Bispo de Santos emite carta sobre caso que denuncia abuso sexual

D. Tarcísio Scaramussa salienta “direito de defesa”; paroquianos farão desagravo a padre

Por: Da Redação  -  20/10/19  -  16:52
Rapaz relata ter sofrido abusos por parte de um padre durante mais de um ano
Rapaz relata ter sofrido abusos por parte de um padre durante mais de um ano   Foto: Sílvio Luiz/AT

O bispo diocesano de Santos, dom Tarcísio Scaramussa, enviou, neste sábado (19), um esclarecimento aos fiéis sobre o caso em que um estudante acusa um padre de abuso sexual. O religioso falou sobre os “sentimentos e sofrimentos” desde que o caso foi divulgado e pediu “misericórdia e caridade”.  


De forma paralela e sem participação da Diocese, frequentadores da Paróquia Senhor Bom Jesus, em Guarujá, preparam um ato em defesa do acusado nesta segunda-feira (21).  


Na “carta ao povo de Deus”, o bispo comenta as acusações do estudante Lucas Grudzien, de 22 anos, morador do Bairro Morrinhos, em Guarujá, contra o padre Edson Felipe Monteiro Gonzalez, por suposto abuso sexual.  


O caso teria acontecido quando a vítima tinha apenas 14 anos, em 2013. Lucas relatou que foi convidado pelo padre Felipe, que tinha 28 anos, para trabalhar no arquivo da paróquia e ajudá-lo nas missas. A partir daí, segundo a vítima, começaram os abusos, que ocorreriam duas vezes por semana.  


Na carta, o bispo afirma que toda a documentação relativa à investigação prévia foi enviada à Congregação para a Doutrina da Fé, em Roma. E que a igreja cumpriu os procedimentos, “ouvindo todas as partes, colhendo os documentos probatórios e ouvindo as testemunhas correspondentes”.  


O religioso também aponta que o inquérito policial instaurado pelo Ministério Público foi arquivado, sem oferecimento de denúncia. 


“Esta postura de busca da verdade e da justiça por parte da Igreja, e seu compromisso com os deveres de seus sacerdotes e fiéis, não significa, no entanto, abdicar dos direitos que são garantidos por justiça a todas as pessoas e instituições. Toda pessoa acusada tem direito de defesa e não pode ser execrada, linchada publicamente e condenada sem poder defender-se legitimamente. Para isto existem os caminhos da justiça, tanto a Canônica, que se rege pelo Código de Direito Canônico, quanto a Civil, segundo a Constituição e o Código Penal de cada país”, escreveu o bispo. 


Ato 


Membros da Paróquia Senhor Bom Jesus, do bairro Morrinhos, preparam, para esta segunda-feira (21), um ato em favor do padre afastado. Fiéis, amigos, ex-coroinhas e frequentadores da igreja se reunirão ali às 19h30.  


“Sairemos em defesa do padre, que é muito popular e importante para a gente. Ele trouxe de volta muitos que estavam afastados da igreja e tornou o povo mais acolhedor”, afirmou a professora Dafny dos Santos, uma das organizadoras do ato.  


Segundo ela, os fiéis sabem da denúncia há anos e não entendem o motivo, pois o inquérito criminal foi arquivado. “O padre tratava todos da mesma forma e nunca ficava sozinho com ninguém na casa paroquial. Todos iam embora juntos dos eventos.”  


À Reportagem, Lucas afirmou ter recebido a informação sobre o ato com tristeza. Segundo ele, a comunidade não sabe de tudo o que teria havido, mas a abertura de um novo processo poderá esclarecer os fatos. “Todos têm o direito de se manifestar. Mas quem passou pela situação sou eu.” 


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