Especialistas da Baixada Santista citam desafios do Ministério da Educação no ensino superior

Representantes de universidades da região revelam preocupações e esperam avanços com o novo ministro Camilo Santana

Por: Arminda Augusto  -  01/01/23  -  12:20
Instituições veem menos jovens de 18 a 24 anos que chegam à faculdade. Há dois anos, eram 21,9%. No atual estágio da pandemia, 19,7%
Instituições veem menos jovens de 18 a 24 anos que chegam à faculdade. Há dois anos, eram 21,9%. No atual estágio da pandemia, 19,7%   Foto: Fernanda Luz

Ampliar os mecanismos de acesso ao Ensino Superior, manter diálogo permanente com as instituições de ensino, estabelecer critérios de abertura e acompanhamento rigorosos para os cursos de ensino a distância (EaD). Além disso, estabelecer uma política pública de fortalecimento da educação básica, com valorização da carreira docente para evitar o apagão de professores.


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Essas são algumas das demandas de representantes do Ensino Superior para o novo ministro da Educação, Camilo Santana, que foi governador do Ceará por dois mandatos e assume a pasta a convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Camilo levará como secretária-executiva Izolda Cela, que comandava o estado até ontem. Ambos foram responsáveis por colocar o Ceará como um dos mais eficientes na política educacional do País.


Para Priscilla Bonini, diretora do campus Guarujá da Unaerp, é importante o Ministério da Educação compreender o Ensino Superior como um todo, independentemente de ser público, privado, comunitário ou sem fins lucrativos. “A educação superior é parte de um processo educacional que começa na infância. Não pode ser dissociado, como algo estanque”, diz.


Priscilla entende que os mecanismos de acesso à educação superior privada, como Fies e Prouni, são eficientes, mas precisam ser rediscutidos. “Os recursos são suficientes? Estão beneficiando os jovens que realmente precisam deles?”


Dados preocupam
Lúcia Teixeira, presidente da Unisanta e do Semesp, entidade que representa mantenedoras de Ensino Superior do Brasil, reforça a preocupação do setor com as pautas para o novo Governo. A entidade participou de conversas com a equipe de transição e levou itens que considera importantes.


Entre as preocupações, está a queda no número de jovens entre 18 e 24 anos ingressantes no Ensino Superior. Há dois anos, esse índice era de 21,9%. No atual estágio da pandemia, caiu para 19,7%. “Esses jovens estão deixando de continuar os estudos porque precisam trabalhar. Acabam não se qualificando para vagas melhores no mercado de trabalho”, diz.


Pelo Plano Nacional de Educação (PNE), lançado em 2019, uma das metas a serem alcançadas até 2024 era ter ao menos 33% dos jovens dessa faixa etária cursando o Ensino Superior. “Estamos muito longe disso, e reduzindo ainda mais depois da pandemia”, afirma Lúcia.


Outros dados
Atualmente, as escolas privadas detêm 77% das matrículas no Ensino Superior, 84% da pós-graduação e 31% dos cursos de mestrado e doutorado.


Uma das preocupação do Semesp é com a abertura dos cursos EaD, principalmente após a pandemia. Priscilla Bonini reforça esse ponto. “Cursos a distância são uma boa ferramenta, principalmente para chegar a lugares do Brasil onde os presenciais não teriam condição. Mas é preciso avaliar a qualidade e se o aluno está, de fato, aprendendo. Uma coisa é assistir a aula ao vivo, mas de forma virtual, podendo tirar dúvidas e interagir. Outra coisa é baixar a aula, fazer as atividades e ter dificuldade de acesso aos professores para esclarecer pontos que não foram apreendidos”.


Apagão
Nos trabalhos do Semesp com a equipe de transição, outro ponto de destaque foi a formação de professores, tendo em vista a escassez de cursos de licenciatura. Dados do Instituto Semesp, com base no número de concluintes nos cursos de licenciatura e na demanda que surge anualmente por professores, indicam que o déficit de docentes na Educação Básica pode chegar a 235 mil em 2040.


“É preciso criar uma política de valorização da carreira docente, para que os jovens se interessem por ela. Os professores são a nossa força. Começamos um novo ano com esperança. Continuaremos a contribuir para que o novo MEC assegure a formação do capital humano fundamental para o desenvolvimento do País”, diz Lúcia, que estará na posse do novo ministro da Educação, em Brasília.


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