Funcionários das Usafas de Guarujá voltam a reclamar de atrasos em salários e benefícios

Gestora nega problema e cita "desequilíbrio econômico-financeiro" na execução do projeto das unidades

Por: De A Tribuna On-line  -  07/12/18  -  23:02

Os funcionários dasUnidades de Saúde da Família (Usafas) de Guarujá voltaram a reclamar de atrasos nos pagamentos de salários e benefícios, além de criticar as condições de trabalho dentro dos locais. A Tribuna relatou a situação no último dia 23. À época, eles contaram que os salários caem sempre com atraso, depois do quinto dia útil - prazo estipulado nos contratos de trabalho. Segundo um dos servidores, o pagamento de novembro foi realizado em duas parcelas, sendo a última somente no fim do mês.


Em dezembro, a situação não foi diferente. Os funcionários deveriam receber nesta sexta-feira (7), mas a quitação dos honorários não ocorreu. A organização social (OS) Pró-Vida, contratada pela gestão Válter Suman (PSB) para gerenciar as Usafas, alegou que aguarda o repasse da parcela mensal do contrato para proceder com o pagamento do salário dos funcionários.


‘’Não aguentamos mais trabalhar sem receber, trabalhar em condições desumanas, sem o mínimo, como material de escritório, copos, limpeza e higiene, materiais de enfermagem’’, disparou um funcionário.


De acordo com a OS, todos os termos já foram assinados pela administração municipal, e o repasse será feito automaticamente assim que essa verba for creditada na conta da Pró-Vida. A expectativa é de que, até segunda-feira (10), deve estar tudo normalizado. A gestora ainda explicou que opagamento é feito automaticamente. Assim que o dinheiro cai na conta da OS, é redirecionado diretamente para os colaboradores. A Pró-Vida também negou que não existam salários em atraso.


Contrato da OS Pró-Vida com a prefeitura de Guarujá é emergencial
Contrato da OS Pró-Vida com a prefeitura de Guarujá é emergencial   Foto: Rogério Soares/AT

Benefícios


Os profissionais falaram com a Reportagem sob anonimato, por temerem represálias por parte da gestora. Segundo um deles, a OS havia prometido pagar a primeira parcela do 13º salário no fim de novembro, o que não ocorreu. A promessa foi transferida para o início de dezembro mas, novamente, não foi cumprida.


"Nós temos receio de que não vamos receber. São tantos atrasos que perdemos a esperança de que vamos ter o 13º e o salário pagos", comentou um deles.


Outras reclamações são sobre o vale-refeição e o vale-transporte. Em relação ao primeiro, os funcionários acusam a empresa de não ter pago o valor referente a dezembro, além de terem atrasado a quitação de outros dois meses. O segundo também não foi quitado neste mês.


"Já teve funcionário que deixou de vir trabalhar, pois mora longe e não tem mais transporte. Isso também prejudica o funcionamento da unidade, porque ficamos com menos pessoas na equipe", relatou um dos trabalhadores.


Falta de repasse à Previdência Social e depósito de FGTS, apontados anteriormente, também prosseguem.


A OS informou que o 13º salário será efetuado, em parcela única, até 20 de dezembro, respeitando o prazo legal. Segundo a Pró-Vida, este também é o prazo estimado para equacionar as questões que envolvem os demais benefícios, sendo que alguns deverão ser pagos com o salário.


A gestora ainda citou que lida com um desequilíbrio econômico-financeiro na execução do projeto das Usafas de Guarujá, tendo sido necessária a aplicação de recursos excedentes aos previstos em contrato, para que áreas fundamentais não ficassem desassistidas e viessem a prejudicar o atendimento à população.


A Pró-Vida ressaltou que isso "fica notório com o novo edital lançado pela prefeitura, que prevê um pagamento de cerca de R$ 300 mil mensais a mais para a execução do mesmo projeto".


Falta de condições de trabalho


As condições de trabalho também são motivo de críticas pelos funcionários das Usafas. De acordo com eles, o atendimento em odontologia está prejudicado, porque o aparelho utilizado na esterilização de instrumentos quebrou.


"É preciso levar em outra unidade para fazer a esterilização, com isso, tivemos de diminuir o número de atendimentos", contou um dos trabalhadores.


Outro problema é a falta de material de escritório e de higiene. Há relatos de profissionais que precisaram pagar, com o dinheiro do próprio bolso, a compra de copos de plástico, folhas de sulfite e papel higiênico, por exemplo.


"Quando existem datas especiais, como o Outubro Rosa e o Novembro Azul, tudo é pago por nós. Somos nós que bancamos toda a decoração. Depois, o prefeito vem aqui, secretários, chamam a imprensa para mostrar como está bonito, mas todo o custo foi nosso", comentou um dos trabalhores.


Com relação ao atendimento em odontologia, a OS nega que houve redução nos atendimentos. "[O atendimento] está sendo realizado em sua plenitude. Tanto na urgência e emergência da Unidade de Pronto Atendimento da Rodoviária quanto nas Usafas", se posicionou a gestora.


Já sobre a falta de materiais de escritório e limpeza, a Pró-Vida relatou que os mesmos são entregues conforme solicitação prévia de cada unidade. Mediante isso, a entidade efetua a compra.


Folha de ponto e receio


Mais uma situação incômoda para os funcionários inclui a folha de ponto. Eles teriam recebido uma orientação de que era para registrar o ponto somente até o dia 11 deste mês. Segundo eles, o setor responsável entrará em recesso e, por isso, não haverá quem marque a entrada e saída de funcionários.


"Nós vamos vir, não bateremos ponto, e como fica essa situação? A gerente da unidade vai memorizar quem veio para comunicar depois? Isso não existe!", disparou um profissional.


O receio dos empregados é de que essas atitudes tenham sido tomadas já prevendo uma saída da OS Pró-Vida da gestão das Usafas.


"Pelo passado obscuro que sabemos da empresa, esse movimento parece indicar a saída dela. E nós? Como ficamos nessa situação?", indagou um funcionário.


A organização social afirmou que não há nenhuma orientação para que os funcionários deixem de assinar a folha de ponto a partir de determinada data, e que lamenta que informações falsas ganhem tal importância.


Ainda de acordo com a Pró-Vida, o contrato com a Prefeitura de Guarujá para administrar a Estratégia de Saúde da Família é emergencial, e tem validade até 16 de fevereiro de 2019. A Secretaria de Saúde já publicou um edital de convocação pública para a contratação de uma organização social para fazer a gestão permanente, por até 60 meses.


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