A possibilidade de autotestagem para a covid-19 no Brasil é bem-vista por infectologistas, como forma de reduzir a demanda por exames em unidades de saúde. Médicos, porém, temem que haja alto índice de resultados falsos negativos e o risco de não serem informados às autoridades — o que pode causar subnotificação.
O diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Leonardo Weissmann, acredita que a autotestagem pode acelerar o diagnóstico da covid-19, pois se trata de exames eficazes. Mas ele ressalta a necessidade de orientações para os usuários.
“Se isso não acontecer, poderemos ter inúmeros resultados falsos negativos, ou seja, pessoas com a infecção, mas com resultados negativos por erro na coleta ou na execução do exame”, alerta Weissmann.
A subnotificação também preocupa especialistas. A infectologista Elisabeth Dotti alerta que a falta de comunicação dos resultados pode agravar a crise sanitária, pois “alguém (pode) esconder que está positivo e sair infectando outras pessoas”. Outro possível problema: “O (resultado) negativo abre um leque. Ele (o paciente que fez autoteste) pode ser um transmissor achando que não tem nada”.
O infectologista Ricardo Hayden reitera que é necessário haver campanhas de orientação sobre os autotestes por parte dos governos Federal, Estadual e das prefeituras.
“O autoteste pode ajudar se acompanhado de uma campanha maciça, feita pelos governos, estimulando, explicando e disponibilizando os testes. Isso não pode ser colocado à disposição sem ter uma estratégia”, ressalta Hayden.
Estudos
Em nota para A Tribuna, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirma que recebeu, na sexta-feira, uma nota técnica do Ministério da Saúde com pedido de avaliação do uso de autotestes para a covid-19.
A agência afirma que o documento está com a Gerência-Geral de Tecnologia de Produtos para Saúde (GGTPS), onde a análise prossegue.
A Nota Técnica 3/2022, enviada pelo ministério, aponta que a procura pelo diagnóstico da covid-19 tem aumentado de forma exponencial, com grande demanda por testes rápidos na rede de saúde.