Linhas de pipa em praias do litoral de SP matam aves e se tornam perigo para outros animais

Pelo menos quatro fragatas foram encontradas mortas nas praias da região desde o fim de dezembro

Por: Daniel Gois  -  12/01/23  -  22:28
Quatro fragatas foram mortas após interagirem com linhas de pipas em praias do litoral de SP
Quatro fragatas foram mortas após interagirem com linhas de pipas em praias do litoral de SP   Foto: Divulgação/Instituto Biopesca

Depois de plástico e acessórios ligados à pesca, as pipas se tornaram outro perigo para animais marinhos nas praias do litoral de São Paulo. Os maiores prejudicados são as aves, que podem ter as asas cortadas e morrerem ao se enroscarem nas linhas. Outras espécies também podem ser afetadas.


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Desde o dia 30 de dezembro, quatro fragatas (Fregata magnificiens), sendo dois machos e duas fêmeas, foram encontradas mortas devido à interação com linhas de pipa. Dois animais foram localizados em praias de Itanhaém, um em Praia Grande e outro em Peruíbe. Eles foram recolhidas pelo Instituto Biopesca, que monitora as praias nos quatro municípios.


A médica veterinária do Biopesca, Vanessa Ribeiro, alerta que as linhas de pipa, sejam com cerol ou a do tipo chilena, provocam o corte das asas dessas aves, que mesmo passando por reabilitação, não conseguem mais voar e acabam morrendo.


"A linha de pipa com cerol faz um corte profundo na asa do animal. Corta pele, tendões, toda inervação, vasos sanguíneos. O animal acaba sangrando bastante e não consegue mais voar. Se ele tiver acima da água, acaba caindo e pode se afogar", alerta Vanessa.


A preocupação com esse tipo de caso aumenta na temporada de verão, devido às férias escolares, praias lotadas e, consequentemente, mais pessoas empinando pipas no entorno.


Ao se enroscar com linha de pipa, ave teve lesão na asa
Ao se enroscar com linha de pipa, ave teve lesão na asa   Foto: Divulgação/Instituto Biopesca

Outros animais

Além das fragatas, Vanessa cita o caso de uma tartaruga marinha (Chelonia mydas) resgatada pelo instituto, que expeliu uma rabiola de pipa. Após a reabilitação, o animal sobreviveu.


"Ela (tartaruga) acabou expelindo quando estava em tratamento de reabilitação. Os animais que ingerem esses materiais, como as rabiolas e até mesmo a madeira que compõe as pipas, podem ter esse problema associado a sua morte", comenta.


A veterinária alerta que não só as aves marinhas, mas também as silvestres, assim como qualquer animal que faça ingestão desses fragmentos, podem ser afetados pelas pipas.


Acionamento

Caso um animal marinho debilitado ou morto seja encontrado na praia, é possível acionar o Instituto Biopesca pelos telefones 0800 642 3341 ou (13) 99601-2570.


Se o encalhe ocorrer nas cidades de Santos, São Vicente, Guarujá ou Bertioga, deve-se acionar o Instituto Gremar, através do WhatsApp (13) 99711-4120.


Em relação aos cuidados nessas situações, Vanessa destaca que é importante "manter o animal distante das pessoas e do barulho, jamais tentar colocar os animais de volta na água, tentar improvisar uma sombra na maioria dos animais, fazer silêncio e ficar distante, porque os animais podem se defender".


Tartaruga expeliu rabiola de pipa durante reabilitação
Tartaruga expeliu rabiola de pipa durante reabilitação   Foto: Divulgação/Instituto Biopesca

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