Moradora de Guarujá é dada como morta em resultado de teste para Covid-19: 'Negligência gigante'

Caso ocorreu com a assistente administrativa Ailín Rocino. Prefeitura diz que houve um erro de digitação no documento

Por: Cássio Lyra  -  10/03/21  -  10:08
Atualizado em 19/04/21 - 15:21
  Ailín descobriu que 'estava morta' após receber resultado de teste para Covid-19 em Guarujá
Ailín descobriu que 'estava morta' após receber resultado de teste para Covid-19 em Guarujá   Foto: Arquivo pessoal

Receber o resultado de exame para saber se testou positivo para Covid-19 e descobrir que o documento atestava óbito. Foi isso o que ocorreu com uma moradora de Guarujá após ela apresentar sintomas do coronavírus e ter feito o exame para descobrir se havia contraído a doença.


Clique e Assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe acesso completo ao Portal e dezenas de descontos em lojas, restaurantes e serviços!


Ailín Rocino, assistente administrativa de 33 anos, inicialmente começou a apresentar sintomas da Covid-19 em 10 de fevereiro. Após uma leve piora em seu estado de saúde, ela e uma amiga, que também apresentava sintomas, resolveram ir à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Matheus Santamaria, o antigo PAM Rodoviária, no dia 15 do mesmo mês.


Ailín foi atendida, passou por triagem e consulta médica. O médico do hospital passou medicações para ela e desferiu um atestado, informando que o resultado do exame para atestar a Covid-19 sairia em dez dias.


"Voltei na UPA, com a minha amiga, em 1º de março, 15 dias depois. Já não tinha mais sintomas, estava muito bem. Apresentamos nossa identificação. Um funcionário chamou pelos nomes e leu 'os dois resultados deram positivo para Covid-19'", relata.


Quando voltou para a casa, a amiga de Ailín disse que seu exame atestava para síndrome gripal. Para a surpresa da assistente de administração seu exame constava 'Covid-19 Óbito'. "A única coisa que constava nesse exame, um documento oficial, era de que eu não estava viva. Fiquei muito preocupada, eu não estou morta, para onde vai esse documento que consta que eu estou morta".


 Primeiro documento alegava que Ailín faleceu por Covid-19; segundo documento, o correto, diz que a assistente testou positivo para o vírus respiratório
Primeiro documento alegava que Ailín faleceu por Covid-19; segundo documento, o correto, diz que a assistente testou positivo para o vírus respiratório   Foto: Arquivo pessoal/Ailín Rocino

Indignada da situação, e muito viva, Ailín afirmou que procurou a ouvidoria da Prefeitura de Guarujá para ter algum tipo de resposta e que a situação fosse totalmente esclarecida. "Houve várias trocas de mensagens, de ligações com muitas pessoas. Me passaram somente que teria sido um erro de digitação, e só. Não apresentaram um documento, não me entregaram um novo exame com essa informação".


O marido de Ailín tornou o caso público após uma publicação em uma rede social, que viralizou entre amigos, familiares e moradores de Guarujá. Nesse tempo, Ailín afirmou que entrou em contato com uma amiga, que trabalha próximo com o prefeito Válter Suman.


"Me chamaram para uma reunião com pessoas da Secretaria de Saúde para explicar o que ocorreu. Deu duas horas que tinha acabado a reunião, chegou o novo resultado, que atestava que tive um vírus respiratório, onde antes dizia 'Covid-19 óbito'", diz


Mesmo com o caso explicado, Ailín afirmou que ainda não está satisfeita com toda a situação em que teve de passar. "Não fiquei nada satisfeita. A prefeitura não agiu correta comigo no momento em que emitiu um documento dizendo que estou morta. Poderiam, logo de cara, ter dito que houve um erro, algum problema, mas entregaram e não resolveram. Foi uma negligência gigante.


A indigação dela aumenta ainda mais pelo fato de que seu caso foi ouvido e atendido, principalmente pelo fato de que ela tem um amiga que trabalha próxima ao prefeito da cidade.


"Só foram me dar atenção quando essa minha amiga soube e comunicou a todos eles. Só fui ouvida porque eu tinha conhecidos envolvidos na prefeitura. Não tenho como não acreditar que não tenha sido por isso", desabafa.


ATribuna.com.br procurou a Prefeitura de Guarujá, que informou que o caso trata-se de um erro de digitação. O município ressaltou que não incluiu o resultado nas estatísticas de óbito que são enviadas diariamente ao Ministério da Saúde. Por fim, a administração afirmo que o laudo foi classificado como caso confirmado da Covid-19.


 Problemas também foram identificados na OS que cuida do PAM da Rodoviária
Problemas também foram identificados na OS que cuida do PAM da Rodoviária   Foto: Hygor Abreu/Prefeitura de Guarujá

Logo A Tribuna
Newsletter