Práticos a bordo do navio Cap San Antonio evitaram maior dano em acidente

Alerta sobre risco de colisão ocorreu minutos antes; causas ainda estão sendo investigadas

Por: Fernanda Balbino  -  22/06/21  -  17:56
  Danos em parte da estrutura de atracação de balsas chamaram atenção mesmo um dia após o acidente
Danos em parte da estrutura de atracação de balsas chamaram atenção mesmo um dia após o acidente   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

Os práticos a bordo do navio Cap San Antonio relataram o risco de colisão com os atracadouros da travessia de balsas Santos-Guarujá minutos antes do acidente deste último domingo (20). O alerta serviu para evitar maiores danos às estruturas e às embarcações que estavam no canal de navegação do Porto. Agora, o porta-contêineres passará por reparos atracado no cais santista e haverá vistorias para identificar as causas do sinistro.


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O navio deixava o Porto de Santos no momento do acidente, no início da tarde de domingo (20). Após uma operação no Tecon, na Margem Esquerda (Guarujá), a embarcação seguia para o Porto de Paranaguá (PR). Ela tem 333 metros de comprimento e 48 metros de boca (largura). O cargueiro é capaz de transportar até 10,5 mil TEU (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés), mas não estava totalmente carregado.


Vistoria


As causas do acidente ainda são apuradas. A vistoria na embarcação será fundamental para identificar se algum problema mecânico causou a colisão. Também será apurado se o Cap San Antonio contava com dois rebocadores, como determina a Marinha do Brasil.


Conforme apurado pela Reportagem, os práticos que estavam a bordo informaram sobre o risco de acidente minutos antes dele acontecer. A informação não foi confirmada pelo Governo do Estado, responsável pela travessia entre Santos e Guarujá.


  O navio deixava o Porto de Santos no momento do acidente, no início da tarde de domingo (20)
O navio deixava o Porto de Santos no momento do acidente, no início da tarde de domingo (20)   Foto: Reprodução

Sinais

Para o engenheiro naval e professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) Marcelo Ramos Martins, isso pode ser um sinal de que havia algum problema na embarcação. No entanto, vários fatores podem ter causado a colisão.


“Se houve a comunicação de fato, ela foi realizada em função de algum evento que não era esperado. Em geral, eventos não são resultantes de uma única causa. Sistemas complexos como este, em geral, têm várias barreiras de segurança. Quando acontece um acidente, é porque essas barreiras não atuaram como deveriam. E cada uma dessas barreiras está associada a um evento imprevisto”.


Martins aponta que é possível que tenha havido alguma falha mecânica, que pode ter sido no sistema de governo do navio. Outras possibilidades, como um erro de procedimentos, também pode ter colaborado para o acidente. Isso inclui o fato de que os rebocadores podem não ter respondido ou não foram demandados da maneira adequada. “Um único evento não permitiria o acidente”.


Inspeção


Logo após o acidente, a embarcação foi deslocada para a área de fundeio do Porto, na Barra de Santos. O navio deveria ser inspecionado por uma empresa especializada, já que a Capitania dos Portos de São Paulo (CPSP) pediu um laudo sobre as condições de navegabilidade do cargueiro.


Mas, por conta das condições do mar e do vento, os técnicos responsáveis não conseguiram chegar ao ponto onde o Cap San Antonio estava fundeado, a cerca de três quilômetros da costa. A saída, então, foi autorizá-lo a voltar ao cais santista para a verificação das condições da embarcação.


Porém, as autoridades ainda avaliam uma forma de garantir uma entrada segura do porta-contêineres. A ideia é evitar novos acidentes, já que o porta-contêineres está com avarias, pelo menos, no casco.


Reveja o momento do impacto do navio contra os atracadouros



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