Monitoramento de áreas de risco será mais preciso na Baixada Santista

Defesa Civil do Estado usará novo programa para identificar locais e antecipar alertas na região

Por: Júnior Batista  -  21/11/22  -  22:00
Atualizado em 22/11/22 - 13:53
Diretor da Defesa Civil explica que os alertas que a corporação emite por mensagens a celulares cadastrados serão enviados com mais antecedência
Diretor da Defesa Civil explica que os alertas que a corporação emite por mensagens a celulares cadastrados serão enviados com mais antecedência   Foto: Matheus Tagé/AT

A Defesa Civil do Estado utilizará um novo programa de computador, a partir deste verão, para saber com mais precisão os locais sob maior risco de deslizamentos e desabamentos.


Clique, assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe centenas de benefícios!


O capitão da Polícia Militar e diretor da Divisão de Preparação do órgão, Vagner Martins, afirma que isso permitirá, por exemplo, que os alertas que a Defesa Civil emite por mensagens a celulares cadastrados sejam enviados com mais antecedência para moradores de áreas de risco, inclusive na Baixada Santista.


“Estamos tentando deixar o alerta mais preciso. Vai chover? Mas, exatamente, onde? Precisamos que esse alerta seja muito mais pontual, e o software vai permitir isso”, diz.


No mês passado, o órgão começou a fazer oficinas preparatórias para o período de chuvas. Esses encontros de treinamento ocorrem anualmente e fazem parte da capacitação desenvolvida pela Defesa Civil do Estado, por meio da Escola de Defesa Civil, uma plataforma destinada a ensinar e treinar agentes e voluntários.


Foram oito oficinas, encerradas neste mês. Nelas, os agentes municipais receberam treinamento prático para a Operação Chuvas de Verão, que transcorre todos os anos, entre os dias 1º de dezembro e 31 de março.


As equipes volantes da Divisão de Preparação percorrem os municípios aplicando treinamento para os agentes e gestores do Sistema de Proteção e Defesa Civil, para atuação efetiva e sistêmica durante o período de chuvas de verão, com vistas à redução do risco de desastres.


“Na ponta final, nosso último agente é o próprio morador da área de risco, que precisa saber identificar sinais que o coloquem em perigo durante as chuvas, como água barrenta, entre outros indícios de deslizamentos. Esse treinamento serve para os agentes multiplicarem a cultura da percepção de risco”, declara Martins. Neste ano, também serão usados sensores para monitorar a movimentação do solo e, com isso, emitir alertas para a população do local, permitindo que haja a evacuação antes do deslizamento de terra em encostas.


Outra inovação prevista para este ano é a emissão automática dos alertas para todos os celulares que estiverem nas proximidades de um local com elevado risco de desastre. Denominada cell broadcasting (transmissão por celular, em tradução livre), a tecnologia serve para o envio de alertas independentemente de cadastro prévio por parte do usuário.


Serviço


O diretor lembra que o serviço 40199 é uma importante ferramenta para prevenção de desastres. Basta enviar uma mensagem para o número com o CEP para se cadastrar e receber, gratuitamente, os alertas da Defesa Civil.


Com operação 24 horas por dia, o centro dispõe de meteorologista que acompanha as condições climáticas, emite boletins diários e dispara os alertas para a população sempre que observa condições de tempo adversas. Cerca de 2,5 milhões de usuários estão cadastrados no SMS 40199.


Outra ferramenta de orientação à população é o aplicativo AlertaSP, desenvolvido pela Defesa Civil e disponível em todas as lojas virtuais. Por ele, a população tem acesso aos alertas meteorológicos e a dicas sobre prevenção de desastres.


Região tem histórico de tragédias


A Baixada Santista já sofreu muito com chuvas fortes e deslizamentos. Em março de 2020, 45 pessoas morreram após um forte temporal: 34 em Guarujá, oito em Santos e três em São Vicente.


Na época, o volume de chuva em 72 horas superou a média para o mês de março. Foram 300 milímetros (mm) em Guarujá, 222 mm em Santos e 187 mm em São Vicente. Mais de 200 pessoas ficaram desabrigadas.


As mortes ocorreram na Vila Valença, em São Vicente, nos morros do Tetéu e Pacheco, em Santos, e no Morro do Macaco Molhado e na Barreira do João Guarda, em Guarujá.


Em 1928, uma chuva intensa fez o Monte Serrat,em Santos, desbarrancar sobre a então sede da Santa Casa, no Centro da Cidade. A tragédia deixou ao menos 81 mortos, mas o número exato nunca foi apurado.


As áreas ocupadas, cuja situação é de extrema precariedade, têm grande parcela em algumas cidades da região. Segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 33% da população de Guarujá vivem em aglomerados subnormais — ou seja, em favelas —, mas não necessariamente todos em áreas de risco.


Em São Vicente, esse índice é de 26% e, em Santos, de 9%.


Logo A Tribuna
Newsletter