja em vídeo mais abaixo)
A mulher trabalha em Santos e é moradora de Guarujá. Como de costume, faz esse percurso de bicicleta todos os dias e usa a balsa. Ela comenta que é um caminho tranquilo. “Eu sou muito cuidadosa e eu estou acostumada a pegar balsa”.
Porém, na noite de última quinta, Vivian saiu do trabalho e, por volta das 6h30, pegou a balsa. “Tinham três bicicletas na minha frente e estava há, mais ou menos, uns dois ou três metros do canto da balsa. Quando ela começou a encostar, já coloquei a minha mochila e não desci da balsa montada na bicicleta, igual muita gente faz, fui empurrando”, diz.
A atendente explica que o pessoal começou a sair normalmente da embarcação. "Um monte de gente que saiu na minha frente. Quando eu fui sair, eu fiquei pensando que a maré estava um pouco alta e eu tinha que descer para ir para o atracadouro. Quando eu fui colocar o meu pé no degrau abaixo, a balsa andou para trás, abriu um vão entre o atracadouro e a balsa. Caí com bicicleta com tudo, afundei igual a uma pedra”, comenta.
Vivian alega que não sabe nadar e afundou no mar à noite. Gritos por socorro, corpo afundando e desespero, assim que a atendente afirmou que se deram os momentos seguintes à queda, até que foi jogada pela maré novamente para a superfície e um homem, desconhecido, pulou no mar para ajudá-la.
“Estava embaixo da balsa e o impacto que me jogou para o lado. Tinha muita gente ali, gritando e ele viu o cabelo na água. Ele se jogou na água, segurei o braço dele e ele foi me levando. Engoli água ainda e ele foi me levando. Quando ele encostou no paredão ali do atracadouro, o pessoal jogou a boia e me tiraram”, relembra.
A vítima ressalta que houve um descaso da equipe do Departamento Hidroviário (DH) com a sua situação. “Em nenhum momento chegou algum funcionário da balsa ou guarda-vidas. Não apareceu ninguém, quem estava ali era o povo. As pessoas me ajudaram. Uma moça tirou o casaco dela e me deu, porque eu estava em choque”.
Foram 20 minutos até que um funcionário que se apresentou para Vivian como coordenador de operações da balsa para entender melhor o ocorrido. A mulher diz que houve uma discussão e ela chamou a Polícia Militar (PM). Em seguida, foi para o hospital acompanhada do marido.
“Estou cheia de escoriações, torci meu pé, bati minha cabeça e engoli muita água, que até agora eu ‘tô’ com gosto de água salgada na minha boca. Era para eu ter morrido, não morri porque Deus me tirou daquele lugar, porque se dependesse ali do funcionário, da balsa, eu tinha morrido. Foi um milagre”, relata.
A bicicleta de Vivian foi levada pela maré e o celular dela ficou estragado pela água. A vítima disse que, após a confusão, o funcionário se prontificou a ligar para ela e a ressarcir dos itens perdidos durante o ocorrido, o que ainda não aconteceu. Agora ela pretende entrar na Justiça.
A Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil) informou, em nota, que registrou incidente no atracadouro misto da embarcação FB-14, do lado de Guarujá. Segundo a Semil, as equipes do DH seguiram os protocolos de atuação previstos pela Marinha, incluindo o lançamento obrigatório de boia circular.
Além disso, a Semil relatou que, imediatamente, as equipes auxiliaram no socorro à vítima, que foi resgatada com segurança e atendida pela equipe operacional. Por fim, confirmaram que o prejuízo da usuária será ressarcido.