Jornal A Tribuna: quarenta e cinco mil dias de fatos e história

Este é o número de edições desde sua fundação, em 26 de março de 1894

Por: Ted Sartori  -  01/06/23  -  07:22
Atualizado em 01/06/23 - 10:33
Reprodução da primeira página da Tribuna do Povo, denominação que durou até 1899: em 19 de dezembro daquele ano, o fundador, Olímpio Lima — que perdeu o título original e não o recuperou na Justiça —, criou A Tribuna, seguindo a numeração do antigo jornal, e ao lado a capa mais recente, a desta quinta, edição nº 45.000.
Reprodução da primeira página da Tribuna do Povo, denominação que durou até 1899: em 19 de dezembro daquele ano, o fundador, Olímpio Lima — que perdeu o título original e não o recuperou na Justiça —, criou A Tribuna, seguindo a numeração do antigo jornal, e ao lado a capa mais recente, a desta quinta, edição nº 45.000.   Foto: Reprodução

A capa de um jornal é o cartão de visitas para um mundo que se descortina nas páginas. Tanto nas bancas quanto na internet, a intenção é atrair cada vez mais as atenções dos leitores, unindo imagens, criatividade e informação. (veja várias capas mais abaixo)


Ao longo de 45 mil edições, completadas nesta quinta-feira (1º), A Tribuna tem nas suas capas uma grande aliada de um conteúdo rico e que se torna história desde 26 de março de 1894, quando foi fundada, ainda como Tribuna do Povo.


“É incrível pensar que chegamos à edição 45 mil. É muito mais do que uma vida inteira de uma pessoa. A Tribuna está aí há três, quatro gerações, registrando a história da Baixada Santista. É uma honra fazer parte de A Tribuna, que completará 130 anos de circulação no ano que vem. A população da nossa região pode se orgulhar de ter um dos mais tradicionais jornais do País à disposição, com conteúdo de qualidade, credibilidade e isenção. Apenas um jornal sério consegue chegar a essa marca. Temos muito orgulho disso”, afirma o diretor de Conteúdo do Grupo Tribuna, Alexandre Lopes.


Evolução
Nos primeiros tempos, mais sisudos e de tecnologia limitada, a presença de fotos e ilustrações era rara nas capas de qualquer jornal — quando havia, os tamanhos não eram expressivos.


“Como os jornais eram, basicamente, formados por texto, era comum as capas serem compostas de blocos textuais dispostos de forma um tanto aleatória, até meio confusa, de seguir a leitura”, descreve o chefe da Diagramação de A Tribuna, Luiz Sérgio Moura.


Com o passar das décadas, a situação foi mudando, a ponto de boas imagens virarem prioridade na capa. “Poucas, mas boas fotografias ou ilustrações, em dimensões que ganhem destaque e valorizem não apenas a imagem, mas o próprio layout da página”, comenta Moura.


Nas edições iniciais, a capa era tratada como mais uma página do periódico, com textos que não estariam nas páginas internas. “Surgia o tão conhecido jargão jornalístico matéria de capa, pois era a reportagem que seria publicada somente na primeira página do jornal”, afirma o chefe da Diagramação de A Tribuna.


Evolução e Destaques
O estilo foi mudando, e as capas de A Tribuna ganham cada vez mais projeção, tanto nacional quanto internacional, seguindo o modernismo do design diferenciado, com estilo monotemático e, por vezes, conceitual.


“Quando assumi como editor-chefe do jornal, trouxe muito do digital, que aprendi no g1, para aplicarmos. A capa precisa ser menos presa, um lugar onde nossos profissionais tenham liberdade criativa para surpreender. E temos conseguido fazer isso com muita frequência. Temos uma equipe excelente, que pensa cada detalhe da primeira página, e isso tem refletido nas vendas. Quando conseguimos atingir um nível de excelência em uma capa, rapidamente ela se esgota nas bancas. E temos feito isso com frequência”, explica Alexandre Lopes.


Dois exemplos impressionaram os leitores nos últimos meses, causando elevada repercussão. Ainda mais porque tratavam de mortes de personalidades do esporte e da música: Pelé e Rita Lee, respectivamente. Nas duas ocasiões, Luiz Sérgio Moura participou muito de perto.


“A primeira página do dia seguinte à morte de Pelé (que ocorreu em 29 de dezembro passado) foi toda preta, somente com a assinatura do Rei do Futebol em dourado e, no rodapé, as datas de nascimento e morte dele, com o logotipo do jornal sendo impresso pela primeira vez em branco”, descreve.


O editor-executivo de A Tribuna, Bruno Rios, lembra a repercussão da edição em homenagem ao Rei do Futebol. “Recebemos encomendas desse exemplar de diversas regiões do Brasil e do exterior. Tanto que precisamos fazer novas tiragens. Em janeiro, por exemplo, diversos leitores passavam férias no Litoral Paulista e nos ligavam querendo levar o jornal como recordação para casa. No Jornal Nacional, esta edição de A Tribuna foi definida como relíquia por uma leitora”.


No caso de Rita Lee, uma longa cabeleira vermelha, característica marcante da cantora, foi aplicada na página, de 10 de maio deste ano, e ainda houve interação com outros assuntos da edição, usando-se nomes ou trechos das músicas dela para a confecção de títulos.


“Temos uma equipe de ponta. Profissionais de primeira linha, sempre atentos ao que é notícia e, principalmente, à construção do jornal como produto. Tentamos entregar aos leitores um conteúdo de qualidade, de fácil compreensão e com diferenciais que não podem ser encontrados em outras plataformas. Não é uma tarefa simples fazer jornal impresso hoje em dia. Mas nos dedicamos e nos reinventamos a todo momento para surpreender os leitores”, salienta o diretor de Conteúdo do Grupo Tribuna.


As capas
Em 129 anos e 45 mil edições de A Tribuna, sobram capas históricas. Com a ajuda de Sergio Willians, jornalista, pesquisador e autor da coluna quinzenal Era uma Vez... Santos, publicadas aos domingos em A Tribuna, e de colegas da Redação, foram escolhidas dez capas representativas. Em algumas, o aspecto histórico. Em outras, o gráfico. Nas restantes, os dois.


  Foto: Divulgação

7 de setembro de 1922
Naquele dia, comemorativo ao Centenário da Independência, A Tribuna estampou na página inteira uma imagem ilustrativa, feita em bico de pena, de José Bonifácio de Andrada e Silva, o santista que engendrou o processo libertário do país. Abaixo do desenho, foi incluída a frase Patriam Libertatem Docui (à Pátria ensinamos a liberdade, em latim), inspirada no Brasão de Armas de Santos, complementado pela palavra charitatem (caridade).


  Foto: Divulgação

26 de janeiro de 1939
Edição que celebrou o centenário da elevação de Santos à categoria de Cidade. Foi uma capa artística, feita em bico de pena, na qual uma família está diante de um monumento onde se vê um mapa do Litoral, com destaque para Santos. Elementos como o Porto e o novo Paço Municipal também são contemplados.


  Foto: Divulgação

8 de maio de 1945
A capa anunciou a vitória dos aliados na Segunda Guerra Mundial. Como manchete, uma grande ilustração, mostrando a Liberdade (mulher alada) vestindo uma armadura, acima das bandeiras das nações que venceram o nazismo e o fascismo na Europa (entre elas, as de Brasil, Estados Unidos, Inglaterra e União Soviética).


  Foto: Divulgação

14 de março de 1969
Apesar da diagramação padrão, sem apelo artístico, a capa daquela sexta-feira causou revolta em Santos, com a cassação do prefeito eleito Esmeraldo Tarquínio. Por causa da censura vigente, A Tribuna não pôde manifestar, de forma mais expressiva, o impacto daquela notícia, que ficou restrita a uma abordagem cotidiana.


  Foto: Divulgação

26 de fevereiro de 1984
Provavelmente, a manchete mais trágica e forte já produzida pelo jornal, sobre o incêndio que devorou a Vila Socó, em Cubatão. Oficialmente, houve 93 mortes. Fotos chocantes, de corpos carbonizados e chamas intensas, chamaram a atenção de toda a Baixada Santista naquele dia, marcada pelo luto e pela consternação.


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