O Governo Estadual fará uma consulta formal ao Ministério da Saúde sobre a possibilidade de utilizar, de forma imediata, todas as doses das vacinas encaminhadas ao Estado, sem reserva para a aplicação da segunda dose. O governador João Doria (PSDB) declarou nesta quarta-feira (27), em entrevista coletiva, que a questão seria apresentada ainda ontem. A ideia é que essa estratégia aumente o número de imunizados nesta primeira etapa, enquanto se espera a chegada de mais doses.
De acordo com o Jornal Nacional, o Ministério da Saúde informou que se manifestará dentro do prazo oficial do contrato Instituto Butantan — que vai até 30 de maio.
Tanto o Centro de Contingência da Covid-19 do Estado quanto o Instituto Butantan — responsável, ao lado da farmacêutica Sinovac, pela CoronaVac —, recomendam o uso imediato. Segundo Paulo Menezes, coordenador do centro, evidências e estudos apontam que a medida é possível.
Um deles, o conhecimento prévio de vacinas semelhantes à CoronaVac que utilizam espaçamento maior entre a primeira e a segunda doses do que o utilizado nos estudos para o desenvolvimento desses imunizantes.
“E o que foi utilizado foi feito em função da necessidade de uma resposta rápida (para os estudos) e não em relação aos aspectos de eficácia da vacina. Há aspectos na fase 2, e que serão complementados na fase 3, que mostram que isso é possível”, disse o coordenador.
O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, revela que os estudos da CoronaVac mostram que o prazo de aplicação da segunda dose é de 14 a 28 dias, mas pode ser estendido por até mais 15 dias. Porém, ele pontua que, no Brasil, a principal discussão está na necessidade de reserva da segunda dose.
Covas explica que todos os estados que receberam doses tiveram autorização, no Plano Nacional de Imunização (PNI), de aplicar a metade das doses recebidas e reservar a outra metade para a segunda aplicação.
“A discussão é usar esse quantitativo todo para a primeira dose e não reservar porque isso, inclusive, pode não ser eticamente justificável. Porque, se temos vacinas na prateleira, do outro lado temos pessoas morrendo por conta da doença. Isso é o que é lógico, eticamente responsável e que temos condições de atender.”