Travessias de balsas devem ser privatizadas

Com a vitória de João Doria, tendência é de que sistemas de balsas do Estado sejam repassados à iniciativa privada

Por: Eduardo Brandão  -  01/11/18  -  10:19
Oito pontos de travessia operados pela Dersa devem ser oferecidos para a iniciativa privada
Oito pontos de travessia operados pela Dersa devem ser oferecidos para a iniciativa privada   Foto: Nirley Sena/AT

A vitória nas urnas de João Doria (PSDB) ao Governo do Estado vai provocar mudanças na travessia por balsas no Litoral. Durante a campanha, o ex-prefeito da Capital prometeu repassar para a iniciativa privada os serviços, que incluem as operações em Santos, Guarujá e Bertioga. A expectativa é que a concessão no sistema de passageiros e de veículos possa ocorrer no primeiro ano da gestão do tucano.


Pelos planos, os oito pontos de travessia operados pela Dersa serão oferecidos para a iniciativa privada, abrindo espaço para a concorrência com mais de uma empresa por trecho. Doria acredita que, assim, vai resolver os principais problemas do sistema. Ele cita redução de filas, troca das embarcações antigas, maior velocidade nas operações e redução nas tarifas.


Na semana passada, uma nova empresa assumiu a operação da travessia por 12 meses. Nesse período, o próximo governo deve fazer as adequações legais para conceder o serviço.


Volume


Os planos de privatizar a travessia paulista foram apresentados com exclusividade para A Tribunaem julho passado. Na ocasião, Doria considerou que não fazia “sentido” o Estado administrar as balsas. “Governo tem que administrar saúde, educação e segurança pública”, afirmou na ocasião.


Doria destacou ainda que haveria “volume suficiente para comportar o atendimento a duas empresas operando” os sistemas de balsas e de lanchas.


A ideia, contudo, pode esbarrar na falta de interesse de empresas para operar o sistema na sua totalidade. O consultor em finanças públicas e jornalista Rodolfo Amaral diz que o único sistema lucrativo é o da Santos-Guarujá. “Os demais têm prejuízo com suas operações”, assegura, com base nos dados informados pela Dersa.


O especialista indica que a operação da travessia “já está privatizada, pois a operação é feita por empresa terceirizada há mais de duas décadas”. Amaral sustenta que esse repasse fez com que as prefeituras pudessem cobrar Imposto Sobre Serviços (ISS) pelas travessias.


Usuários do sistema apostam em redução no tempo de espera na fila com a mudança. “Embora seja difícil prever, mas deve ficar mais ágil a travessia”, afirma o taxista Nelson Ramos. Já o comerciante Mário Lousada espera que novas embarcações reforcem a frota. “A travessia (Santos e Guarujá) tem apresentado melhora nos últimos dois meses”.


O presidente do Costa da Mata Atlântica Convention & Visitors Bureau, Leonardo Carvalho, indica “impactos positivos” também para os turistas. “Entre tantos outros benefícios, podemos imaginar eventos realizados em uma cidade e a facilidade de hospedagem no município vizinho, sem o problema das grandes filas de hoje em dia, facilitando o fluxo de turistas entre as cidades”, diz.


Qualidade


Em nota, a Dersa informa seguir trabalhando para assegurar aos usuários um serviço de qualidade, independentemente de eventuais decisões governamentais a serem adotadas. O órgão ressalta que nesse ano fez investimento de R$ 18,3 milhões para a reforma de embarcações e flutuantes.


Também sustenta ter instalado um novo modelo do Centro de Controle Operacional (CCO), integrando sistemas e equipamentos com geração de dados em tempo real, possibilitando melhores tomadas de decisões na gestão das operações.


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