Perto de completar 15 anos, Ecofaxina já recolheu setenta toneladas de lixo no litoral de SP

Instituto, sem fins lucrativos, se dedica ao ambiente e tem entre suas metas combater o descarte irregular

Por: ATribuna.com.br  -  31/08/23  -  20:27
O objetivo é recolher o lixo urbano que pode chegar aos mares
O objetivo é recolher o lixo urbano que pode chegar aos mares   Foto: Divulgação

Setenta toneladas em 15 anos. Esse é o saldo do lixo recolhido em quase duas centenas de ações voluntárias organizadas pelo Instituto EcoFaxina nos manguezais e praias da região. A entidade sem fins lucrativos completa 15 anos em outubro, e tem entre as suas metas combater o descarte irregular de lixo que acaba chegando aos oceanos, especialmente o plástico.


Entre as estratégias da entidade estão a educação ambiental e a conscientização da comunidade sobre o ciclo do lixo e o que é preciso fazer para que não chegue aos ecossistemas naturais.


“Muitas pessoas que vivem na região não conhecem os manguezais ou têm uma ideia equivocada sobre eles. Conhecer e entender sua relevância é ajudar a protegê-los”, diz William Rodriguez Schepis, diretor-presidente do instituto, que largou a vida na Capital, onde trabalhava com tecnologia, para fazer Biologia Marinha em Santos.


Em 2008, criou o EcoFaxina e, desde então, vem desenvolvendo uma série de ações que combinam educação, ações voluntárias com a comunidade e projetos para políticas públicas e geração de renda para as comunidades que vivem nas palafitas.


Uma das principais atividades práticas do Instituto EcoFaxina são os mutirões de coleta de lixo nos mangues
Uma das principais atividades práticas do Instituto EcoFaxina são os mutirões de coleta de lixo nos mangues   Foto: Divulgação

Ação voluntária
De tempos em tempos, o EcoFaxina abre inscrições para ações voluntárias nos manguezais da região ou na faixa de areia. O objetivo sempre é recolher os detritos, pesá-los e catalogá-los, ações que ajudam a dimensionar a quantidade e também o tipo de material que chega a esses ecossistemas.


Nos manguezais, a origem é das palafitas e comunidades próximas aos rios, onde a coleta domiciliar é mais precária de ser feita e, em geral, o lixo é jogado na maré.


Na última ação realizada no mangue do São Manoel, no Rio São Jorge, em Santos, foram recolhidos 406 quilos de resíduos, a maioria plásticos, mas havia também isopor, madeira, metais, vidros, garrafas PET e até eletroeletrônicos, móveis, brinquedos e tecidos. Esses materiais chegam constantemente aos manguezais trazidos pela maré.


Contenção e renda
William Schepis defende que, além das ações de conscientização, é preciso criar projetos efetivos e mais perenes. “Não podemos apenas ficar recolhendo o lixo dos mangues. É preciso evitar que ele chegue aqui”, diz.


Uma das iniciativas do EcoFaxina é criar uma cooperativa de reciclagem, envolvendo os próprios moradores das palafitas, para que eles tenham renda e façam a gestão desse trabalho.


“Envolver e trazer outros parceiros nessa iniciativa é a melhor maneira de ver o resultado na ponta da linha, ou seja, evitando a presença de lixo nos mangues e nas praias”, defende o biólogo.


A área para a instalação da cooperativa já está definida, assim como os recursos para a compra de maquinários e outras estruturas, mas ainda falta a regularização fundiária do terreno. “O mais difícil nós já temos, que é o caminho aberto com a iniciativa privada para custear as despesas iniciais. Agora, é regularizar a área e começar a trabalhar”.


Para que o lixo jogado na maré não chegue aos manguezais, a proposta do EcoFaxina é instalar quatro ecobarreiras em trechos do canal do estuário. Ali, os materiais seriam represados e recolhidos para a cooperativa periodicamente.


Exemplos
Fábio Nunes, diretor de Educação Ambiental do instituto, diz que o litoral brasileiro tem exemplos de manguezais preservados, que podem servir de modelo para a região.


“A 100 qulômetros estamos na Estação Ecológica da Jureia, com seis unidades de conservação, e no Litoral Sul tem manguezais intactos, preservados. A presença humana no litoral do Brasil determinou quais são as áreas de preservação e quais são as áreas que nos desafiam. Com a ajuda de todos os setores, podemos encontrar os caminhos e as sinergias”.


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