O assistente administrativo Samuel Prado Rodrigues, de 24 anos, lida diariamente com medo e preocupação por ter que pegar ônibus intermunicipais lotados para trabalhar. Além dos riscos de contaminação pela Covid-19, o morador do Caruara, Área Continental de Santos, também enfrenta atrasos no emprego devido a demora dos coletivos.
Samuel utiliza diariamente a linha intermunicipal 961, que vai do Caruara até a Riviera de São Lourenço, em Bertioga. O jovem afirma que os coletivos demoram até uma hora para chegar. Ocasionalmente, também viaja na linha 930, que vai de Bertioga a Guarujá, e encontra situação semelhante.
"Enfrento todos os dias essa mesma situação. È um descaso total. Já perdi entes queridos. Tenho uma avó de 80 anos em casa. Tenho medo de pegar a Covid-19 e transmitir para ela", desabafa.
Além dos riscos de contaminação pela Covid-19, Samuel também alerta para a possibilidade de acidentes fatais nas rodovias, já que os coletivos não possuem cinto de segurança.
"Sempre esses ônibus estão lotados. Ainda mais quando chove, que precisa fechar todas as janelas, e os ônibus não têm ar-condicionado. Todo mundo trancado em um mesmo ambiente e sem cinto de segurança. É um perigo, não só pela Covid-19. Acaba complicando pra todos. Está tendo mais de uma hora de atraso. Todos os dias chego atrasado no trabalho porque não está tendo ônibus, e quando tem, vêm todos lotados", afirma Samuel.
Resposta
Em nota, a EMTU disse que a Secretaria dos Transportes Metropolitanos está com "Operação Monitorada" desde o início da pandemia e que atua com avaliação sistemática a cada faixa de horário para atender a necessidade do cidadão.
"A operação intermunicipal é avaliada, sobretudo em horários de pico, e quando constatada a necessidade, mais veículos ou ajustes nos intervalos de partida são realizados para melhorar a distribuição de passageiros. Desde abril de 2020, a linha 930 foi reprogramada oito vezes com mais viagens acrescentadas à sua tabela horária. No caso da linha 961, foram seis reprogramações com acréscimo de viagens", diz a empresa.
Ainda segundo a nota, para evitar a concentração de passageiros nos horários de pico (5h30 às 7h30 e de 17h30 às 19h30), o secretário Alexandre Baldy defende o "escalonamento da abertura e fechamento das atividades essenciais que sejam permitidas funcionarem".