CAMP Guarujá corre o risco de fechar após 53 anos em funcionamento

Instituição tem o objetivo de capacitar jovens em vulnerabilidade ou risco social para ingressar no mercado de trabalho

Por: Carolina Faccioli  -  07/03/21  -  10:15
Instituição está localizada na Av. Adriano Dias dos Santos, número 700, em Guarujá
Instituição está localizada na Av. Adriano Dias dos Santos, número 700, em Guarujá   Foto: Divulgação/CAMP Guarujá

Por conta do agravamento da crise econômica, gerado pela pandemia do novo coronavírus, o CAMP Guarujá corre o risco de fechar. Fundado há 53 anos, o centro de formação profissional de jovens e adolescentes viu o número de aprendizes inseridos no mercado de trabalho reduzir pela metade e pede ajuda para que o trabalho não pare.


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Atuando há 24 anos na unidade, o gerente geral do Camp Guarujá, Orlando Dantas Silva, explica que pela lei federal toda empresa é obrigada a contratar uma quantidade de aprendizes por unidade. Porém, o número diminuiu muito com a chegada da pandemia. "Antes da pandemia nós tínhamos de 400 a 420 aprendizes trabalhando. Hoje nós temos 200". Nesse caso, o impacto econômico existe porque as empresas contribuem financeiramente com os centros de formação para a capacitação do jovem durante o emprego. 


Para suprir a baixa demanda no mercado de trabalho, Silva conta que o principal meio de ajudar é se tornando um doador automático da Nota Fiscal Paulista. O programa permite que a população escolha para qual instituição deve destinar a nota. A alternativa, ainda segundo o gerente, é a mais indicada pois todos podem ajudar sem precisar tirar do próprio bolso. Mais detalhes podem ser conferidos pelo site da Secretaria da Fazenda e Planejamento.


Com a ajuda das doações, os funcionários do CAMP acreditam que a instituição conseguirá se recuperar com mais "tranquilidade" até a melhora econômica, que acreditam chegar apenas em janeiro de 2023, em um cenário otimista. 


Vidas transformadas


Após saberem da notícia, muitos ex-aprendizes tem procurado o local para tentar ajudar, segundo Silva. Para ele, é difícil ver o que o centro está enfrentando, já que tem um papel social tão importante na vida dos jovens. "Você vê que eles chegam sem esperança, sem sonhos, e nesse espaço eles conquistam as coisas e não há dinheiro que pague isso. Não tem como explicar viver essas emoções". 


Marli do Nascimento Florencio é mãe de um dos ex-aprendizes do CAMP e conta que no início ficou relutante com o desejo do filho Cássio de se inscrever na instituição, pois achava que com a pouca idade, 17 anos na época, precisaria de um curso mais "sólido". No entanto, Marli viu o filho evoluir com o estudo e trabalho oferecidos pela instituição. Os ensinamentos também abriram portas na vida do jovem para outras oportunidades.


"Ele cresceu sempre alicerçado os conhecimentos recebidos no CAMP e hoje, o sentido de gratidão é eterno por tudo que lhe foi acrescido: nessa formação com o CAMP, como ser humano e como profissional. Cursou na Universidade Federal do Rio de Janeiro o mestrado em ciência parasitológicas e além de clinicar, ele leciona na UNIG Universidade de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro. Rogo ao bom Deus que essa conceituada instituição receba um olhar diferenciado, por parte de nossos governantes, para que obtenham condições necessárias e suficientes em continuar o trabalho, o qual acredito que fazendo assim a diferença na vida de muitos de nossos jovens", diz Marli. 


Marli viu o filho Cássio evoluir por meio das oprotunidades encontradas no CAMP Guarujá
Marli viu o filho Cássio evoluir por meio das oprotunidades encontradas no CAMP Guarujá   Foto: Divulgação/CAMP Guarujá

A força do CAMP na vida dos jovens também é reafirmada pela colaboradora da entidade, Shelly da Silva dos Santos. Ela e a mãe foram aprendizes da unidade e conta que o CAMP auxiliou muito na transformação de vida. Após passar pela unidade, Shelly se formou em comércio exterior e hoje faz parte da entidade, auxiliando os novos alunos.


"Antes do CAMP, eu era só uma adolescente cheia de sonhos, mas sem nenhuma noção de como torná-los realidade. Nessa fase realizei trabalho infantil o qual me tirou perspectivas de futuro e tempo de estudo, porém com estimulo de minha mãe que também foi ex-aprendiz iniciei na entidade e tudo ficou diferente", conta Shelly.


Shelly foi aprendiz e hoje é colaboradora do CAMP Guarujá
Shelly foi aprendiz e hoje é colaboradora do CAMP Guarujá   Foto: Divulgação/CAMP Guarujá


Sobre o CAMP
No centro de formação, o processo seletivo é baseado na situação socioeconômica do jovem que vive com até três salários mínimos, tem alto índice de vulnerabilidade social ou recebe o auxílio do bolsa-família. 


Os cursos integram a área administrativa, como contabilidade, informática e departamento pessoal. Durante a formação, o estudante recebe um curso prévio de 500 horas para entrar no mercado. "Mais de 17 mil adolescente já passaram por aqui. Nós temos meninos espalhados pelo mundo todo com cargos de alta gestão em grandes empresas", diz Silva.


Quem quiser obter mais detalhes sobre a instituição ou como ajudar pode entrar e contato com o CAMP pelo telefone (13) 3355-7906 ou acessar o site


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